Review | Turma da Mônica – A Série

Review | Turma da Mônica – A Série

Turma da Mônica – A Série, criada por Mariana Zatz, dá continuidade à história dos personagens de Mauricio de Sousa adaptada para os cinemas em Laços e Lições. O principal desafio do seriado é caminhar por conta própria, isto é, sem ter uma hq como base da trama. Outro ponto é a idade do elenco, pois os atores já estão na pré-adolescência. Felizmente essas duas questões são resolvidas muito bem e o programa televisivo surpreende principalmente no seu formato narrativo.

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos narrados na primeira temporada de Turma da Mônica – A Série.

A Turma da Mônica está em um “limbo” de idade em que não são mais crianças e ainda não são adolescentes, um período da vida que inclusive nunca foi explorado nas hqs. Isso fica claro nos minutos iniciais do primeiro episódio onde vemos Mônica e Magali indo brincar no parquinho e sendo confrontadas por outras crianças que dizem que elas são velhas demais para estar ali. Em seguida encontramos Cebolinha e Cascão na quadra sendo impedidos de jogar por Titi e Jeremias, da “turma do bermudão”, por serem jovens demais. Então o que eles farão para aproveitar as férias?

Surge então a ideia de criar um clube quando a turma encontra uma casa, o problema é que o local precisa de uma reforma. Contudo, tudo muda de figura com a chegada de Carminha Frufru. A novata no bairro do Limoeiro chega “causando” com sua Limusine e surge uma animosidade entre ela e Mônica, abalando a amizade da Turma. A jovem Frufru decide fazer uma festa na sua residência e é a partir desse evento que surge o grande conflito da série.

A grande sacada de Turma da Mônica – A Série foi criar um “crime”, ou melhor, um acontecimento que merece ser investigado e com isso colocar os personagens em xeque. Existe um pequeno “palco” na festa, então a anfitriã Carminha chama Mônica para subir nele e propõe que elas façam as pazes, mas aí um balde derruba lama na jovem Frufru. Quem teria feito isso? Denise assume a “investigação” e a primeira suspeita é obviamente a própria Mônica.

Dessa forma, o nome do primeiro episódio se chama Mônica e acompanhamos os fatos até a chegada na festa do ponto de vista dela. E os seguintes seguem o mesmo formato, com o nome de cada novo suspeito que surge e vemos o que ele tem a dizer.

Esse formato, apesar de não ser inovador, é algo que não se esperaria de um programa televisivo da Turma da Mônica. O diretor Daniel Rezende assume a direção de todos os episódios e segue o mesmo primor técnico que mostrou nos longas-metragens. A diferença é que na série a história tem uma geografia menor, focando mais na própria residência Frufru, no clube inicial da turma e algumas outras poucas locações, o que dá um tom mais “minimalista”, que era algo de se esperar por conta de ser um programa feito para streaming.

O formato de investigação lembra as obras de Agatha Christie e suas respectivas adaptações para o cinema, como o recente “Morte no Nilo”, e em Turma da Mônica – A Série é a personagem Denise que assume o papel de Hercule Poirot. Assim como nos longas-metragens, temos diversas referências pop ao universo dos personagens de Mauricio de Sousa, mas o que surpreende são as alusões a filmes de terror. O balde de lama é uma bela homenagem à “Carrie – A Estranha”, mas temos outras também bem interessantes, que inclusive o diretor Daniel Rezende fez questão de mostrar em seu perfil no Instagram.

Outro detalhe importante é o som, tanto os efeitos sonoros quanto a trilha sonora original. O som de quando Carminha pisca os olhos, para demonstrar seu “charme”, é bem interessante por remeter às onomatopeias dos quadrinhos. Já a trilha ajuda a criar o clima de mistério em torno da investigação e da mesma forma o tom emotivo, especialmente no final, recorrendo ao mesmo tema usado nos filmes.

O roteiro é bem inteligente e explora bem as nuances de cada personagem, além de examinar os conflitos entre eles, analisando questões referentes principalmente à adolescência, como amadurecimento, e especialmente da importância da amizade. O bullying também tem um papel essencial na narrativa, ao mostrar a clássica questão de Cascão e seu medo de água, e da mesma forma vemos a cobrança em cima de Carminha ao ser cobrada da mãe em se mostrar perfeita.

O elenco também está muito bem, mais uma vez, mostrando talento e química entre si, além dos quatro principais terem a oportunidade de explorar ainda mais seus respectivos personagens. Entre os adultos vale mencionar as participações especiais de Mariana Ximenes, como a mãe de Carminha, e também de Fernando Caruso, como tio de Cascão (e quem conhece bem os quadrinhos da Turma da Mônica não vai se surpreender tanto com a “reviravolta” do último episódio).

Em síntese, Turma da Mônica – A Série mantém o padrão de qualidade vista nos filmes e vai além ao surpreender com o formato dos episódios. Dessa forma o seriado supera muito bem os desafios de dar continuidade do que foi visto no cinema e caminha bem sem ter uma hq como fonte de inspiração.



Turma da Mônica – A Série

Criado por: Mariana Zatz
Direção Geral: Daniel Rezende
Emissora: Globoplay
Elenco: Giulia Benite, Laura Rauseo, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira, Emilly Nayara, Luiza Gattai, Becca Guerra, Pedro Motta, Laís Villela, Vinícius Higo, Rodrigo Kenji, Cauã Martins, Pedro Souza, Lucas Infante, Álvaro Assad, Mariana Ximenes, Fernando Caruso, Caito Mainier e Leandro Ramos
Ano: 2022

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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