Crítica | O Reformatório Nickel (Nickel Boys)

Crítica | O Reformatório Nickel (Nickel Boys)

O filme “O Reformatório Nickel” adapta o livro de Colson Whitehead e o roteiro, escrito pelo diretor RaMell Ross junto com Joslyn Barnes, apresenta a narrativa em primeira pessoa. Dessa forma, acompanhamos o ponto de vista subjetivo do protagonista. Isso proporciona uma maior imersão dentro da história, mas por outro lado restringe a trama em alguns aspectos.

Mesmo com um alto desafio, o diretor de fotografia Jomo Fray é bem sucedido e assim acompanhar o desenrolar da narrativa de “O Reformatório Nickel” é uma experiência diferente do que normalmente vemos no cinema. O ponto de vista de Elwood, interpretado por Ethan Cole Sharp, é curioso, pois quase nunca vemos sua fisionomia, apenas ouvimos sua voz e seguimos as suas ações.

Na história o jovem Elwood tinha um futuro pela frente quando após estar no lugar errado na hora errada é condenado para cumprir pena no reformatório Nickel. O fato dele ser negro faz com que sua situação se complique. Mesmo com bom advogado ele não consegue provar sua inocência. Assim, acompanhamos seu drama dentro do local, onde ele conhece outros jovens em situação parecida. Um deles é Turner (Brandon Wilson), que em determinados momentos assume o ponto de vista da narrativa e enxergamos o seu lado.

A montagem de Nicholas Monsour usa essas mudanças de ponto de vista para deixar a trama mais complexa, incluindo também alguns saltos temporais. Fica o mistério para o espectador saber de quem é aquele futuro: Elwood ou Turner? Esse recurso deixa “O Reformatório Nickel” com um tom mais experimental e filosófico, mas pouco acrescenta à profundidade da história.

Além disso, os 140 minutos de duração fazem com que o ritmo da narrativa seja lento e contemplativo, só que sem trazer um desenvolvimento mais detalhado e interessante para a história. O já citado tom experimental não ajuda nesse sentido. Isso é ressaltado pela trilha de Alex Somers e Scott Alario, que utiliza temas misturando sons ambiente com música eletrônica que deixam a trama mais contemplativa, mas não mais interessante.

Dessa forma, apesar de “O Reformatório Nickel” mostrar que é possível apresentar formas diferentes de se contar uma história no cinema com uma trama intrigante, o tom experimental imposto pela montagem e pela trilha não ajudam na experiência. O filme de RaMell Ross vale mais pela forma do que pelo conteúdo.


Uma frase: – Hattie [para Elwood]: “Eu te decepcionei.”

Uma cena: Quando Elwood recebe a visita da sua avó Hattie.

Uma curiosidade: Hamish Linklater assinou o projeto porque The Nickel Boys é um dos seus livros favoritos.


O Reformatório Nickel (Nickel Boys)

Direção: RaMell Ross
Roteiro: RaMell Ross e Joslyn Barnes
Elenco: Ethan Herisse, Brandon Wilson, Hamish Linklater, Fred Hechinger, Daveed Diggs, Jimmie Fails e Aunjanue Ellis-Taylor
Gênero: Drama
Ano: 2024
Duração: 140 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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