Crítica | Turma da Mônica – Laços
Finalmente a Turma do Mônica ganhou um filme em live-action. E a escolha da adaptação da graphic MSP Laços foi excelente, já que a obra dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi é um excelente material para o cinema por ter uma história linda sobre a essência dos personagens de Maurício de Sousa, além de ter uma ótima trama.
O diretor Daniel Rezende (de Bingo: O Rei das Manhãs) fez um trabalho excelente com Turma da Mônica – Laços. Primeiro ele adaptou muito bem a história da HQ, transpondo para o cinema os quadrinhos de forma fiel e respeitosa. Contudo, foi necessário acrescentar elementos para que a trama tivesse corpo de um filme. Além disso, também era importante ter as características originais do universo criado por Maurício de Sousa.
Ou seja, o filme tinha que funcionar tanto para quem leu a revista que deu origem, para quem conhece apenas as revistinhas e também para quem nunca ouviu falar dos personagens. E claro, tinha que dialogar com as crianças, que é o público alvo, sem deixar o restante de outras faixas etárias de lado. Um trabalho complicado que Rezende desempenhou com maestria.
O primeiro elemento para que Turma da Mônica – Laços funcionasse era a escolha das crianças e isso foi feito de maneira impressionante. É incrível como Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira dão vida a respectivamente Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão de forma incrível. O carisma e a química entre eles é maravilhosa. Eles entregam atuações muito talentosas e constroem seus personagens de maneira natural e verossímil.
O restante do elenco também é muito bom, mas sem dúvidas o principal destaque é Rodrigo Santoro como o Louco. O personagem nem aparece na hq, mas sua presença no filme é fundamental e um dos pontos altos da narrativa. É também fascinante como Santoro se transformou para o papel. É preciso citar também a participação especial do próprio Maurício de Sousa no maior estilo Stan Lee nos filmes da Marvel, afinal de contas ele é o nosso Stan.
A trama de Turma da Mônica – Laços é bem simples. Floquinho, o cachorro do Cebolinha, é raptado pelo homem do saco, então a turminha vai em busca do animal de estimação. Mas a partir dessa simplicidade o roteiro explora a amizade dos personagens, ou melhor, os laços entre eles. E o simbolismo do laço vermelho usado pela Mônica para marcar o caminho dentro da floresta é muito forte.
Tecnicamente o filme também impressiona, com uma fotografia fantástica que usa bem as cores, nos cenários – como a casa verde do Cebolinha -, mas principalmente no figurino dos personagens. Cada um da turma tem sua cor e sua roupa característica nos quadrinhos e o trabalho dos figurinistas em transpor isso para o mundo real ficou maravilhoso.
A cena logo no início onde a Mônica corre atrás do Cebolinha e do Cascão, por exemplo, mostra a qualidade do diretor em captar o momento onde a câmera corre ao lado dos personagens, quase como se estivéssemos correndo junto com eles. A montagem também mantém o ritmo da narrativa sempre de forma dinâmica, sem em nenhum momento parecer arrastada, e se destaca principalmente na cena dentro da casa do homem do saco, onde cada personagem precisa usar sua “habilidade” para conseguir alcançar um objetivo. Dessa forma o filme troca do ponto de vista de cada um de forma com que o espectador não se sinta perdido dentro das ações que estão ocorrendo na tela.
Contudo, é no aspecto emocional que o filme ganha o espectador com facilidade. Afinal de contas a Turma da Mônica faz parte da cultura pop brasileira e fez parte da infância de muitas gerações nos últimos 50 anos. Então só de ver os personagens na tela em versão carne e osso já é motivo para se emocionar. Mas a história simples consegue captar brilhantemente a essência dos quadrinhos e vai ser difícil segurar a emoção. O filme também apresenta diversas referências ao universo criado por Maurício de Sousa que irá fazer a alegria dos fãs.
Turma da Mônica – Laços é o filme que os fãs do universo de Maurício de Sousa precisavam. Mas é uma obra que não se apega apenas ao sentimento de nostalgia. Daniel Rezende conseguiu de forma magistral manter a essência tanto da hq dos irmãos Cafaggi como das próprias revistinhas de Maurício. Além disso, o diretor apresenta um longa de alta qualidade técnica e que também tem um elenco incrível.
Uma frase: – Cebolinha: “Eu tenho um plano!”
Uma cena: A cena entre o Louco e Cebolinha.
Uma curiosidade: O filme é dirigido por Daniel Rezende, indicado ao Oscar de melhor montagem por seu trabalho em Cidade de Deus.
Turma da Mônica – Laços
Direção: Daniel Rezende
Roteiro: Thiago Dottori
Elenco: Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo, Gabriel Moreira, Rodrigo Santoro, Monica Iozzi, Luiz Pacini, Paulo Vilhena e Fafá Rennó
Gênero: Aventura, Comédia, Família
Ano: 2019
Duração: 97 minutos
Infelizmente, ainda não consegui assistir, mesmo com as excelentes críticas. Espero assistir em breve.