Review | Scott Pilgrim: A Série

Review | Scott Pilgrim: A Série

A notícia de que Scott Pilgrim seria adaptada novamente, dessa vez em animação pela Netflix, foi uma grande surpresa. Para melhorar, o elenco do filme de 2010 daria voz aos mesmos personagens que interpretaram no longa-metragem de Edgar Wright, envolvido apenas como produtor executivo. Completando o time o próprio criador do personagem, Bryan Lee O’Malley, se envolveu diretamente na série e foi roteirista dos episódios de “Scott Pilgrim: A Série” junto com BenDavid Grabinski.

A produção ficou por conta do estúdio Science Saru, que entre outras animações foi responsável por Star Wars: Visions – que também tem uma pegada de anime. E a direção ficou por conta de Abel Góngora, que definiu o visual de “Scott Pilgrim: A Série” com algo bem similar ao visto nas hqs de O’Malley.

Outro elemento importante é a trilha sonora composta por Joseph Trapanese e Anamanaguchi. Para quem não lembra, a banda Anamanaguchi foi responsável pela trilha do jogo Scott Pilgrim vs. the World: The Game. Dessa forma, “Scott Pilgrim: A Série” se transforma em uma mistura interessante entre a hq, o filme e o game. A parceria funciona muito bem, fazendo com que a série animada ganhe um tom que mistura bem elementos de videogames com animes de forma coesa e interessante.

A trama inicialmente é a mesma onde Scott Pilgrim (Michael Cera) conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), só que para que eles possam iniciar um relacionamento é necessário que Scott derrote os 7 ex-namorados de Ramona. O primeiro que aparece é Matthew Patel (Satya Bhabha), mas o que aconteceria se…

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos encontrados em Scott Pilgrim: A Série.

… Scott Pilgrim perdesse a luta? Essa se torna a verdadeira premissa de “Scott Pilgrim: A Série”, que surpreende por ser uma mistura de continuação com nova adaptação da hq.

Isso também faz com que a série vire um Scott Pilgrim sem Scott Pilgrim, o que é bom por dar protagonismo a Ramona. A personagem desconfia que algo de errado aconteceu com a morte de Scott e decide investigar o que ocorreu, sendo que os outros personagens seguem com suas vidas sem se preocupar muito com isso.

Dessa forma “Scott Pilgrim: A Série” conta quase a mesma história, só que do ponto de vista de Ramona. Ela consegue mostrar que é muito mais do que uma “arrasadora de corações” e que realmente se importa com Scott. Assim cabe a ela ir atrás dos 7 ex-namorados em busca de informações sobre a morte/sumiço de Pilgrim.

Essa nova jornada apresenta elementos bem divertidos, que brincam com a cultura pop e com metalinguagem. É sensacional ver que o jovem Neil (Johnny Simmons) escreveu um livro sobre Scott, que é adaptado para cinema pelo diretor Edgar Wrong (e não mais Wright). E o melhor: Wallace Wells (Kieran Culkin), um dos melhores personagens, é interpretado por ele mesmo.

É interessante ver o impacto da morte de Scott na banda Sex Bob-omb, pois Knives Chau (Ellen Wong) se junta a Stephen Stills (Mark Webber) e Kim (Alison Pill) formando um grupo bem mais interessante. Isso é algo bem curioso e talvez até impensável, mas que funciona muito bem.

Cada um dos personagens tem algum momento de destaque, menos Stacey Pilgrim (Anna Kendrick), irmã de Scott, que nas hqs e no filme também aparece bem pouco. Em compensação, Julie Powers (Aubrey Plaza) surpreende ao ganhar mais espaço ao lado de Gideon Graves (Jason Schwartzman), que agora é conhecido como Gordon Goose após perder seu império para Matthew Patel. Inclusive Patel também ganha um certo protagonismo, já que na hq e no filme ele é um dos primeiros a “sumir” da história.

Agora sem dúvidas a grande surpresa e um dos maiores trunfos de “Scott Pilgrim: A Série” está na resolução em torno de mistério da morte/sumiço de Scott. O criador Bryan Lee O’Malley comentou em entrevista ao site IGN que as pessoas diziam que Scott Pilgrim era o pior personagem e o grande vilão da história, então se é para considerar isso verdade melhor fazer isso direito. Assim temos viagem no tempo e uma versão mais velha de Pilgrim, dublada por Will Forte, que funciona muito bem ao retratar esse conflito sobre o amadurecimento do personagem e o relacionamento dele com Ramona.

Afinal de contas o objetivo da versão velha de Scott era impedir que ele iniciasse o relacionamento com Flowers, pois isso seria o início de problemas em sua vida. Dessa forma “Scott Pilgrim: A Série” aproveita para brincar com o “felizes para sempre”, comum de histórias de amor, ao imaginar o que aconteceria no relacionamento entre Ramona e Scott no futuro.

Assim “Scott Pilgrim: A Série” se torna muito interessante ao imaginar essa versão alternativa do universo criado por Bryan Lee O’Malley por visualizar o rumo diferente que os personagens tomam no caso de uma pequena mudança na narrativa. Isso dá um novo frescor à história, sem deixar de perder a sua essência. É claro que isso funciona melhor para quem leu as hqs ou viu o filme de 2010, mas também pode funcionar como uma porta de entrada para conhecer essa história tão divertida que mistura de maneira excelente elementos da cultura pop como cinema, música e videogames.



Scott Pilgrim: A Série (Scott Pilgrim Takes Off)

Criado por: Bryan Lee O’Malley e BenDavid Grabinski
Direção: Abel Góngora
Roteiro: Bryan Lee O’Malley e BenDavid Grabinski
Emissora: Netflix
Elenco: Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Satya Bhabha, Kieran Culkin, Chris Evans, Anna Kendrick, Brie Larson, Alison Pill, Aubrey Plaza, Brandon Routh, Jason Schwartzman, Johnny Simmons, Mark Webber, Mae Whitman e Ellen Wong
Ano: 2023

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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