Crítica | Mussum: O Filmis

Crítica | Mussum: O Filmis

Recentemente o documentário “Mussum, Um filme do Cacildis“, da diretora Susanna Lira, fez um ótimo resumo sobre a carreira de Antônio Carlos Bernardes, que ficou conhecido nacionalmente como Mussum. Agora é a vez do artista ganhar uma cinebiografia chamada “Mussum: O Filmis”, onde o diretor Sílvio Guindane investe no lado pessoal, explorando principalmente a relação de Antônio com sua mãe Dona Malvina.

O roteiro de Paulo Cursino é inspirado no livro “Mussum Forévis – Samba, Mé e Trapalhões”, de Juliano Barreto. Ele equilibra bem entre drama e comédia explorando de forma eficaz a vida pessoal do protagonista. Acompanhamos um pouco da sua infância, onde vemos a dedicação de Dona Malvina em cuidar do filho sem ajuda do pai. Na vida adulta o dilema de Antônio Carlos fica entre seguir a carreira segura como militar ou ir em busca da sua grande paixão: o samba. Por último e mais conhecido temos sua transformação em comediante por acidente, então vemos o conflito com seus colegas da banda Os Originais do Samba, representados principalmente na figura de Bigode.

Mussum: O Filmis” acerta ao focar nesse lado pessoal e o elenco é fundamental para que isso funcione. A atuação de Aílton Graça é impressionante, pois o ator dá vida a Mussum de forma humana, como uma figura multidimensional e cheia de conflitos, explorando muito bem os lados dramático, musical e cômico do artista.

A Dona Malvina também é muito bem representada por Cacau Protásio na versão mais jovem e por Neusa Borges na versão mais velha. Protásio tem a chance de explorar um papel mais dramático, fugindo dos clichês humorísticos que costuma atuar, enquanto Borges usa toda a sua experiência para representar a evolução da personagem.

Obviamente que não podiam faltar recriações tanto de momentos musicais, com algumas apresentações do grupo Os Originais do Samba, como de televisivos, com destaque para trechos do programa “Os Trapalhões”. Felizmente o diretor Sílvio Guindane sabe que essa parte como comediante é a mais conhecida da vida de Mussum, então “Mussum: O Filmis” apenas pontua alguns momentos importantes.

O grande dilema do protagonista eram os sacrifícios feitos por causa da vida de artista, como não poder estar presente junto com a família em momentos importantes, ou simplesmente não estar presente por estar ocupado fazendo shows ou gravando programas de tv. Essas privações da vida pessoal tinham como objetivo garantir uma vida melhor para seus entes familiares, principalmente a mãe, já que ele teve uma infância e juventude bastante humildes. Ele carregava o sentimento de culpa e o filme explora como ele fazia para equilibrar tudo isso.

Ao focar nesse lado pessoal, “Mussum: O Filmis” ajuda o espectador a entender o artista Antônio Carlos, fazendo a distinção entre sua pessoa e o personagem Mussum. Afinal de contas, muitas vezes essa confusão era feita graças ao enorme sucesso que ele fez no programa “Os Trapalhões”. Assim é bom ver essa humanização e os dilemas que ele enfrentou retratados de forma interessante e emocionante.


Uma frase: – Dona Malvina: “Burro preto tem um monte, mas preto burro não dá.”

Uma cena: Quando o protagonista canta um samba para a mãe.

Uma curiosidade: Assim como boa parte do legado deixado pelo ator e comediante, o título bem-humorado do filme é uma referência aos famosos trocadilhos de Mussum, os quais ainda são lembrados e celebrados até os dias de hoje.


Mussum: O Filmis

Direção: Sílvio Guindane
Roteiro: Paulo Cursino
Elenco: Aílton Graça, Yuri Marçal, Neusa Borges, Cacau Protásio, Cinara Leal e Gero Camilo
Gênero: Biografia, Comédia, Drama
Ano: 2023
Duração: 123 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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