Review | Bem vindos ao Wrexham

Review | Bem vindos ao Wrexham

Na série documental “Welcome to Wrexham”, ninguém menos que Ryan Reynolds (Deadpool) e o astro de tv Rob McElhenney (Mythic Quest) realizam o sonho – ou apenas um capricho de crise de meia idade – e compram um time de futebol. A série acompanha os passos dos dois que entram para um mundo que, na verdade, eles pouco conhecem. 

Para completar, eles compram um dos times mais antigos de toda a existência do futebol, o Wrexham, um pequeno clube de uma cidadezinha homônima no norte do País de Gales. Situados na National League, algo que seria como uma quinta divisão do futebol no Reino Unido, o sonho deles é levar esse clube até a Premier League. Só que ao contrário de produções ficcionais, o mundo real entra em choque com os desejos e anseios dos dois, e mais importante, de toda a comunidade legal que empurra o time como pode ao longo de sucessivos anos de fracasso.

Os documentários esportivos tem ocupado uma fatia interessante nos serviços de streaming nesses últimos anos. Sucessos como “Last Chance U”, “Drive to Survive” e “Sunderland Até Morrer” trouxe este tipo de produto para um lugar de destaque não apenas na Netflix, mas também em seus concorrentes. Dessa forma, acompanhar “Bem Vindos ao Wrexham” é um deleite para aqueles que gostam deste tipo de produção.

A série, em si, se estende mais do que o necessário, ainda que tenha episódios curtos que giram em torno de 30 minutos. São ao todo 18 episódios nessa primeira temporada, e para piorar, nem todos são inspirados. Existem alguns deles em que Ryan e Rob tentam fazer uma espécie de experimentações humorísticas que são bastante sem graça, para ser bem sincero. 

O que move mesmo o time, e o seriado como um todo, é a comunidade de Wrexham e os “personagens” que vamos conhecendo ao longo dos episódios. A cidade não é rica e foi construída com trabalhadores que já viveram épocas mais abastadas. Dessa forma, o time de futebol local é mais do que apenas uma válvula de escape, é (para muitos) a força vital que os fazem acordar todos os dias e seguir em frente. Lembra muito a relação da torcida vista na, para mim ao menos, melhor série do gênero já criada que é “Sunderland Até Morrer” da Netflix. 

Dois homens brancos de jaqueta e boné, num campo de futebol, ao fundo, a arquibancada em vermelho e pintado em brancho Wrexham
Rob e Ryan no estádio mais antigo ainda em uso no mundo

Existem alguns momentos bem acertados no entanto, algumas narrativas bem criadas e sequência de cenas bem montadas, que trazem muito suspense em pontos chave na temporada do time. E isso ajuda a fazer valer a pena encarar a longa jornada que é essa primeira temporada de “Welcome to Wrexham”, lançada pela FX e que agora está disponível no serviço da Star+ (e claro, naquele navio também).

Mais do que o time que os caras de Hollywood compraram, este é um seriado que traz um pouco da “magia” apresentada na série ficcional “Ted Lasso” da Apple Tv+, mas com aquela dose exagerada, e nem sempre bonita, de realidade que só o futebol pode nos trazer. Essa sintonia vitalícia e praticamente eterna que emana da energia que é torcer e viver um time de Futebol. E, às vezes, a realidade é bastante dura e não são todos que estão preparados para aguentar. O futebol tem essa mistura de dor e sofrimento que só quem torce para times fora do grande eixo e sem grandes projeções pode compreender.

Ainda que não seja tão inspirada como outros documentários esportivos já lançados, e também que tenha muita coisa desnecessária nesses exagerados 18 episódios, “Welcome to Wrexhamé indicada para aqueles que gostam de futebol e querem conhecer um pouco mais dos bastidores do que é ser dono de um time e ser responsável por tantas vidas que estão em jogo ali, esperando as bolas entrarem na rede e aguardando um momento raro de vitória e conquista.



Welcome to Wrexham – 1ª Temporada

Criado por: Clwb Pel-droed
Emissora: Star+
Elenco: Rob McElhenney, Ryan Reynolds, Humphrey Ker, Fleur Robinson, Shaun Harvey, Phil Parkinson, Paul Mullin, Jordan Davies, Aaron Hayden e Ollie Palmer
Ano: 2022

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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