Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Crítica | Indiana Jones e a Relíquia do Destino

O estilo nostálgico de aventura dos cinemas dos anos 1980 é resgatado em Indiana Jones e a Relíquia do Destino para garantir entretenimento dos fãs da franquia que marcou época e construiu um legado incontestável para o gênero. De forma episódica, o quinto e último longa da carreira do icônico personagem de Harrison Ford traz um frescor para o ritmo de ação da conhecida fórmula em que o famoso professor de arqueologia cai no mundo em busca de algum artefato histórico valioso.

Além das impressionantes cenas de ação, o filme diverte pela química entre Ford e a atriz Phoebe Waller-Bridge, que interpreta a afilhada de Indy, que é forte, independente, ousada, divertida, aventureira e que vive de dar golpes. Com uma personalidade ambígua, Helena revela ao longo da narrativa camadas e mais camadas de humanidade e imprevisibilidade, que são elementos interessantes na jornada e ajudam o espectador a integrá-la na equipe de Jones.

Mesmo com uma motivação simples e um roteiro não muito criativo, a nova produção de Indiana Jones consegue entregar o que promete e nada mais além disso. Trilha sonora de John Willians, aparições de personagens que referenciam filmes anteriores e a volta de elementos de cena lendários como chapéu e chicote fazem o espectador se emocionar ao revisitar o passado ao mesmo tempo que se conecta com novas possibilidades para o futuro da franquia.

Neste quinto filme que se passa em 1969 – mais precisamente no dia em que a missão espacial americana pousa na Lua, acompanhamos um solitário Indy, que está se aposentando da carreira de professor, recém divorciado e ainda em luto pela perda traumática de seu único filho com Marion (Karen Allen). Conformado com sua rotina, o arqueólogo parece ter parado no tempo, se assemelhando aos inúmeros artefatos preciosos que coletou ao longo de uma vida aventureira, que ele imagina ter ficado definitivamente no passado até reencontrar Helena.

A jovem e seu parceiro de golpes, o habilidoso adolescente Teddy (Ethann Isidore), cativam um Indy rabugento e cansado a partir em mais uma aventura. Dessa vez, o arqueólogo, sem perceber, se torna um mentor para a nova equipe e um laço de afeto naturalmente vai se construindo entre os três. O roteiro, embora batido e muito conservador, busca se atualizar em alguns momentos para conversar e conquistar o público das gerações atuais. 

Outro ponto alto do longa é o físico e vilão Jürgen Voller, vivido pelo talentoso ator dinamarquês Mads Mikkelsen, o qual empresta elegância e competência na interpretação do personagem, que convence apesar da roupagem caricata de sua construção na narrativa. As motivações de vilania são as mais ultrapassadas possíveis em comparação com filmes do gênero na atualidade. Porém, dentro de um universo criado para referenciar e até mesmo celebrar o passado e a nostalgia, essa escolha faz sentido.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino é, sem dúvidas, um dos melhores longas da franquia, principalmente, em termos de efeitos visuais e cenas bem dirigidas de ação. É um filme eficiente, porém, não se pretende revolucionário ou tão marcante quanto o primeiro. Fica evidente que se trata de uma digna e emocionante despedida de Harrison Ford, que ao mesmo tempo abre possibilidade para a Disney explorar seu universo expandido com novos personagens nos próximos anos.


Uma frase: “Não acredito em sobrenatural. Mas algumas vezes na minha vida, eu vi coisas. Coisas que não sei explicar. E eu vim a acreditar que não é tanto sobre o que você acredita, é o quanto você acredita”.

Uma cena: A perseguição entre vilões dirigindo um Rolls-Royce e Indy montado em um cavalo.

Uma curiosidade: A revista Empire relatou que o antagonista do filme foi inspirado no cientista de foguetes da vida real e ex-nazista Wernher von Braun.


Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny)

Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, David Koepp e James Mangold
Elenco: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Antonio Banderas, Karen Allen, John Rhys-Davies, Shaunette Renée Wilson, Toby Jones, Ethann Isidore, Mads Mikkelsen
Gênero: Aventura e Ação
Ano: 2023
Duração: 154 minutos

Bianca Nascimento

Filha dos anos 80, a Não Traumatizada, Mãe de Plantas, Rainha de Memes, Rainha dos Gifs e dos Primeiros Funks Melody, Quebradora de Correntes da Internet, Senhora dos Sete Chopes, Khaleesi das Leituras Incompletas, a Primeira de Seu Nome.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *