Crítica | Elvis (2022)

Crítica | Elvis (2022)

Elvis Presley morreu em 1977 aos 42 anos, então é impressionante constatar como até hoje sua figura como artista pop (música, figurino e visual) são icônicos e continuam relevantes até a atualidade. O diretor Baz Luhrmann sabe muito bem disso, assim sua versão de “Elvis” explora muito bem essa iconografia e surpreende ao focar a narrativa em outra pessoa que estava ao lado do músico: seu empresário Coronel Tom Parker (Tom Hanks).

Ao narrar esse relacionamento o longa-metragem foge dos principais clichês de cinebiografias. Além disso, Luhrmann usa o seu estilo frenético e exagerado, similar ao de Moulin Rouge, para nos apresentar uma jornada musical que não está tão interessada na verossimilhança, mas no impacto de Elvis na cultura pop como um todo.

O próprio Coronel é o narrador, assim do seu ponto de vista a forma como ele explorava o artista, tanto financeiramente quanto psicologicamente, é totalmente justificável. Para isso funcionar é importante falar da forma como Tom Hanks desenvolve o Coronel Tom Parker, que é excelente, pois o ator explora bem a figura clássica do vilão, mas usa seu carisma para criar um contraponto para a plateia, e até mesmo afirmar que na verdade eram os fãs culpados pela exploração de Elvis para se justificar. Essa relação de Parker com Presley é o que move a narrativa de “Elvis”.

Austin Butler também está brilhante como Elvis, pois ele faz muito mais do que uma simples “imitação”. O ator apresenta todos os trejeitos e maneirismos de forma orgânica, apresentando o lado humano do personagem. Austin ainda consegue desenvolver a voz clássica do músico, além de mostrar sua evolução com o passar do tempo, ganhando novas influências e se aperfeiçoando como cantor.

O filme também acerta ao mostrar a influência da música negra na formação musical de Elvis e apresenta tudo de forma didática através de números musicais, como no momento em que o pequeno Presley presencia uma missa de uma igreja afro-americana, ou quando ele sai no meio da noite para ir a um bar onde diversos artistas negros importantes se apresentavam.

Um dos pontos em que “Elvis” apresenta problema é ao mostrar a relação do “Rei do Rock” com sua esposa Priscilla (Olivia DeJonge). O roteiro não se aprofunda no relacionamento abusivo que Presley tinha com a mulher, mas o tema é apresentado na narrativa. Talvez o diretor Baz Luhrmann passe um pouco de pano para o artista, mas não é algo que chegue a prejudicar por completo o resultado do longa-metragem. O ponto principal é a relação entre Elvis e Parker, então não sobrou muito espaço para mais essa questão dramática.

Contudo, “Elvis” acerta muito na parte musical. O principal é a reconstituição de momentos clássicos da carreira do cantor, como o especial de Natal. Nesse ponto o diretor Baz Luhrmann mostra todo o seu talento e a parte técnica esbanja qualidade, principalmente nos figurinos, cenários e na montagem, que dita muito bem o ritmo frenético da narrativa, sem se perder nos exageros. Dessa forma o filme foge do lugar-comum, entregando uma experiência musical imersiva e divertida ao explorar toda a iconografia do músico de maneira divertida e emocionante.


Uma frase: – Elvis Presley: “Um reverendo me disse uma vez: “Quando coisas que são perigosas demais para dizer, cante”.”

Uma cena: O primeiro show de Elvis em Las Vegas.

Uma curiosidade: Austin Butler afirmou que um dos aspectos sobre Elvis Presley que se destacou para ele foi que ele (Elvis) perdeu a mãe ainda jovem. Butler também perdeu a mãe ainda jovem. Ambos tinham 23 anos quando suas mães faleceram. Austin sentiu essa dor compartilhada com Elvis e usou sua dor em sua performance.


Elvis

Direção: Baz Luhrmann
Roteiro: Baz Luhrmann, Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Doner; história de Baz Luhrmann e Jeremy Doner
Elenco: Austin Butler, Tom Hanks, Olivia DeJonge, Helen Thomson, Richard Roxburgh, Kelvin Harrison Jr., David Wenham, Kodi Smit-McPhee e Luke Bracey
Gênero: Biografia, Drama, Musical
Ano: 2022
Duração: 159 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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