Crítica | Viúva Negra (2021)

Crítica | Viúva Negra (2021)

Scarlett Johansson transformou a Viúva Negra de uma simples coadjuvante para um dos personagens mais importantes e queridos do MCU. Demorou para que a Marvel desse a oportunidade de um filme solo de Natasha Romanoff e sem dúvidas ela merecia algo melhor. “Viúva Negra” dirigido por Cate Shortland segue o padrão de qualidade construído pelo estúdio comandado por Kevin Feige, mas não apresenta nenhum diferencial do que já foi visto antes.

Viúva Negra” parece uma versão feminina da Marvel para um filme de James Bond, só que apresentando “problemas” similares ao da franquia 007. Tanto que, em determinada cena, vemos Natasha em um momento de descanso assistindo uma das películas estreladas por Roger Moore para deixar bem clara a “homenagem”. A obra de Cate Shortland usa “exageros” parecidos nos momentos de ação e mesmo com os efeitos visuais atuais ainda parecem artificiais, além do vilão extremamente caricato interpretado por Ray Winstone que, apesar de ser um bom ator, não consegue extrair muita coisa de Dreykov.

Já o outro vilão chamado Treinador (Taskmaster no original) lembra figuras como Jason, de Sexta-Feira 13, que se move lentamente e mesmo assim consegue alcançar sua vítima. Felizmente o núcleo familiar de Natasha apresenta um desenvolvimento mais interessante. O principal destaque é Yelena, interpretada por Florence Pugh, que rouba a cena sempre que aparece com muito carisma e talento. É curioso e engraçado como ela critica o estilo cheio de pose de sua irmã.

A trama de “Viúva Negra” começa com um momento do passado de Natasha ainda criança e a mostra em uma vida comum com sua família, mas logo isso se transforma em uma fuga. O roteiro de Eric Pearson inicialmente parece que vai explorar a origem da personagem, mas logo em seguida já encontramos Romanoff no “presente”, mais precisamente logo após os eventos vistos em “Guerra Civil” onde a protagonista está escondida. Pouco depois ela encontra com Yelena e surge a trama principal: Dreykov arrumou uma forma de controlar a mente das pessoas e usa isso para construir um exército de viúvas negras, mas existe um gás que consegue libertá-las. Então as irmãs se unem e convocam o resto da “família”: o “pai” Alexei (David Harbour), mais conhecido como Guardião Vermelho, e a “mãe” Melina (Rachel Weisz).

Assim o filme de Cate Shortland vira uma mistura de drama familiar com espionagem, mas sem conseguir atender nenhum dos gêneros além do básico. O humor do MCU também compromete um pouco o lado emocional da narrativa, assim a obra não consegue apresentar de maneira qualificada as motivações da Viúva Negra, isto é, como seu passado influenciou a transformá-la no que ela é no presente.

Na parte técnica, como já foi citado, um dos principais problemas são os efeitos visuais que transformam as cenas de ação em momentos extremamente artificiais. Até mesmo nas lutas os efeitos atrapalham, mas em menor escala. O que prejudica essas partes é o excesso de cortes rápidos, deixando as batalhas um pouco confusas, mas infelizmente esse é um recurso utilizado em exaustão pelos filmes atuais do gênero.

Apesar dos problemas, “Viúva Negra” tem um saldo positivo graças ao incrível carisma de Scarlett Johansson. O que ela fez com a personagem ao longo dos anos no MCU é louvável, mas é uma pena que o seu filme solo não consiga ser mais do que uma aventura de espionagem genérica com direito a viagem por vários países e uso de clichês do gênero. Sem dúvidas ela merecia algo melhor do que apenas um filme mediano. É bom ver a Marvel dando mais espaço para as personagens femininas estrelarem suas aventuras solo, mas infelizmente fica a impressão que Cate Shortland não teve muito espaço para apresentar sua marca no filme, sendo apenas uma “diretora padrão”.


Uma frase: – Yelena (sobre Natasha): “Muito exibida.” 

Uma cena: A fuga de moto de Natasha e Yelena. 

Uma curiosidade: “Viúva Negra” deveria dar o pontapé inicial da Fase 4 do MCU, mas por causa da pandemia de COVID-19 o filme foi adiado de Maio de 2020 para Julho de 2021. Assim quem deu início a nova fase foi a série “Wandavision”.


Viúva Negra (Black Widow) 

Direção: Cate Shortland
Roteiro: Eric Pearson, história de Jac Schaeffer e Ned Benson
Elenco: Scarlett Johansson, Florence Pugh, David Harbour, O-T Fagbenle, Olga Kurylenko, William Hurt, Ray Winstone e Rachel Weisz
Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica
Ano: 2021
Duração: 134 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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