Livro | Star Wars – Marcas da Guerra
Anunciado como um prelúdio de O Despertar da Força, Star Wars – Marcas da Guerra (tradução nacional do livro Aftermath) é na verdade o primeiro livro de uma série de três histórias que vão cobrir os acontecimentos após a Batalha de Endor, ou seja, após o final de Star Wars – O Retorno de Jedi. Lançado no Brasil pela editora Aleph, o livro faz parte do cânone do (novo) universo Star Wars.
Escrito por Chuck Wendig, a narrativa se inicia logo na sequência da destruição da segunda Estrela da Morte, que gerou ‘rumores’ de que o Imperador e Darth Vader estão mortos. A Aliança Rebelde começa a tentar criar um novo governo, a Nova República, para substituir o Império. A galáxia é muito, muito grande e ainda existem diversos planetas, em especial os que ficam na chama Orla Exterior, que precisam lidar com as consequências da guerra e com gente do Império, contrabandistas e toda a sorte de contratempos.
Personagens e a História
Star Wars – Marcas da Guerra apresenta novos personagens, mas nenhum deles é ‘especial’, são na verdade pessoas comuns lidando com problemas oriundos da guerra. Alguns heróis e personagens clássicos são citados e, em alguns raros momentos, até mesmo acompanha-se algumas incursões deles, mas o foco é em um novo grupo que se forma no planeta de Akiva, local onde algumas cabeças importantes do Império tentam se reunir para decidir os novos rumos que eles deverão tomar diante da vitória e ocupação da ‘Nova República’ na galáxia.
A trama se inicia quando o Capitão Wedge Antilles parte em missão para um dos planetas do Anel Exterior, Akiva, em busca de focos de resistência Imperial. Capturado, ele lança uma mensagem que é interceptada por Norra Wexley que voltava a Akiva para rever seu filho, Temmin.
Temmin é um dos principais protagonistas, ele e seu dróide “Ossudo” (genial o nome e o personagem em si, só lendo você vai descobrir) são versados no mundo da malandragem e estão preparados para qualquer encrenca.
No mesmo planeta uma caçadora de recompensas, Jas Emari (uma Zabrak), está atrás de algumas cabeças importantes. Para fechar a trupe, ainda surge um personagem um tanto quanto complicado, Sinjir Rath Velus, que trabalhava para o Império mas após a Batalha de Endor parece querer repensar as suas convicções.
Além de ter todos os arcos paralelos que vão se convergindo aos poucos e, como se fosse uma aventura de RPG, “unindo” os personagens, Marcas da Guerra consegue apresentar uma faceta interessante no universo de Star Wars, mostrando que nem tudo é luz contra trevas, o bem contra o mal, pois existem vários níveis de comprometimento e de ideologias/pensamentos relacionados tanto ao lado do Império quanto com a tal Nova República que está tentando se formar.
Dos personagens mais clássicos, um dos que mais aparecem é o General Akbar. Sim, quase todas as vezes que ele aparece ‘em cena’, existe um trocadilho infame ou uma piadinha sobre armadilhas.
Ligações com o Episódio VI – O Despertar da Força
Como prometido, existem sim em Marcas da Guerra alguns vislumbres do que será visto em Star Wars – O Despertar da Força. Além de algumas passagens mais contundentes envolvendo uns sujeitos que se autodenominam como integrantes dos Acólitos do Além, que estão em busca de um artefato muito procurado pela galáxia, existe um capítulo mais próximo ao final do livro que se passa no planeta Jakku (lá ele!), aquele em que nos trailers vemos a rainha da sucata Rey. Sem contar um outro capítulo que entrega um indício forte de que… bom… não vou nem contar para vocês não me matarem!
Não existe nenhuma ligação muito direta com o Episódio VII, o que pode frustrar um pouco aqueles que estão indo atrás do livro para saber mais sobre o novo filme. A maior contribuição de Star Wars – Marcas da Guerra talvez seja apresentar o que aconteceu depois do Retorno de Jedi, após a Batalha de Endor, e como as coisas vão se costurando até o cenário do Despertar da Força.
Vale a pena?
Por ser do cânone de Star Wars e conseguir fazer funcionar uma história com personagens ordinários, não no sentido Compadre Washington, mas no sentido de que são personagens comuns e sem grandes atribuições ou poderes, Star Wars – Marcas da Guerra vale sim a pena, por trazer uma história divertida e apresentar outras visões a respeito do vasto universo da série.
O único problema talvez seja a forma como Chuck Wendig escreveu o seu livro. A linguagem é de fácil acesso, mas as vezes parece ser um pouco aquém do que merece o tão sagrado universo Star Wars. Existem algumas piadinhas e situações um pouco abaixo do que se espera da saga, até mesmo no quesito humor (sim, temos Jar Jar Binks).
A estrutura em que são construídos os capítulos, que vão intercalando entre planetas e localidades, é muito boa e ajuda, em alguns momentos, a trazer uma dinâmica mais fluida e de urgência: é como se estivéssemos acompanhando mesmo um filme. Em outras passagens, porém, a mudança entre as “cenas” surge sem pedir licença, não existe uma divisão mais intuitiva de que já estamos falando de outro personagem, de um outro lugar e, por vezes, é fácil se perder na leitura e voltar atrás pensando “opa, ele tá falando agora do dróide psicopata e não mais do chato Moff Imperial“.
Star Wars – Marcas da Guerra
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Em resumo, é um ótimo livro. Mesmo com alguns pequenos problemas, é daqueles livros que valem a pena serem lidos, ainda mais pelos fãs ávidos por mais informações a respeito desse novo universo da franquia que está se formando com a Disney. Consegue reunir ‘underdogs‘ e criar uma aventura na medida certa; é bom pensar em Star Wars um pouco além dos personagens principais, até mesmo pelo fato de que teremos a frente alguns filmes spinoffs da série – diga-se de passagem, Marcas da Guerra daria um excelente spinoff – e ainda saber que existem algumas camadas a mais do que simplesmente o Lado Sombrio e o Lado Luminoso da Força.
Título: Star Wars – Marcas da Guerra
Título Original: Aftermath
Ano: 2015
Autor: Chuck Wendig
Editora: Aleph
Páginas: 408.
Vamos ver se depois do novo Star Wars se me empolgo em ler o livro.
Vão ser 3 no caso, tem mais dois ainda depois desse. Pense bastante.
Ele até contextualiza melhor o lance do Império que, acho que faltou isso no filme com o lance da Primeira Ordem