Crítica | Velozes e Furiosos 8 (The Fate of the Furious)

Crítica | Velozes e Furiosos 8 (The Fate of the Furious)

A franquia Velozes e Furiosos se reinventou e chega a seu oitavo filme mantendo sua qualidade com ótimas sequências de ação, um elenco muito carismático, uma nova dinâmica entre os personagens, além dos absurdos de sempre. O conceito de família existente entre os protagonistas é colocado em dúvida quando o “pai” Dominic Toretto (Vin Diesel) muda de lado.

A história continua após os eventos do filme anterior. Encontramos Toretto e Letty Ortiz (Michelle Rodriguez) vivendo em Cuba curtindo uma lua de mel. Ele é abordado por Cipher (Charlize Theron), que o chantageia a ajudá-la. O motivo é bastante forte a ponto de Dominic aceitar trair a sua família. Logo após o encontro, Luke Hobbs (Dwayne Johnson) convoca a equipe novamente para uma missão. Estão todos lá: Roman Pearce (Tyrese Gibson), Tej Parker (Chris Bridges), Ramsey (Nathalie Emmanuel), além de Toretto e Letty. Após o objetivo ser alcançado, o “pai” da família foge com o artefato que o grupo acabou de conseguir: uma bomba de EMP (pulso eletromagnético).

A família não consegue acreditar que foi traída pelo seu líder. Eles são então convocados por Frank Petty (Kurt Russell) para ir atrás de Toretto. Para essa nova missão eles terão a ajuda de Deckard Shaw (Jason Statham), que também tem motivos pessoais para ir atrás de Cipher. Ou seja, o mocinho virou bandido e os “heróis” vão contar com a ajuda do vilão do filme anterior. Essa troca de lados remete a premissa inicial do filme, quando o então malvado Dominic é convocado pelo policial Brian (Paul Walker) para ajudar em uma missão.

A nova dinâmica criada funciona muito bem com essa inversão de papéis. Surge uma carga dramática e emocional mais forte dentro da história, que parece mais plausível e mais fácil de ser explorada pelo roteiro de Chris Morgan. A começar pelo próprio drama de Toretto que é obrigado a trair seus amigos por algo maior. O que seria maior que a própria família? Pior para a pobre Letty que não consegue acreditar que o seu companheiro esteja traindo sua confiança. Mas o melhor é ver o ex-vilão ajudando a caçar o ex-herói. Essa “bagunça” funciona não só pelo roteiro correto, mas principalmente graças ao elenco.

Diesel tem muito carisma e mesmo as frases de efeito parecem verossímeis saindo da boca do seu personagem. A química entre os atores também é muito boa, e eles se adaptaram bem a nova forma de trabalho do grupo, principalmente a dupla Johnson e Statham. E mesmo com tantos “bonecos” em cena, a narrativa consegue dar conta de todos dando funções para cada um, assim nenhum deles parece ser desnecessário. Os personagens novos são apresentados de forma satisfatória. A vilã de Charlize Theron é interessante já que em nenhum momento ela usa a força, utilizando apenas computadores, mesmo que seu plano siga um padrão megalomaníaco normal nesse estilo de filme. A atriz entrega uma boa atuação dando uma boa camada dramática à personagem equilibrando bem as suas expressões faciais, conseguindo passar uma sensação de ameaça.

Entretanto, o principal elemento da franquia são as cenas de ação e em “Velozes e Furiosos 8” elas estão menos exageradas. As sequências vão aumentando gradativamente, dessa forma o espectador vai se acostumando com elas e ao chegar na cena final já é possível acreditar que os eventos retratados na tela são verossímeis, pelo menos dentro da “realidade” do filme. Por exemplo, em determinado momento Hobbs leva tiros de borracha que não fazem nenhum efeito nele. Considerando um homem do tamanho de Dwayne Johnson isso pode ser possível (!?), então quando ele consegue desviar um torpedo de um submarino com a mão (!?) já foi mostrado tantas coisas “absurdas” na tela, que isso se torna plausível.

No mais, a sequência segue um formato parecido com o apresentado nos três filmes anteriores da franquia ao visitar países diversos – o país “exótico” da vez foi Cuba, em uma cena de corrida de carros – com uma mistura de drama, aventura e toques de humor, deixando a grande cena de ação para o final. Os visuais são bons, apesar de alguns pequenos deslizes – como na perseguição de carros envolvendo um submarino (!?). O uso do 3D não incômoda, mas não acrescenta muita coisa ao filme.

Sem dúvidas Paul Walker fez falta, mas o show tem que continuar, e esse novo Velozes e Furiosos mostra que o destino da franquia continua no caminho certo, por mais absurdo que esse percurso pareça. O mais importante é deixar de lado o racional e se entregar ao lado emocional e ao absurdo do “universo” do filme.

Inclusive é curioso pensar no conceito da franquia considerando a realidade atual dos EUA. No filme, vemos ex-criminosos que se tornam uma espécie de equipe de elite capaz de fazer milagres para evitar uma nova guerra mundial. Enquanto isso, no mundo real, o presidente parece estar querendo começar um novo conflito. Isso torna a história ainda mais absurda, não?


Uma frase: – Cipher: “Você algum dia imaginou  que trairia sua família como você fez hoje?”

Uma cena: A perseguição de carro em Nova York.

Uma curiosidade: O longa, que se passa pela primeira vez na cidade de Nova York, atende a um desejo de Paul Walker de colocar no filme mais corridas de carros nas ruas em vez de depender de efeitos especiais e de grandes sequências de ação


Velozes e Furiosos 8 (The Fate of the Furious)

Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Chris Morgan
Elenco: Vin Diesel, Dwayne Johnson, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson, Chris Bridges, Nathalie Emmanuel, Kurt Russell, Scott Eastwood, Charlize Theron e Helen Mirren
Gênero: Ação, Crime, Thriller
Ano: 2017
Duração: 136 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

5 comentários sobre “Crítica | Velozes e Furiosos 8 (The Fate of the Furious)

  1. Se dependesse de mim, essa franquia tinha sido finalizada com a sétima parte, cujo final foi muito digno, com a homenagem a Paul Walker. Ali, eu senti um senso de conclusão nessa história. Por isso mesmo, talvez, não tenha me interessado muito por essa oitava parte da franquia.

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