A Nostalgia Era Melhor Antigamente: Batman – O Retorno (parte 2)
Continuação desse post aqui, no qual eu comentei a primeira parte do filme Batman — O Retorno.
Na primeira parte desta análise nós descobrimos que os pinguins de Gotham são excelentes professores de gramática, que lambidas de gato têm notáveis propriedades curativas e que quando uma mulher tenta chantagear Max Shreck ele a joga pela janela, mas quando um homem faz o mesmo, ele financia sua candidatura à prefeitura.
Hoje nós vamos descobrir que o Batman não sabe fazer baliza no Batmóvel, aprender que o Pinguim tinha propostas sustentáveis muito à frente do seu tempo e, principalmente, fingir que na postagem anterior eu falei “continua daqui a uns três meses” e não “continua semana que vem”.
Batman: O Retorno
(segunda parte)
Depois dos trágicos eventos do dia anterior, o prefeito de Gotham convoca uma coletiva de imprensa para tratar justamente da escalada de crimes na cidade. Ocorre que tudo isso calhou de acontecer bem no dia de folga da babá, então ele se vê obrigado a levar o filho para a entrevista.
Além da babá, parece estar de folga também toda a força policial da cidade, porque um dos palhaços do crime consegue tranquilamente invadir a coletiva, sequestrar o filho do prefeito das mãos da primeira dama, fazer uma gracinha no microfone e fugir dando cabriolas.
Tudo isso, no entanto, não passa de um estratagema de Max Shreck, pois na sequência o Pinguim ressurge com a criança em seus braços, sendo fotografado por todos os jornalistas presentes na coletiva e aclamado como herói.
Em sua primeira declaração, o Pinguim diz não querer nada além de descobrir quem são seus pais e por que eles o abandonaram, o que é suficiente para despertar suspeitas em Bruce Wayne, que decide então investigá-lo baseado em rigorosamente nada.
A investigação do homem morcego, contudo, limita-se a passar vagarosamente com o Batmóvel e olhar a janela do cartório onde o Pinguim analisa todas as certidões de nascimento da cidade para supostamente descobrir o nome dos seus pais.
Entretanto, como descobriremos mais adiante, o Pinguim está na verdade levantando as certidões de nascimento de todas as crianças da cidade e copiando o nome dos primogênitos de cada casal, o que me parece uma informação específica demais para constar na certidão.
Ou seja, Bruce Wayne até está certo e o Pinguim de fato tem algum plano maligno em mente, mas ele mesmo admite que suas suspeitas não têm lá uma base muito sólida.
Enquanto isso, em outro canto da cidade, Selina Kyle mostra que as lambidas felinas não apenas lhe trouxeram de volta à vida como também lhe deram habilidades de alta costura, aptidão para artes marciais e até capacidades acrobáticas, as quais ela usa para assumir uma nova identidade como Mulher Gato e salvar uma moça de um assalto — em seguida culpabilizando a vítima por “facilitar” demais para o ladrão.
Saindo da reunião com Bruce Wayne, Max Shreck leva o Pinguim para a sede do seu comitê de campanha eleitoral, que terá a difícil tarefa de, sem o auxílio de bots em redes sociais, alavancar a candidatura de um sujeito que arranca o nariz do próprio assessor com os dentes.
O plano do Pinguim para viabilizar sua candidatura é notavelmente complexo para alguém que tem zero traquejo social e foi criado sem nenhum ensino formal ou mesmo contato com seres humanos: primeiro ele vai desacreditar o atual prefeito, criando um caos social com sua gangue circense não remunerada.
Já para lidar com a inevitável interferência do Batman, ele planeja explodir o Batmóvel, usando para isso as plantas do veículo, que teve acesso de alguma forma inexplicada.
Mas a Mulher Gato tem uma ideia melhor, e, influenciado por ela, o Pinguim decide não explodir o Batmóvel, mas sim hackeá-lo para tomar seu controle, gerar muita destruição e com isso jogar a população contra o herói. De que forma isso ajuda na sua campanha também não fica claro, mas talvez seja só uma desculpa para ele arrumar uma cadeira gamer no formato de mini Batmóvel.
O vilão então põe em prática a primeira parte do seu plano maligno, mandando sua gangue circense pejotinha sem carteira assinada tocar o terror na cidade para atrair o Batman.
Para além de criar o caos, a ação dos bandidos tem também a finalidade de roubar um bumerangue programável estilizado com motivos quirópteros que, de alguma maneira, facilitará o processo de hackeamento do Batmóvel.
Não se sabe, contudo, como o Pinguim tinha tanta certeza que o Batman faria uso de uma arma que até então jamais havia aparecido em vez de, como de costume, enfrentar os malfeitores apenas com seus punhos.
Por outro lado, a tal arma tecnológica sofisticadíssima é capturada em pleno voo por um poodle, pelo que concluo que o nosso herói de fato tem seus motivos para seus problemas de autoconfiança.
Enquanto o homem morcego desconta suas frustrações na gangue circense, chegando inclusive a rir enquanto explode um deles com uma bomba relógio, a Mulher Gato está invadindo a loja de departamentos de Max Shreck, onde é recebida por uma dupla de guardas com uma profunda consciência da sua condição de força de trabalho explorada pelo capitalismo.
Depois de explodir o prédio, a Mulher Gato é confrontada pelo Batman, que, como um bom cavalheiro, prefere não bater em uma mulher. Jogar ácido e atirá-la do alto de um prédio, por outro lado, ele já não vê muito problema.
Será que o Batman vai fazer uma apresentação no PowerPoint incriminando o Pinguim? Será que os capangas circenses do Pinguim recebem décimo terceiro? Não perca a conclusão da nossa análise na semana que vem!
(dessa vez é sério)
Edit: promessa é dívida, a terceira (e última) parte já está no ar aqui.
Aé corolho, demorou, mas, chegou.
Seus textos me faz sentir um hater do Burton mais feliz.