Crítica | Falling – Ainda Há Tempo

Crítica | Falling – Ainda Há Tempo

O filme “Falling – Ainda Há Tempo” marca a estreia do ator Viggo Mortensen na direção, mas ele também faz parte do elenco. Na trama, escrita também por Mortensen, ele interpreta John Peterson, um homem gay que tem uma relação difícil com o pai Willis que é extremamente conservador. O problema é que Willis está com demência, então seu filho resolve ajudá-lo, apesar da recusa.

A relação entre pais e filhos é um tema recorrente no cinema, assim Falling não apresenta, de início, nenhuma novidade temática, mas graças ao elenco o filme de Viggo Mortensen mostra o seu principal diferencial. A performance de Lance Henriksen é soberba e o ator constrói Willis de uma maneira que, apesar de todos os seus problemas, o espectador consegue captar o seu lado humano sem caricaturas. Através dos flashbacks tentamos compreender como ele se tornou quem ele é na atualidade.

Outro diferencial é na montagem, onde Falling alterna presente e passado para apresentar a relação entre pai e filho. Em alguns momentos vemos um flashback do ponto de vista de John, outros de Willis. Essa alternância é interessante, pois mostra ao espectador que algumas recordações podem ser vistas de maneira positiva por um, enquanto para o outro é algo triste.

A história começa com pai e filho viajando para a Califórnia, onde John vive com o marido e a filha, para encontrar uma nova residência para Willis ficar mais próximo da família. Sua casa atual é do outro lado do país, em uma fazenda no interior, e ele já tem dificuldade em manter a rotina do lugar.

A doença de Willis gera uma situação complicada para seu filho, já que muitas vezes o pai por um breve instante acredita estar em algum outro lugar e tempo, dificultando a comunicação entre eles. Para piorar, o fato de Peterson Pai ser conservador e teimoso faz com que ele recuse ajuda e também mudanças.

O problema é que esse conservadorismo de Willis se reflete em comentários terríveis sobre o comportamento do filho, mostrando toda a sua homofobia, machismo e coisas do tipo. Essas atitudes tornam difícil a convivência com ele, mas é impressionante como John se mantém compreensivo na maior parte do tempo. O principal tema da narrativa é justamente esse: entender qual a motivação do filho em, apesar de todas as dificuldades, continuar ajudando o pai.

Infelizmente esse jeito de ser do pai ainda é bastante comum na sociedade atual, onde a extrema direita e o conservadorismo ainda estão em uso. Dessa forma, “Falling – Ainda Há Tempo” lamentavelmente se mostra extremamente contemporâneo. Viggo Mortensen revela que além de um excelente ator, também tem talento como diretor e roteirista, iniciando muito bem essa nova fase de sua carreira.


Uma frase: – Willis: “Não deixe meu filho chegar perto do meu cu. Ele pode ficar animado.”

Uma cena: Quando Willis vai ao médico.

Uma curiosidade: As cenas do pato morto e da cobra foram incidentes reais da juventude do escritor / diretor Viggo Mortensen. Ele contou as histórias durante algumas visitas ao Late Show with David Letterman.


Falling – Ainda Há Tempo (Falling)

Direção: Viggo Mortensen
Roteiro: Viggo Mortensen
Elenco: Lance Henriksen, Viggo Mortensen, Terry Chen, Sverrir Gudnason, Hannah Gross e Laura Linney
Gênero: Drama
Ano: 2020
Duração: 112 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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