Crítica | Wonka (2023)

Crítica | Wonka (2023)

Logo nos créditos iniciais de “Wonka” ouvimos uma versão instrumental da música “Pure Imagination”, canção marcante do filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate” de 1971. Dessa forma fica claro que o diretor Paul King assume a inspiração na obra protagonizada por Gene Wilder para o seu longa-metragem que conta a história de origem do protagonista Willy Wonka, agora interpretado por Timothée Chalamet.

No filme, o jovem Willy Wonka chega a uma cidade da Europa com o objetivo de realizar o seu sonho: Abrir uma loja de chocolates na famosa Galeria Gourmet. Feliz e ingênuo, ele não contava com um tal de capitalismo, achando que poderia simplesmente chegar no local e vender seus doces. Assim o protagonista tem que lidar com a Máfia do Chocolate, formado por três grandes produtores, que não tem interesse em compartilhar o mercado com um novo vendedor. A máfia ainda conta com o apoio da polícia, através da figura do chefe da força, interpretado por Keegan-Michael Key.

Para complicar, Wonka cai na armadilha de Senhora Scrubbit (Olivia Colman), dona de uma pousada que o persuade a assinar um papel no qual o pobre protagonista não tenha condições de pagar pela hospedagem e seja obrigado a trabalhar por vários anos para pagar a dívida. No local ele conhece um grupo de pessoas que caiu no mesmo golpe, dentre eles a pequena Noodle (Calah Lane). Ela é uma órfã e logo estabelece uma relação de amizade com Willy, onde ele promete uma vida melhor para ela, enquanto ela o ajudará a realizar seu sonho.

O roteiro escrito pelo próprio diretor junto com Simon Farnaby estabelece Willy Wonka como um tipo de mágico e um excelente inventor. Seu carisma é refletido através das canções e Timothée Chalamet surpreende com muito talento para cantar e dançar. Já a sua ingenuidade é contrastada pela maturidade de Noodle, que apesar de ser apenas uma criança demonstra que sua experiência com o mundo fez com que perdesse um pouco da sua inocência. O relacionamento entre os dois já mostra o quanto a figura Wonka encanta as crianças, seja por conta do chocolate, como pelo afeto, transformando quase em uma relação de pai e filha.

É interessante ver essa versão mais doce de Wonka, já que tanto na versão interpretada por Wilder, quanto na de Johnny Depp, o personagem era recluso e dava lições de moral para as crianças malcriadas. Assim o vemos enxergando o mundo através de sonhos e inocência, ainda que durante o filme ele aprenda que a realidade é um pouco mais complicada do que ele esperava.

Wonka” explora muito bem os elementos técnicos, construindo cenas musicais inspiradas e originais que não necessariamente remetem a alguma das versões cinematográficas de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. A fotografia apresenta belos movimentos de câmera que exploram bem os lindos cenários, captando bem a coreografia dos atores que realizam um balé muito bonito. As canções ajudam os personagens a expressarem seus sentimentos e as músicas são bem divertidas, daquelas que no final da sessão saímos cantarolando as melodias.

No encerramento a referência do início é utilizada e novamente a música “Pure Imagination” aparece para fazer a conexão final desse prelúdio com o longa-metragem de 1971. No entanto, o filme de Paul King mostra sua originalidade, se sustentando sozinho, apesar da clara influência. É óbvio que era necessário se conectar com a adaptação da obra de Roald Dahl, mas King mostra toda a sua imaginação transformando “Wonka” em uma ótima experiência cinematográfica.


Uma frase: – Umpa-Lumpa: “Saiba que eu tenho um tamanho totalmente respeitável para um Umpa-Lumpa.”

Uma cena: Quando Willy Wonka e Noodle vão até o zoológico local para ordenhar a girafa Abigail.

Uma curiosidade: Timothée Chalamet adoeceu várias vezes durante a produção devido à quantidade de chocolate e doces que comeu.


Wonka

Direção: Paul King
Roteiro: Simon Farnaby e Paul King; história de Paul King
Elenco: Timothée Chalamet, Calah Lane, Keegan-Michael Key, Paterson Joseph, Matt Lucas, Mathew Baynton, Sally Hawkins, Rowan Atkinson, Jim Carter, Tom Davis, Olivia Colman, Hugh Grant e Murray McArthur
Gênero: Comédia, Aventura, Família
Ano: 2023
Duração: 116 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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