Crítica | Uma Fada Veio Me Visitar
Essa é a segunda adaptação para os cinemas do livro “Uma Fada Veio Me Visitar” escrito por Thalita Rebouças. A diferença dessa nova produção é que a própria Thalita escreveu o roteiro, pois ela ficou insatisfeita com o longa-metragem de 2016. O grande destaque da versão de 2023 é a presença de Xuxa como a fada Tatu, marcando o retorno da rainha dos baixinhos aos cinemas. Dessa forma, a roteirista incluiu referências ao universo da atriz e apresentadora no filme dirigido por Vivi Jundi.
A trama gira em torno da adolescente Luna (Antonia Périssé), que recebe a visita da fada Tatu com o objetivo de fazer com que a jovem se torne melhor amiga de Lara (Vitória Valentim). O problema é que a fada não deixa claro de início qual a sua missão e a importância dela, sendo que essa é a sua primeira missão em 40 anos.
Apesar de estar disponível na sinopse do filme, esse objetivo da fada Tatu é tratado como um segredo pela narrativa. Isso se torna um problema durante o desenrolar da trama, pois a fada nunca deixa claro o motivo de tanto mistério. Assim o conflito entre ela e Luna parece forçado, fruto de uma simples falha de comunicação, apesar de ser retratado apenas como algo geracional. E “Uma Fada Veio Me Visitar” brinca principalmente com esse conflito de gerações entre Luna e Tatu. O roteiro talvez peque pelo excesso de piadas geracionais, o que pode fazer com que o longa-metragem não funcione tanto para os jovens quanto os antigos baixinhos que foram animados por Xuxa na televisão.
No entanto é impressionante como a atriz Antonia Périssé retrata com fidelidade como uma típica adolescente pode ser irritante. Já Xuxa esbanja carisma com sua fada Tatu com um bom timing cômico, que infelizmente é sabotado em alguns momentos por uma trilha sonora clichê e efeitos sonoros que ridicularizam demais as situações. O filme acerta ao explorar diversos figurinos diferentes para a fada, alguns remetendo diretamente a algum elemento da carreira da rainha dos baixinhos. Não por acaso Xuxa tem um figurinista e maquiadora só para ela, já que a caracterização da sua personagem destoa totalmente dos outros.
Outro problema do roteiro é o desenvolvimento dos personagens secundários, pois apenas Tatu e Luna têm algum aprofundamento. Um bom exemplo disso é a melhor amiga de Luna, cuja única característica marcante é o fato dela sempre querer comer alguma coisa. É uma pena também que “Uma Fada Veio Me Visitar” não explore a relação de Tatu com as outras fadas, poderia render boas piadas.
Por outro lado, o objetivo da fada foge dos clichês esperados de uma fantasia desse tipo. Afinal de contas, em contos de fadas elas geralmente surgem para ajudar a mocinha a encontrar seu príncipe encantado. Nesse sentido, “Uma Fada Veio Me Visitar” encontra um diferencial, ainda que de alguma forma a vida amorosa de Luna seja afetada indiretamente pela visita de Tatu.
Contudo, isso não é suficiente para que a obra de Vivi Jundi, que se destacou ao dirigir alguns episódios da série “De Volta aos 15”, alcance todo o seu potencial. Apesar de boas intenções e alguns momentos divertidos, o resultado final de “Uma Fada Veio Me Visitar” é irregular e clichê.
Uma frase: – Tatu: “Desde quando que fada bate na porta, meu amor?”
Uma cena: Quando a fada Tatu se veste de She-Ra.
Uma curiosidade: O filme marca o retorno de Xuxa ao cinema, 14 anos após “Xuxa em O Mistério de Feiurinha” (2009).
Uma Fada Veio Me Visitar
Direção: Vivi Jundi
Roteiro: Thalita Rebouças
Elenco: Xuxa, Antonia Périssé, Alice Sayuri Lima, Bubu Duarte, Henrique Camargo, Livia Inhudes, Sarah Aysha, Zezé Barbosa, Anna Lima, Robson Caetano, Camila Loures, Denise Del Vecchio e Ally Vittoria
Gênero: Comédia, Família, Fantasia
Ano: 2023
Duração: 102 minutos
