Crítica | Meu Nome é Gal (2023)

Crítica | Meu Nome é Gal (2023)

O filme “Meu Nome é Gal” presta uma bela homenagem a Gal Costa, uma das maiores e mais importantes cantoras do Brasil, que infelizmente nos deixou em novembro de 2022. O longa-metragem das diretoras Dandara Ferreira e Lô Politi faz um estudo de personagem interessante sobre o início da carreira de artista e alguns dos desafios que ela enfrentou.

Quem dá vida a Gal Costa é Sophie Charlotte e a atriz não tem uma grande semelhança com a cantora. No entanto, durante o filme aos poucos o espectador compra a ideia de que ela realmente é Gal. Sophie se destaca por saber cantar, então nas cenas musicais dá uma maior verossimilhança à personagem. Além disso, aos poucos, através de detalhes como figurino, cabelo e maquiagem, Charlotte se transforma na artista de forma impressionante. É uma pena que no final de “Meu Nome é Gal” tenha uma cena que corta da atriz para a Gal de verdade. Então após alguns vídeos da própria cantora a “magia” é quebrada e o espectador lembra que na verdade realmente a atriz não se parece muito com Gal.

O roteiro de Maíra Bühler e Lô Politi explora de maneira competente a figura de Gal, mostrando o estranhamento dela ao chegar na comunidade onde seus amigos, e futuros artistas, a recebem com um selinho na boca. Fica clara a timidez de Gracinha, como eles a chamam, e acompanhamos esse amadurecimento e transformação na cantora Gal Costa. A principal figura ao seu lado é de Caetano Veloso, interpretado muito bem por Rodrigo Lelis que impressiona por se parecer muito com o cantor. Outro destaque é a relação dela com a mãe, que também tem importância dentro da narrativa. Como na realidade Costa sempre evitou mostrar seu lado pessoal, “Meu nome é Gal” acerta ao explorar esse lado pouco conhecido do grande público.

A questão é que talvez nesse ponto a vida de Gal não tenha tido tantos grandes obstáculos e a timidez, por exemplo, é um elemento difícil de ser explorado. Assim vemos sua luta para vencer a vergonha em cantar em público, o receio de falar sobre sua vida pessoal em uma entrevista para a imprensa, sua sexualidade e o medo de se posicionar politicamente com receio de represália. Enquanto isso, acompanhamos como pano de fundo o nascimento do movimento da Tropicália e a aparição de outros artistas como Gil, Tom Zé e Mutantes, além é claro da escalada da Ditadura Militar.

Na parte técnica a montagem utiliza algumas imagens de arquivo de época para mostrar cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, enquanto a fotografia usa cores saturadas para simular a filmagem da época em que a narrativa se passa. Outro elemento importante é o uso de algumas cenas feitas em Super 8, que também contribuem para a imersão no período.

Em síntese, “Meu Nome é Gal” faz um estudo de personagem eficiente em torno do início da carreira de Gal Costa e acerta ao explorar apenas esse início. A exploração do lado pessoal se destaca, deixando o lado musical em segundo plano, contudo reconhecendo a importância de incluir alguns para mostrar a evolução da cantora. Agora sem dúvidas o principal elemento do filme é a presença de Sophie Charlotte, que apresenta muito carisma e talento ao dar vida de maneira muito boa à Gal.


Uma frase: – Gal Costa: “O meu negócio é música!”

Uma cena: Quando Gal faz o seu primeiro teste para aparecer na televisão.

Uma curiosidade: Alguns anos antes de realizar esse filme, a diretora Dandara Ferreira dirigiu “O Nome Dela é Gal” de 2017, uma série documental da HBO sobre a vida de Gal Costa.


Meu Nome é Gal

Direção: Dandara Ferreira e Lô Politi
Roteiro: Maíra Bühler e Lô Politi
Elenco: Sophie Charlotte, Rodrigo Lelis, Dandara Ferreira, Dan Ferreira, Chica Carelli, Camila Márdila, Luis Lobianco, George Sauma, Pedro Meirelles, Caio Scot e Fábio Assunção
Gênero: Biografia, Drama, Musical
Ano: 2023
Duração: 90 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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