Crítica | Besouro Azul

Crítica | Besouro Azul

Besouro Azul tem um papel importante na questão da diversidade ao apresentar um super-herói latino. No entanto, o filme de Ángel Manuel Soto mostra personagens caricatos e uma história pouco inspirada, que é salva graças ao carisma do elenco.

Curiosamente a trama gira inicialmente em torno da família Kord, onde a personagem Victoria (Susan Sarandon) assume o comando da empresa familiar após a morte do irmão, decidindo explorar o lado bélico da companhia. O trunfo é utilizar um artefato alienígena chamado escaravelho como arma. Contudo, a sobrinha Jenny (Bruna Marquezine) não concorda com as atitudes da tia e quer manter as coisas como eram na época da direção do pai. Assim ela rouba o objeto e entrega para Jaime Reyes (Xolo Maridueña), rapaz que ela conheceu por acaso trabalhando em sua residência.

Então na verdade a trama é protagonizada pelos parentes de Jaime. O escaravelho escolhe o filho mais velho dos Reyes como hospedeiro e assim ele se torna o Besouro Azul. O diferencial do personagem dentro do universo dos super-heróis é que ele tem apoio de sua família, mas infelizmente isso é pouco para que o roteiro de Gareth Dunnet-Alcocer transforme a narrativa em algo que não seja apenas genérica.

O desenvolvimento da trama não é muito fluído e abusa da suspensão de crença para fazer o espectador acreditar em algumas coincidências que ocorrem na narrativa. Um bom exemplo é quando Jaime decide ir atrás de Jenny para conversar sobre o que aconteceu com o escaravelho e encontra a moça por acaso na frente da sede da empresa Kord fugindo dos guardas. Pode parecer uma coisa pequena, mas acontecem muitos outros exemplos disso que prejudicam muito a história.

Na parte da ação Besouro Azul apresenta momentos competentes, mas pouco inspirados. Os efeitos visuais são apenas corretos, não comprometendo muito a verossimilhança do que é visto na tela. Contudo, a direção de Ángel Manuel Soto é pouco inventiva e nesse quesito é onde o seu filme parece ainda mais uma aventura genérica de super-herói.

A trilha sonora também é um ponto curioso e mostra o quanto o longa-metragem está um pouco perdido no que pretende fazer. Os temas compostos por Bobby Krlic alternam entre músicas grandiosas ordinárias de super-heróis e sintetizadores influenciados pelos anos 1980. Inclusive essa referência ao período aparece em alguns momentos de Besouro Azul, mas nunca fica muito claro o que essa influência agrega à narrativa. Pode ser apenas por estar na moda a questão da nostalgia, mas o único elemento do filme que remete um pouco a década é quando surgem fatos relacionados ao pai de Jenny. Só que não fica claro de quando seria essa memória/referência.

Assim, o que sustenta o filme de Ángel Manuel Soto é o talento e química do elenco, especialmente dos protagonistas Xolo Maridueña e Bruna Marquezine. A atriz brasileira mostra um inglês fluente e consegue dar alguma dimensionalidade a sua personagem, enquanto o astro de Cobra Kai se destaca pela fisicalidade e carisma. Por outro lado, Susan Sarandon está totalmente no modo automático e transforma Victoria em uma vilã caricata e unidimensional. No final das contas, Besouro Azul consegue mostrar elementos suficientes para que se torne apenas um filme genérico de super-herói.


Uma frase: – Milagro Reyes [para Jenny]: “Sabia o que ia acontecer com meu irmão quando deu pra ele esse detruidor de mundos?”

Uma cena: Quando Jaime abre na frente da família a caixa de hambúrguer entregue por Jenny.

Uma curiosidade: O filme foi originalmente definido para ser exclusivo para Max (anteriormente HBO Max), mas foi concedido um lançamento nos cinemas.


Besouro Azul

Direção: Ángel Manuel Soto
Roteiro: Gareth Dunnet-Alcocer
Elenco: Xolo Maridueña, Bruna Marquezine, Adriana Barraza, Damián Alcázar, Raoul Max Trujillo, Susan Sarandon e George Lopez
Gênero: Ação, Aventura, Ficção científica
Ano: 2023
Duração: 127 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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