Review | Cobra Kai – 1º Temporada
Cobra Kai é a melhor continuação de Karatê Kid que todos os fãs do clássico de 1984 nem sabiam o quanto mereciam. Dividido em 10 partes, a primeira temporada da série produzida pelo Youtube Red não foi recebida com bons olhos quando anunciada, mas basta assistir aos 2 primeiros episódios (disponibilizados gratuitamente pelo serviço) para que a série roube o seu coração com nostalgia na medida certa e muito carisma.
Ambientada 3 décadas após os filmes – sim, até mesmo o 4º Karatê Kid com Hilary Swank faz parte do canon, apesar do foco ser maior nos dois primeiros – a série apresenta, nos dias atuais, o que aconteceu com Johnny Lawrence (William Zabka) após perder aquela final do campeonato de Karatê para Daniel Larusso (Ralph Macchio). Enquanto Larusso está milionário e possui uma concessionária de venda de automóveis, Johnny sobrevive com pequenos ‘bicos’ e sua vida está quase que completamente destruída, bebendo bastante e sem nenhum propósito ou futuro.
As coisas começam a esquentar quando Johnny decide abrir (novamente), para desespero e diria até ódio de Larusso, o dojo de Karatê Cobra Kai. Johnny começa a treinar um jovem (Xolo Maridueña) que sofre bullying no colégio, mas a questão principal é que a filosofia da Cobra Kai não é exatamente algo muito ‘nobre’: Ataque primeiro, Ataque com força, Sem misericórdia!
Strike First
Para os que estavam céticos quanto a qualidade da série (me incluo nesta lista), Cobra Kai já nos primeiros episódios consegue cativar a sua atenção. Algo que não aconteceu com Johnny logo que conhece o jovem Miguel (ou qualquer outra pessoa, na verdade). A relação dos dois logo passa para algo paternal e aquele que sofre bullying e apanha no colégio, logo que começa a aprender a se defender, digo, a atacar primeiro, transforma tanto a sua vida quanto a das pessoas ao seu redor.
Existe um pequeno embate entre a bondade que Miguel possui dentro de si com a maneira como Johnny lida com as coisas ao seu redor, com muita agressividade ainda que, logo de cara, dê pra perceber que (lá no fundo) existe um sujeito solidário e que apenas não teve bons ensinamentos na vida e, por isso, se tornou quem ele é.
Strike Hard
Fazendo parte do processo de transformação de Miguel e de seus demais colegas (nerds, perdedores e virgens como Johnny, de maneira nada delicada, se dirige a eles) logo o jogo entre opressores e oprimidos começa a trocar de lado. Ainda que não seja exatamente algo ‘correto’ combater violência com mais violência, a verdade é que as cenas de luta – em especial uma que ocorre no refeitório da escola – são lindas de serem vistas. É difícil conter a empolgação que surge a cada golpe certeiro que é dado pelo jovem que, até pouco tempo atrás, só fazia apanhar.
Enquanto a vida de Johnny começa novamente a fazer sentido, ainda que possua graves problemas pessoais e familiares não resolvidos, a vida de Larusso começa a perder o valioso equilíbrio que ele tanto preza e que Myagi tanto o ensinou. Verdade seja dita, Larusso se tornou uma sujeito um tanto quanto babaca com problemas em lidar com seus filhos e tudo começa a desmoronar quando ele vê a Cobra Kai retornar. Seus pesadelos adormecidos começam a ser revividos e ele tenta lutar contra eles sem pensar muito no que está fazendo.
No Mercy
Existe uma jogada que acontece no meio da série, envolvendo um outro jovem que conecta Larusso e Johnny de maneira muito interessante. Em um dos últimos episódios dessa primeira temporada, por um breve momento até parece que eles vão acertar suas diferenças mostrando o quanto eles são parecidos, mas o caminho para o desfecho da série é construído de forma a aflorar algumas diferenças e tornar tudo, deliciosamente, complicado.
A jornada de Miguel se bem trabalhada na vindoura e já anunciada segunda temporada, pode se tornar tudo aquilo que George Lucas deveria ter feito com a trilogia prequel de Star Wars e não conseguiu.
A primeira temporada é encerrada de maneira quase que espetacular, deixando aberto dois grandes ganchos que podem ser muito bem trabalhados, ainda mais com a aparição de um personagem nos momentos finais. Quando sobem os créditos do último episódio, impiedosamente o seu coração já está no chão, mas pronto para se levantar e revidar.
Cobra Kai vale o seu tempo?
Sem dúvidas a série faz por merecer cada minuto dedicado a ela. Os episódios são muito bem dirigidos, as atuações são boas (no geral) e os momentos de nostalgia são bem acertados. As cenas de lutas são ótimas, as discussões levantadas por mais que, principalmente nos primeiros episódios, pareçam um pouco perigosas (combater violência com mais violência) logo tomam um rumo certeiro na procura por um equilíbrio que, se na história ainda não surgiu, pelo menos na série está bem acertado.
Cobra Kai é tudo aquilo que um fã poderia pedir de uma continuação de um dos maiores clássicos oitentistas, é divertido, é cativante e deixa um gostinho de quero mais quando chega ao fim. De longe, uma das melhores séries exibidas neste ano de 2018.
To interessado e ao mesmo tempo com preguiça de assistir, mas vou ver qualquer dia desses.