Crítica | O Homem do Norte (The Northman, 2022)

Crítica | O Homem do Norte (The Northman, 2022)

São poucos os filmes minimamente decentes que abordam o povo viking. De cabeça, consigo lembrar de Valhalla Rising, O 13º Guerreiro e Os Vikings (1958) como exemplares razoáveis do gênero. Ainda bem que o diretor Robert Eggers está por aí com seu jeito metódico de fazer cinema e nos brindou com o colossal O Homem do Norte. Já adianto que ele não deixou as suas peculiaridades de lado ao realizar uma superprodução. Ele foi capaz de alcançar um equilíbrio invejável entre o cinema autoral e o comercial. E aí eu me permito traçar um pequeno paralelo entre o que ele fez aqui e o que Kubrick fez com Spartacus.

Robert Eggers realizou uma enorme pesquisa para dar vida a sua visão do mundo viking. Ele consultou diversos especialistas na área e buscou a autenticidade obsessivamente. Tudo o que vemos em termos de construções nos cenários são de estruturas feitas com materiais que os próprios vikings utilizavam em seu tempo. Até na trilha sonora existe um imenso cuidado, já que a música foi executada com instrumentos daquele povo. Juntando isso tudo com as exuberantes e gélidas locações da Islândia o resultado é uma atmosfera única e realmente imersiva.

Já em relação a trama, ela é simples e eficiente. Essa é uma história de vingança baseada em um conto nórdico que supostamente inspirou Shakespeare a escrever Hamlet. O nome do personagem principal não é mera coincidência. Amleth é um jovem príncipe que assiste o pai ser morto pelo tio e jura eterna vingança. O Homem do Norte é sobre a mais pura vingança, daquela que é servida em um prato frio e pingando sangue. A violência é algo que realmente chama a atenção aqui. Preparem-se para sequências brutais. Há uma em específico que mostra um assalto viking que é um grande feito em diversos aspectos técnicos. Só não esperem por inúmeras cenas de ação nos moldes de Coração Valente ou Gladiador, a abordagem é bem diferente.

Mas nem tudo funciona tão bem assim. É um tanto difícil criar empatia com o personagem principal e seu objetivo. A sensação é até de distanciamento e certa frieza. Não que Alexander Skarsgard não esteja bem, mas Amleth é basicamente uma fera com sentimentos quase impenetráveis. Outro ponto que incomoda é a maneira como Eggers intercala cenas da realidade com outras de sonhos ou visões. Ainda que elas mostrem exemplos interessantes da mitologia nórdica acabam soando mais como distração.

O fato é que O Homem do Norte é uma experiência cinematográfica como poucas hoje em dia. Somos transportados para esse lugar e quase chegamos a sentir a violência e a tensão. Eis um épico intenso e brutal que mostra porque o universo viking exerce fascínio em muitos até os dias de hoje.


Uma frase: – Vou vingá-lo, pai. Vou salvá-la, mãe. Vou matá-lo, Fjolnir!

Uma cena: A invasão viking em take único.

Uma curiosidade: A valquíria usa um capacete com um cisne de bronze como enfeite. Na mitologia nórdica as valquírias assumiriam a forma de cisnes.


O Homem do Norte (The Northman)

Direção: Robert Eggers
Roteiro: Robert Eggers, Sjón
Elenco: Alexander Skarsgard, Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Claes Bang, Bjor, William Dafoe
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Ano: 2022
Duração: 137 minutos

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *