Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Crítica | Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Era de se esperar que o próximo filme do Homem-Formiga explorasse o universo quântico, já que vimos apenas uma amostra dele em “Homem-Formiga e a Vespa“. O problema de “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” em explorar esse novo mundo é que ele tira a humanidade do personagem, pois até então a graça das histórias protagonizadas por Scott Lang era justamente fugir um pouco do MCU com tramas divertidas e momentos cômicos com Luis (Michael Peña) em roubos hilários. Tudo bem, era importante fugir dessa fórmula e trazer um pouco de frescor, mas infelizmente o que vemos em Quantumania é uma mistura genérica de “Guardiões da Galáxia” com Star Wars.

O início de Quantumania é promissor justamente por mostrar Scott (Paul Rudd) em seu cotidiano sendo reconhecido como super-herói e o avanço do seu relacionamento com a filha Cassie (Kathryn Newton) e com sua namorada Hope (Evangeline Lilly), que assume o comando da empresa do pai (Michael Douglas) e retoma a relação com a mãe (Michelle Pfeiffer). No entanto, o tom da narrativa muda quando uma experiência científica de Cassie para entrar em contato com o mundo quântico dá errado e todos eles vão parar lá. Durante a transição entre mundo os personagens se separam involuntariamente em dois grupos, pois cada um para em um lugar diferente do lugar, e ambos têm o mesmo objetivo de encontrar uma forma de sair de lá.

A partir desse ponto Quantumania apresentada um novo universo e assume um tom grandioso, mas tedioso, com uma pegada meio retrofuturista. O problema é que nada nesse lugar parece minimamente interessante ou cativante. Então a cada nova criatura que surge na tela a sensação é de já ter visto algo similar em alguma outra produção, inclusive dentro do próprio MCU. Os efeitos visuais são pouco criativos e irregulares, sempre com aquela sensação de algo sem vida criado por computador. A trilha sonora pouco inspirada de Christophe Beck também ajuda a manter a sensação de estarmos diante de um universo sem alma.

Já o roteiro de Jeff Loveness serve apenas para dar motivos para que cada grupo de personagens se movimente por dentro do universo quântico e assim encontrar novos lugares e criaturas. E esse mundo é tão pouco expressivo visualmente, que são necessários diversos diálogos expositivos para explicar o funcionamento dele. A maioria vem da equipe formada por Hope, Jantet e Pym, com a desculpa do fato da senhora van Dyne ter omitido desde que saiu de lá o que aconteceu com ela enquanto esteve presa no lugar. Enquanto isso, a dupla Scott e Cassie explora a relação pai e filha de forma bastante preguiçosa.

Para completar temos o vilão Kang, interpretado por Jonathan Majors, que talvez seja o elemento mais sem inspiração de Quantumania. A motivação do personagem não é bem explorada e seus poderes incluem grandes habilidades, mas uma incapacidade de realizar coisas simples. Tanto que ele precisa das habilidades furtivas de Scott somente para que exista alguma razão para que ele simplesmente não matasse o herói. Existe também uma relação entre Kang e Janet, mas nem isso o roteiro explora de maneira minimamente interessante, sendo que em muitos momentos durante o longa-metragem alguém a questiona sobre o que aconteceu entre eles, para justamente saber com o que estão lidando, mas ela se recusa a responder. E no final das contas essa grande revelação não serve para muita coisa dentro da narrativa.

Se mesmo com problemas Quantumania conseguisse manter o bom humor dos filmes anteriores do “Homem-Formiga” o resultado poderia ser ao menos divertido. Infelizmente não é isso que acontece. A começar pelo fato de que não termos a participação de Michael Peña. No lugar temos um humor bizarro, explorado na aparição de criaturas peculiares, especialmente na figura de M.O.D.O.K., que traz de volta o ator Corey Stoll. O resultado é muito insatisfatório, pois faltam personalidade e carisma para esses novos personagens.

Assim, “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” parece servir apenas para introduzir um novo grande vilão, que deve aparecer em outros longas-metragens. A Marvel entrega um filme mais genérico do que o normal onde a megalomania em explorar multiversos e novos mundos é maior do que simplesmente contar uma boa história. 


Uma frase: – Scott Lang: “Eu não preciso vencer. Nós dois só precisamos perder!”

Uma cena: Quando o personagem Lord Krylar (Bill Murray) aparece.

Uma curiosidade: Bill Murray estava interessado em ingressar na Marvel por um tempo e até ligou para Kathryn Newton para perguntar se ela concordava com ele se juntar ao elenco deste filme.


Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania)

Direção: Peyton Reed
Roteiro: Jeff Loveness
Elenco: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Jonathan Majors, Kathryn Newton, David Dastmalchian, Katy O’Brian, William Jackson Harper, Bill Murray, Michelle Pfeiffer, Corey Stoll e Michael Douglas
Gênero: Ação, Aventura, Comédia
Ano: 2023
Duração: 124 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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