Crítica | Decisão de Partir

Dono de uma carreira recheada de obras com um algo a mais, o diretor coreano Park Chan-wook novamente entrega um trabalho diferenciado. Decisão de Partir não está no nível de Oldboy ou A Criada, mas é uma experiência que mostra muitas das características que fazem o cinema dele ser tão intrigante.

Decisão de Partir é basicamente um thriller coreano com uma pegada noir. É uma história de mistério, investigação e pitadas de voyeurismo. Acompanhamos um policial insone tentando solucionar o caso da morte de um montanhista. Logo, ele se vê envolvido com a esposa do falecido de uma maneira mais profunda do que ele gostaria.

O que é realmente marcante aqui não é trama propriamente dita, mas sim o estilo peculiar empregado por Park Chan-wook. Graças a uma atmosfera inquietante construída com paciência e a certas demonstrações de criatividade em termos de montagem, Decisão de Partir é hipnótico.

É interessante observar algumas pistas espalhadas pelo caminho e observar com atenção as atitudes dos personagens principais. Assim, podemos compreender melhor as reviravoltas da história.

O que é um film noir sem uma Femme Fatale, não é mesmo? O policial se vê completamente fascinado pela mulher. Há um jogo de sedução ali cheio de pequenos atos que funcionam até melhor no contexto da cultura coreana.

Referenciando o cinema de Polanski e Hitchcock, Park Chan-wook oferece uma obra para ser aproveitada sem pressa. Ainda que o final possa decepcionar, o caminho até ele é dos mais virtuosos.

Uma frase: – No momento em que você disse que me amava, seu amor acabou. No momento que o seu amor acaba, o meu começa.

Uma cena: O encontro embaraçoso no mercado.

Uma curiosidade: Marca do diretor: existem vários polvos pendurados no fundo durante a cena do mercado.

Decisão de Partir (Heojil Kyolshim)

Direção: Park Chan-wook
Roteiro: Park Chan-wook, Chung seo-kyung
Elenco: Park Hae-il, Tang Wei, Lee Junh-hyun
Gênero: Policial, Drama, Mistério
Ano: 2022
Duração: 139 minutos