Crítica | Moonage Daydream

Crítica | Moonage Daydream

Moonage Daydream é mais do que um simples documentário sobre David Bowie, é uma experiência cinematográfica sensorial através da carreira do músico. O diretor Brett Morgen não apresenta uma estrutura tradicional, mas sim algo criativo e inovador, justamente para combinar com o que Bowie representa como artista. Talvez por ser “diferente”, o filme não seja indicado para aqueles que não sabem nada sobre David. Por outro lado, abraçar essa “estranheza” é extremamente recompensador por proporcionar contato com o trabalho do artista de forma mais “orgânica” e assim, ao terminar de assistir, ficar com vontade de correr atrás de mais informações sobre sua carreira.

O diretor Brett Morgen faz um mergulho em diversas imagens do arquivo de Bowie para mostrar através do ponto de vista do próprio artista quem ele era, quais eram suas ideias, seu modo de pensar, alegrias e tristezas. Assim em uma hora vemos algum trecho de uma entrevista, para em seguida vermos um pedaço de algum show, pois suas letras contam bastante sobre ele mesmo.

A montagem feita pelo próprio Morgen alterna entre diversos pedaços da carreira de David Bowie sem em nenhum momento perder a coesão. O trabalho de pesquisa é incrível e o cineasta constrói um documentário psicodélico e que no seu formato visual e estético define bem o estilo “camaleônico” de Bowie. David era mais do que um músico, ele era literalmente um “artista” já que além de músico também foi ator e pintor.

As apresentações musicais são com certeza o grande trunfo de Moonage Daydream ao mostrar trechos raros e inéditos de shows de Bowie. O material foi restaurado e remasterizado resultando em uma incrível qualidade de som e imagem. Através dessas cenas é possível sentir um pouco como eram as apresentações do artista, que investia bastante na parte visual com figurinos e cenografia de palco.

Em síntese, o diretor Brett Morgen faz um trabalho inovador e criativo em Moonage Daydream, fazendo com que o documentário se transforme em uma incrível experiência sensorial através da carreira de David Bowie. O mais incrível é como ele consegue de alguma forma definir Bowie através de som e imagem. E isso é algo muito difícil, considerando o quão complexa foi a vida do artista.


Uma frase: – David Bowie [respondendo se seus sapatos eram também bissexuais]: “São sapatos, tolinho.”

Uma cena: David Bowie sendo entrevistado por um senhor mais velho que fica fascinado pelo fato do cantor se assumir bissexual.

Uma curiosidade: O documentário omite completamente Angie Bowie (neé Barnett). Ela foi a primeira esposa de David Bowie de 1970 a 1980 e é mãe do cineasta Duncan Jones. Angie serviu de inspiração para as músicas: “The Prettiest Star”, “Cracked actor” e “Golden Years”.


Moonage Daydream

Direção: Brett Morgen
Roteiro: Brett Morgen
Elenco: David Bowie
Gênero: Documentário, Musical
Ano: 2022
Duração: 140 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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