Review | House of the Dragon – SE01E01 – The Heirs of the Dragon

Review | House of the Dragon – SE01E01 – The Heirs of the Dragon

Em House of the Dragon o universo de George R.R. Martin retorna, agora com muito mais dragões.

Já era sabido, desde antes do encerramento de Game of Thrones, que a HBO não iria deixar essa fonte secar tão facilmente. Dos diversos projetos anunciados, vingou, até então, um prequel. Em House of the Dragon acompanharemos a história da dinastia Targaryen há cerca de 200 anos antes de Daenerys destruir Porto Real em um ataque de fogo e fúria. A série é baseada no livro “Fogo e Sangue” – também lema da família Targaryen – de Martin que conta, quase de forma enciclopédica, o período do reinado dos poderosos Senhores dos Dragões em Westeros.

Mas, essa não é a única diferença entre House of the Dragon e Game of Thrones. Enquanto o piloto e particularmente a primeira temporada da série original contaram com um orçamento apertado que exigia dos produtores criatividade para recriar um mundo de fantasia medieval com o desafio de ser verossímil, como a obra de Martin exige, “The Heirs of the Dragon“, o piloto de House of the Dragon, na esteira do incontestável sucesso da franquia é reputado como um dos mais caros da história da televisão. Só alto custo, aparentemente, devidamente investido em efeitos especiais e design de produção. 

[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]

Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos encontrados em The Heirs of the Dragon, o primeiro episódio da primeira temporada de House of the Dragon.

O temor inicial poderia ser que tanto dinheiro deslumbrasse os novos produtores e o principal atrativo da série de Martin se perdesse. Mas, pelo menos considerando o primeiro episódio, nem de longe é isso que acontece. Na verdade, ocorre justamente o oposto.

Em Heirs of Dragon vemos um uso inteligente de planos abertos, em contraste com os muitos planos fechados do piloto de Game of Thrones, para jogar a audiência dentro do cenário fantástico, que embora já nos seja conhecido, nunca havia sido visto de tal forma. Quanto ao design de produção, cenários e figurinos, esses que sempre foram de alta qualidade em toda a série, aqui têm sua qualidade mantida e em certo sentido é até mais ousada. Um bom exemplo disso é a armadura de Daemon Targaryen (Matt Smith, muito bem no papel): os detalhes ali elevam o tom de fantasia, sem perder a verossimilhança, em sintonia com um mundo no qual a magia era muito mais presente. O contexto político, em suma, é firmemente reforçado por todos esses elementos com um esplendor fantástico de encher os olhos. É como se The Crown e Lord of the Rings se encontrassem e tivessem um filho bastardo que gosta um pouco demais de violência. 

House of the Dragon tem entre seus personagens principais o já mencionado Daemon e sua sobrinha Rhaenyra (inicialmente vivida por Milly Alcock e que logo mais será interpretada por Emma D’Arcy), filha do rei Viserys (sim, aquele mesmo em homenagem de quem o irmão de Daenerys em Game of Thrones foi nomeado). Viserys (Paddy Considine), que chegou ao trono pois os Lordes de Westeros não estavam prontos a aceitar Rhaenys sua prima, a filha do Rei Jaehaerys Targaryen, como rainha. Isso, é claro, não agradou nada Rhaenys e seu marido, Lorde Corlys Velaryon (Steve Toussaint), um dos nobres mais poderosos dos Sete Reinos, dono de uma marinha pessoal capaz de rivalizar com a do reino e membro de uma também antiga casa do reino ancestral da Valyria. Viserys, por sua vez, é um pai e rei afável que, contudo, parece pouco resoluto e até mesmo um pouco inseguro. Sua grande preocupação parece ser mesmo garantir a continuidade de sua linhagem, já que ele carece de um herdeiro homem. Esse será, inclusive, a motivação por trás de seu pior erro como rei e homem que levará a uma tragédia pessoal que aparentemente o assombrará pelo resto da vida. 

Nesse cenário, cabe à Mão do Rei, o discreto Otto Hightower (aqui interpretado pelo sempre excelente Rhys Ifans) tomar as decisões que o treino demanda. Enquanto isso, Daemon, o irmão de Viserys, confiante de que o irmão não terá herdeiros homens, espera, nada sutilmente, pelo dia em que o trono de ferro de Westeros lhe será negado. A disputa pelo Trono de Ferro, enfim, mais uma vez é a força motriz da trama, desta vez, porém, com todo o conflito se concentrando no seio da família Targaryen. Todo esse imbróglio, se aqui por você lido parece complicado, é explicado de maneira bastante didática e eficiente pelo texto já no primeiro episódio, o que é mais um ponto forte do episódio. 

Para os fãs, há ainda uma série de easter eggs e referências bem interessantes à série original. Basta uma busca rápida na Internet para encontrar diversos bons canais de conteúdo tratando disso, pelo que me furtarei de, acerca disso, mais comentar. 

Por fim, temos a direção do excelente Miguel Sapochinick, responsável pelos melhores episódios de Game of Thrones. Além de ser produtor executivo, Sapochinick conhece o material em suas mãos como poucos e ele usa a câmera, aqui, como um veterano de Westeros, nos imergindo totalmente no retorno a esse universo fantástico. 

Ainda é cedo para dizer se House of the Dragon alcançará o sucesso e a qualidade de sua predecessora. Mas uma coisa é certa, a série começou muito bem e parece seguir no caminho certo. 



House of the Dragon

Temporada:
Episódio: 01
Título: Heirs of the Dragon
Roteiro: Ryan Condal
Direção: Miguel Sapochnik
Elenco: Paddy Considine, Matt Smith, Emma D’Arcy, Rhys Ifans, Steve Toussaint, Eve Best, Sonoya Mizuno, Fabien Frankel, Milly Alcock, Emily Carey e Graham McTavish
Exibição original: 21 de agosto de 2022 – HBO

Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

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