Review | Slipstream
Um gênero de jogos que ficou bastante popular entre os brasileiros durante a geração dos 16-bits foi o dos jogos de corrida. Talvez o principal expoente dessa época foi o clássico Top Gear, lançado para o console Super Nintendo, e que atingiu um status cult principalmente no nosso país, tendo um sucesso apenas moderado no resto do mundo.
É um jogo que se tornou tão querido que ganhou um “sucessor espiritual”, chamado Horizon Chase, na mão do estúdio brasileiro Aquiris.
E tal qual o Top Gear, cujo herdeiro nasceu pelas mãos de uma equipe nacional, um dos seus principais concorrente à época, OutRun, lançado pela Sega para o seus consoles de terceira e quarta geração (Master System e Mega Drive, além do arcade) ganha um filhote pelas mãos do desenvolvedor mineiro Sandro de Paula, o game Slipstream, lançado recentemente para PCs e Consoles.
Visualmente falando, o jogo remete muito ao clássico da Sega, com suas pistas ensolaradas e corridas no litoral. Outra semelhança vem do modo principal do jogo, onde depois de cada trecho da corrida, o jogador tem uma bifurcação e deve optar entre a saída da esquerda ou da direita, que muda o conceito da próxima sequência da corrida que ele vai pegar.
Porém, ao contrário de Horizon Chase, que procura ser o mais fiel à experiência da época possível (mas com uma mentalidade de design mais moderna), Slipstream traz um tempero diferente na jogabilidade, em especial através de duas novas mecânicas: o drift e o slipstream (vulgarmente conhecido como “pegar o vácuo”).
O drift é essencial, uma vez que as pistas possuem curvas bem fechadas e não basta simplesmente o jogador acelerar e “girar o volante” para fazer a curva, como era o caso destes jogos antigos. É preciso frear o carro, enquanto vira o volante para o lado que se deseja ir e pisar no acelerador ao mesmo tempo, para fazer o carro derrapar e conseguir realizar a curva.
O comando é difícil e exige um pouco de treino para se executar, mas se o jogador preferir, pode habilitar o drift automático antes da corrida, que habilita a manobra automaticamente nas curvas mais difíceis e facilita bastante a jogabilidade.
A outra mecânica, que também dá o nome ao jogo, é a que substitui o “nitro” nos jogos antigos… onde ao invés de apertar um botão para acionar o turbo, é necessário se aproximar de um carro rival por trás e “pegar o vácuo” dele por um tempo, o que vai dar um boost temporário na aceleração do jogador e facilitar na ultrapassagem.
Outro recurso muito bem-vindo, já presente na maioria dos jogos de corridas modernos, é de “rebobinar” após cometer um erro – mas não dá pra abusar dessa facilidade, uma vez que a cada uso é necessário aguardar um tempo de “cooldown” para usar novamente.
Esteticamente o jogo remete bem àquela época, até mais do que Horizon Chase, por possuir um estilo artístico pseudo-3d com uma pixel art que é bem inspirada pelos clássicos de outrora.
A trilha sonora, composta basicamente de faixas synth wave, também remete bastante aos anos 80/começo dos anos 90, e ajuda a contribuir para esse clima, mas não é nem de longe memorável.
Além do modo principal, o jogo tem outras modalidades, como um modo de campeonato, uma corrida contra o tempo e até um battle royale. É um jogo desafiador no modo normal dele, mas além do jogo citado “drift automático”, o jogo possui diversos ajustes de dificuldade, tornando ele bem acessível.
Vale dizer que ele também possui multiplayer local para até quatro jogadores em tela dividida, o que pode animar bastante aqueles que têm saudades dos tempos de locadora.
Em suma, é um jogo que faz muito bem o que ele se propõe a fazer – que é saciar a sede de nostalgia dos fãs dos arcades racers dos anos 90, mas sem deixar de trazer sensibilidades modernas para o gênero. Para aqueles que querem resgatar um gostinho da época, é mais do que recomendado.
Classificação:
Slipstream
Plataformas: Microsoft Windows, Linux, macOS, Xbox, PlayStation 4|5 e Nintendo Switch
Produtora: ansdor
Desenvolvedora: ansdor
Gênero: Jogo eletrônico independente, Jogo eletrônico casual, Racing
Ano: 2018 /2022
Um dos jogos que não esqueço. Top Gear é TOP!!