Crítica | Riqueza Tóxica (Prospect)
“Riqueza Tóxica (Prospect)” é um daqueles belos exemplos de ‘pequeno’ grande filme de Ficção Científica. Além de ter a dose certa de suspense e mistério, num roteiro que sabe conduzir o espectador (com interesse) até o seu desfecho, conta com boas atuações e utiliza efeitos práticos, de forma muito acertada, para trazer o clima necessário para um belo sci-fi. Tudo isso com um orçamento baixo se comparado com os padrões das grandes produções do gênero.
Na trama vamos acompanhar uma jovem adolescente (Sophie Tatcher) e seu pai (Jay Duplass) ‘descendo’ numa lua distante atrás de gemas preciosíssimas – que precisam serem colhidas com muita técnica e cuidado – num ambiente extremamente tóxico para o organismo humano. Eles tem o tempo contado para voltarem com segurança e, para piorar, não são os únicos a procura de riqueza no meio dessa floresta alienígena hostil.
Talvez um dos maiores chamarizes para o filme seja a participação de Pedro Pascal (Narcos, Game of Thrones) e é justamente quando seu personagem surge em tela que as coisas se complicam. A protagonista tem que lidar não só com a ganância de seu pai, que a arrasta junto com ele em uma situação mais mortal do que a atmosfera tóxica da lua onde estão, mas também necessita traçar seu próprio caminho se quiser sobreviver a tudo o que vai surgindo nessa sua perigosa jornada.
Normalmente histórias de pessoas tentando sobreviver em ambientes alienígenas hostis se passam em lugares desertos e totalmente inóspitos. Contudo “Riqueza Tóxica” traz os personagens para um lugar muito verde onde os reais perigos (além das pessoas, claro) são polens tóxicos onde qualquer contato com a pele ou mal funcionamento de filtros para respiração podem ser fatais.
O design de produção é muito bem pensado, que é possível perceber em cada enquadramento que é utilizado em cena (a famosa mise-en-scène), além de ter um significado claro ajuda a construir toda a atmosfera do filme. Os equipamentos utilizados – foram contratados desde carpinteiros até designs industriais para construir os equipamentos e ferramentas – parecem muito verossímeis e, cada um deles tem função na construção dos personagens e em situações chave da história. Até mesmo a poeira tóxica que existe na floresta foi criada com utilização de efeitos práticos. Tudo isso traz ‘vida’ ao filme e te transporta para uma espécie de velho oeste localizado em alguma parte distante de algum sistema solar abandonado.
Baseado em curta homônimo de 15 minutos, “Riqueza Tóxica” possui um roteiro bem simples e direto e, em sua essência não traz nada de novo ou espetacular. Entretanto, tudo é tão bem acertado e dirigido que torna esta uma daquelas produções que são mesmo uma joia rara, principalmente para aqueles que gostam de uma boa ficção científica e estão perdidos no loop eterno de decepções da Netflix.
Uma frase: – Nós queremos a garota.
Uma cena: A colheita final.
Uma curiosidade: Os produtores, fãs da clássica série da HBO “The Wire (A Escuta)”, fizeram questão da participação de Andre Royo (“Bubbles”) como um dos personagens secundários da trama..
Riqueza Tóxica (Prospect)
Direção: Christopher Caldwell e Zeek Earl
Roteiro: Christopher Caldwell e Zeek Earl
Elenco: Sophie Thatcher, Jay Duplass ,Pedro Pascal e Andre Royo.
Gênero: Ficção Científica, Thriller
Ano: 2018
Duração: 100 min
Fiquei motivada a ver o filme. Espero que já esteja em cartaz. Mas achei super interessante a descrição do comentarista de si mesmo.
Ele está no catálogo da Netflix, vale muito à pena.
Eu gostei do filme, concordo com quase tudo que falou sobre ele, mas duas coisas eu detestei. A garota acaba de perder o pai assassinado, e assim que volta pra nave, logo após ter visto o pai ser assassinado, começa a escutar música, a brincar, e a rir, como se nada de mal tivesse acontecido. Depois ainda fica amiga e salva o cara que matou o próprio pai. Essas duas situações eu achei sem sentido e muito forçado.
É uma reação um pouco estranha realmente, mas a questão em relação a ela “ficar amiga” do cara que assassinou o pai dela é mais complexa um pouco. Ela não tinha como sair de lá sem a ajuda dele, era mais uma questão de necessidade do que propriamente uma “falta de consideração” com o pai dela ou com seus princípios.
Concordo plenamente com a tua observação a cena da garota ouvindo música, fazendo brincadeiras brincando, e macaquices logo depois de perder o pai e ter fugido de ser morta é completamente é ridícula e patética eu confesso que parei de assistir o filme
A outra opção seria chorar, ficar de luto e morrer no planeta, não sei se o filme seria melhor assim