Review | Barry – 1ª Temporada

Review | Barry – 1ª Temporada

Barry, interpretado por Bill Hader, é um personagem bem interessante. A série da HBO investe no humor mais moderno, que tem uma pegada meio “triste”, como a animação BoJack Horseman, por exemplo. O protagonista do programa é um ex-fuzileiro que ganha a vida como matador de aluguel. O homem não está feliz com sua profissão e sua vida, mas durante uma missão em Los Angeles ele se envolve com um grupo de teatro e parece encontrar algo que pode deixá-lo feliz.

A vida pós serviço militar é uma questão complicada nos EUA. Muitos deles voltam com problemas psicológicos e tem dificuldade em voltar para uma vida normal. Barry é um bom exemplo disso. É claro que o personagem tem algum tipo de distúrbio, talvez também um pouco de depressão. A única coisa que ele acha que sabe fazer e que tem talento é matar, então viver como assassino de aluguel parece conveniente.

Ele é influenciado por Monroe Fuches (Stephen Root), que é o seu “empresário” e arruma os serviços. Fuches funciona também como uma espécie de figura paterna e guia na vida de Barry. Quando o protagonista resolve entrar no grupo de teatro e largar a vida de matador, Monroe irá fazer de tudo para não perder o seu melhor “funcionário”.

Bill Hader é conhecido por seu trabalho no programa humorístico Saturday Night Live, onde ele interpretou os mais diversos tipos de personagens, sempre explorando o nonsense, exageros e o besteirol. Então é interessante ver o ator dar vida a Barry, um papel bem diferente do seu estilo. A “graça” do protagonista é vê-lo tentar viver uma vida normal, enfrentando o dilema e as dificuldade de largar a sua profissão de assassino de aluguel. O homem é uma figura calada e tímida, bastante introspectivo e com uma clara dificuldade social de se relacionar com outras pessoas. Mas ao mesmo tempo é uma pessoa perigosa e um assassino frio. Agora imaginem ele tentar se tornar um ator.

A série do HBO criada pelo próprio Bill Hader junto com Alec Berg (Silicon Valley) explora muito bem as nuances e dilemas do protagonista, indo do drama à comédia com muita naturalidade. A parte cômica fica na relação de Barry com seus colegas de teatro.

O professor de dramaturgia é Gene Cousineau (Henry Winkler), que é uma mistura de explorador financeiro de seus alunos com algo meio canastrão, mas que ao mesmo tempo em alguns momentos parece realmente acreditar nos seus aprendizes. Esse personagem é sem dúvidas um dos grandes destaques do programa.

A relação entre Barry e Sally Reed (Sarah Goldberg) também é uma mistura de drama e comédia. Ele se apaixona por ela, mas tem enorme dificuldade em se relacionar com ela, sem nunca saber se é algo verdadeiro ou apenas uma relação casual. Tudo isso por causa de sua dificuldade social em se relacionar com outras pessoas.

Além da mistura de drama e comédia, Barry também tem um pouco do elemento de filmes de ação. Afinal de contas o protagonista é um assassino de aluguel, então o seu trabalho envolve situações de bastante perigo. Ele se envolve com a máfia Chechênia e os mafiosos também apresentam uma mistura interessante entre o cômico e a ameaça. O personagem também tem que lidar com a investigação policial dos seus assassinatos.

Barry é mais um acerto da HBO e mostra que dentro do humor é possível utilizar outros gêneros, transitando entre eles de maneira natural e interessante. Bill Hader surpreende ao interpretar o protagonista de maneira bem diferente de outros papéis cômicos que ele costumava fazer. Seu carisma e talento contribuem muito para tornar o programa bem sucedido. Uma comédia dramática que acerta em explorar um tema complexo e interessante. Durante a 1ª temporada a série mostra bem as dificuldades do protagonista em largar sua antiga vida em busca da felicidade. A deixa para a próxima temporada é muito boa, vamos ver até onde Barry conseguirá ir ao lidar com as consequências de seus atos na tentativa de ser feliz em uma vida normal.



Barry – 1ª Temporada

Criado por: Alec Berg e Bill Hader
Emissora: HBO
Elenco: Bill Hader, Stephen Root, Sarah Goldberg, Glenn Fleshler, Anthony Carrigan e Henry Winkler
Ano: 2018

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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