Review | Homeland 5×05: Better Call Saul

Review | Homeland 5×05: Better Call Saul

Carrie descobre que a mesma pessoa que está por trás de suas tentativas de assassinato pode estar manipulando Saul e estar envolvida de alguma forma com o vazamento de dados da CIA em Berlim. A quinta temporada de Homeland deixa, enfim, toda a preparação para trás e começa a colocar as cartas na mesa.

Atenção: o review a seguir contém spoilers do episódio. Recomenda-se a leitura apenas após se assistir ao mesmo.

O episódio dessa semana tem um título que dispensa qualquer comentário. Trata-se de uma merecida homenagem a uma das mais divertidas e interessantes séries da atualidade que estrearam esse ano. Mas também é bem evidente que marcará uma outra esperada reunião na série entre Carrie e seu mentor, enquanto que, paralelamente, revelações ainda mais espantosas são feitas sobre uma outra perigosa protegida de Saul.

Após a explosão do avião que matou o General Youssef e sepultou o plano de Saul para estabilizar a Síria, Dar Adal voa para Suíça para tentar descobrir o que aconteceu. É evidente que há alguém dentro da Agência jogando contra eles e ajudando nas sombras outros jogadores inimigos. Para nós, é bem evidente quem seja essa pessoa. Mas a pessoa em questão tem habilidade o suficiente para saber manipular outros jogadores na direção que é de seu interesse: para longe de si, e a contra Saul Berenson.

Esse é um dado novo no episódio, acerca do qual Carrie ainda não está a par. O que ela logo descobre, através dos contatos de Quinn na inteligência alemã, é que os Russos estão mais envolvidos com toda a trama do que até mesmo nós pudéssemos suspeitar anteriormente. Mais tarde, quando Carrie descobre através de Laura Sutton que os dados roubados da divisão da CIA na Alemanha pela invasão do hacker Gabe H. Coud foram vendidos aos Russos, o envolvimento dos Russos resta absolutamente fica confirmado.

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Guerra da informação livre

Enquanto isso Numan (Atheer Adel) decide vestir a máscara de Gabe H. Coud e insuflar outros ativistas como ele contra os assassinos de seu amigo e da namorada dele. Numan utiliza imagens internas do bordel onde ele trabalha que mostram o diplomata Russo com o qual Korzenik havia negociado, acusando-o dos assassinatos, e levando as ruas de Berlim a se agitar com protestos.

É interessante a forma como Homeland vem abordando questões de liberdade de informação e ao ativismo relacionado à ela, claramente remetendo a Edward Snowden e Julian Assange. Esses são, atualmente, elementos fundamentais de um intrincado jogo de interesses que apenas se tornou mais complexo e imprevisível com a participação direta de outros atores que não as agências governamentais. O personagem de Atheer Adel vem progressivamente conquistando espaço na trama, e seu idealismo ou fará dele mais uma vítima, ou uma peça mais importante até o final da temporada.

Love hurts

Penosa mesmo é a situação de Peter Quinn. É triste ver às profundezas até onde uma mulher pode fazer um homem chegar. Quinn segue sofrendo pelo tiro que tomou. Seu estado de saúde se agrava, e Carrie é obrigada a chamar Jonas, um outro homem arrastado pelo rastro de catástrofe, como um furacão, que Carrie deixa ao se mover em direção a seu objetivo. Quinn, em determinado, percebe a ironia disso tudo e ri da situação de Jonas. Ele, Quinn, tem consciência de seu destino. Mas o pobre Jonas ainda não foi capaz de perceber a extensão dos danos a se envolver com uma força da natureza em forma de mulher.

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“Eu não sou cachorro, não…”

Para salvar Quinn, que parece que não irá sobreviver, Jonas tenta ligar para o serviço de emergência. Mas Quinn sabe que se ele for parar em um hospital a sua morte não será o maior dos problemas. Se ele for pego, saberão que Carrie está viva, e isso ele não pode aceitar. Assim, após despistar Jonas (pobre Jonas…) ele decide simplesmente dar cabo de sua própria vida. E no que parece ser um dos Deus Ex Machina mais evidentes de toda Homeland, ele é impedido por um transeunte que insiste que Deus o colocou ali para salvá-lo. Nem Quinn acredita. Un-Fucking-Believable.

Mas se um dos objetos do último episódio foi o encontro entre Quinn e Carrie, esse trata do encontro desta com Saul. E diferente de Quinn, Saul não é assim tão vulnerável à força colateral destrutiva de Carrie. Ao contrário, ambos podem ainda não saber, mas tudo indica que a melhor chance de sobrevida que ele tem, a curto prazo mesmo, é receber a ajuda de Carrie. O encontro entre ambos, não poderia ser de outra forma, é enfim o ponto mais esperado do episódio.

Na teia da aranha

Mas isso só acontece depois que observamos Allison Carr (Miranda Otto) espalhar sua teia de manipulação e revelar sua aliança com os Russos. Há muito que se especular ainda. Seria Carr uma agente dupla? Ou simplesmente alguém que se envolveu demais em problemas com os quais não seria capaz de dar conta por si só, levando-a finalmente a recorrer ao auxílio da concorrência. Uma coisa é certa, seu relacionamento com Krupin (Mark Ivanir) aparentemente um dos chefes da SVR – a agência de inteligência Russa – em Berlim parece já vir de longa data e envolver bastante confiança. Se eu gostasse de especular – tá, eu gosto – diria que ela – Allison Carr – está para Krupin assim como Carrie está para Saul.

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Fica claro então que a arremetida de Allison contra Saul em episódios prévios não foi apenas uma tentativa desesperada de sobrevivência profissional. Há, de fato, um plano em curso envolvendo a SVR para desacreditar Saul Berenson perante a CIA e principalmente Dar Adal (F. Murray Abraham). Um plano tão conspiratório que envolve, não apenas a explosão de uma avião com um general sírio, mas também forjar provas do envolvimento de Israel no atentado e fazer parecer que Saul, por sua origem judia e seu relacionamento com um dos chefes de inteligência israelense, vem acobertando e co-conspirando com o Mossad contra a CIA.

Ora, já havia afirmado aqui que essa temporada envolveria um jogo bastante intrincado, mas francamente, eu não esperava que eles fossem tão longe. E isso é bom. Isso é muito bom. Deixa muito claro que o jogo de poder do xadrez internacional é muito mais vasto e sombrio do que gostaríamos de supor. Sempre e há inúmeros jogadores agindo ao mesmo tempo, e mover uma peça aqui, pode influenciar dezenas de outras inadvertidamente em outro lugar do mundo.

É claro que isso tudo não poderia ser justificado única exclusivamente pela necessidade de desacreditar Saul e matar Carrie. Outra coisa que aprendemos nesse episódio é que tudo se resume aos dados que foram hackeados por Gabe H. Coud do posto da CIA em Berlim. Dentre aqueles dados há informações que, ao que tudo indica, comprometem profundamente Allison Carr e a SVR. E que de alguma forma, Carrie Mathison e Saul Berenson estão tão intimamente ligados a essas informações que, a única forma de controlar efetivamente os danos gerados pelos atos de Numan, é remover definitivamente aqueles dois do tabuleiro.

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Ainda há muito que se revelar nessa quinta temporada de Homeland, e eu sinceramente espero que eles tenham capacidade de responder à pelo menos metade das questões levantadas. Uma coisa é certa, o quinto episódio abre o início efetivo da temporada, deixando toda a preparação para trás, colocando Saul, Carrie e Quinn mais uma vez juntos, sozinhos e em uma posição desprivilegiada,  prestes a ter que encarar o que parece ser um dos maiores desafios de suas vidas.



hOMELANDPostersSérie: Homeland
Temporada:
Episódio: 05
Título: Better Call Saul
Roteiro: Benjamin Cavell & Alex Gansa
Direção: Michael Offer
Elenco: Claire Danes, Rupert Friend, Mandy Patinkin, Miranda Otto, Sarah Sokolovic, Igal Naor, Mark Ivanir e F. Murray Abraham.
Exibição original: 01 de Novembro de 2015 – Showtime
Graus de KB: 2² (Mark Ivanir trabalhou em Holy Rollers (2010) com  que trabalhou em Um Salão do Barulho (2005) com Kevin Bacon e Igal Naor trabalhou em 300: A Ascensão do Império (2014) junto com Price Carson que esteve em JFK – A Pergunta que Não Quer Calar (1991) junto com Kevin Bacon).

 


Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

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