Crítica | Bob Marley: One Love

Crítica | Bob Marley: One Love

Se você, por ventura, sentir falta do Rei do Reggae melhor mesmo colocar uma de suas obras musicais para tocar do que assistir “Bob Marley: One Love“.

Robert Nesta Marley foi um dos grandes nomes de ação política através da música do século 20. Sua poesia, delicada e incisiva, associada a melodias que a alcançavam uma amálgama quase transcendental de singeleza e protesto contra a desigualdades. Essa amálgama não se vê na sua pobre e desinspirada cinebiografia.

O diretor Reinaldo Marcus Green, que já havia demonstrado pelo menos competência para o gênero no filme King Richard, que narra a trajetória das irmãs tenistas Vênus e Serena Williams e de seu pai, aqui não demonstra qualquer preocupação com criatividade ou mesmo direção de atores. 

O filme se resume a uma constrangedora colagem de passagens sobre a vida da lenda do Reggae com pouca ou nenhuma contextualização e uma perspectiva anódina que insiste em esvaziar o caráter político de um homem que incorporou a mensagem de resistência pacífica e a entregou ao mundo de forma primorosa, como poucos na história.

A tão comentada interpretação de Kingsley Ben-Adir como Bob Marley chega a ser caricata, em alguns momentos nos dando a impressão de que estamos diante do um esquete do Saturday Night Live. A única performance de destaque fica mesmo por conta de Lashana Lynch, no papel de Rita Marley, a esposa e grande parceira de Bob Marley, porém, em um papel tão mal escrito, e com tão pouco espaço, que apenas contribui para a percepção do tamanho do equívoco que se desenrola em tela. 

Chega a ser surpreendente perceber como nomes do peso de Terrence Winter – roteirista que nos presenteou com pérolas como Os Sopranos e Boardwalk Empire – seja capaz de escrever algo tão pobre como “Bob Marley: One Love“. Bem como, como é possível que um produtor que costuma acertar tanto quanto Brad Pitt, permita que chegue às telas algo tão pequeno quando comparado à estatura de Robert Nesta Marley. 


Uma frase: – Rita Marley (logo após Bob tocar Redemption Song): “Quando você escreveu isso?”

– Bob Marley: “Toda minha vida. “

Uma cena: Bob Marley apresenta “Redemption Song” aos filhos

Uma curiosidade: A família de Bob Marley esteve intensamente envolvida na produção do filme, sendo que, inclusive, Ziggy Marley, filho do cantor, foi um dos maiores apoiadores da escalação do ator Kingsley Ben-Adir para representar seu pai.


Bob Marley: One Love

Direção: Reinaldo Marcus Green
Roteiro: Terence Winter, Frank E. Flowers, Zach Baylin e Reinaldo Marcus Green; história de Terence Winter e Frank E. Flowers
Elenco: Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch e James Norton
Gênero: Biografia, Drama, Musical
Ano: 2024
Duração: 104 minutos

Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

Um comentário em “Crítica | Bob Marley: One Love

  1. Também achei o filme mais ou menos e que Bob Marley merecia algo melhor para retratar toda a sua genialidade. Mas não acho que a atuação de Kingsley Ben-Adir tenha sido tão ruim, achei apenas correta. E com certeza Lashana Lynch é o grande trunfo do filme.

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