Resenha de Livro | O Estrangeiro

Mersault, o personagem principal de O Estrangeiro, é uma pessoa completamente fora do comum. Ele parece desconhecer ou não se importar com os códigos da vida em sociedade. Indiferente a tudo e a todos, ele praticamente não demonstra sentimentos. Logo no primeiro parágrafo ele relata a morte da própria mãe como se fosse algo banal. Ele é frio, passivo e considera a existência como algo sem objetivo.

Albert Camus nos oferece aqui reflexões filosóficas que nos estimulam e incomodam. Se olharmos o mundo com os olhos de Mersault, podemos mergulhar em um estado melancólico e depressivo. Se não há um sentido para a vida, o que seria realmente importante? Se você quiser ter uma noção do que se trata a filosofia do absurdo não pode deixar de ler O Estrangeiro.

Esse é um livro fácil de ler se considerarmos suas poucas páginas e o estilo sóbrio e acessível de Camus, mas suas ideias são dolorosamente complexas. Mesmo escrito em 1942 seus temas parecem cada vez mais atuais. A angústia existencial e a apatia diante de uma sociedade falha são condições extremamente comuns. Somos 8 bilhões de pessoas nesse mundo e certamente muitos estão isolados em sua própria ilha. Acredito que não do mesmo jeito que Mersault, mas com algumas semelhanças.

Não é à toa que este é um clássico atemporal que merece ser lido, estudado e debatido.