Crítica | A Tragédia de MacBeth

Crítica | A Tragédia de MacBeth

A filmografia dos irmãos Coen é bastante peculiar e apesar de abranger diversos gêneros, algumas marcas registradas sempre podem ser observadas, como o humor ácido e irônico. Olhando dessa forma, é curioso que o primeiro filme que Joel Coen assina a direção sem o irmão Ethan seja uma adaptação de uma peça de William Shakespeare. Assim, “A Tragédia de MacBeth” pouco lembra o estilo apresentado por Joel em obras anteriores, e isso tem pontos positivos e negativos.

É sempre bom ver um artista se arriscar fora da sua zona de conforto e isso fica claro em “A Tragédia de MacBeth”. Os irmãos Coen sempre tiveram um senso apurado para a parte técnica de seus filmes, mas Joel foi além em seu novo trabalho. Analisando apenas esse aspecto o longa-metragem é uma bela obra de arte.

A Tragédia de MacBeth” foi filmado em preto e branco dentro de um estúdio, para dar a impressão de estar desvinculado da realidade. Essa é uma forma interessante de se enxergar a obra de Shakespeare, mas isso não quer dizer que o filme seja uma peça filmada. Muito pelo contrário, os cenários são belíssimos e o visual ajuda o espectador a imergir nesse universo diferente e irreal.

A questão é que o roteiro, também escrito por Joel, é bem fiel à forma de escrita e falar das obras de Shakespeare. Se por um lado mantém a fidelidade com a peça original, de outro torna o ritmo da narrativa arrastado. Os atores parecem o tempo todo falar monólogos e poesias garantindo o tom irreal proposto pela proposta visual, mas prejudica muito a cadência da trama.

O elenco é muito bom, mas apenas Denzel Washington consegue realmente brilhar em “A Tragédia de Macbeth” e entrega um desempenho que transcende os diálogos de Shakespeare, em um trabalho que equilibra muito bem o lado físico e o dramático. O protagonista é o único personagem interessante da narrativa e que consegue apresentar uma construção interessante. Denzel mostra porque é um dos grandes atores de sua geração e não deixa espaço para que ninguém roube o seu holofote.

Dessa forma, os grandes destaques de “A Tragédia de MacBeth” são o visual e a atuação de Denzel Washington. São esses dois elementos que fazem com que o filme de Joel Coen tenha um diferencial em comparação com outras adaptações de peças de Shakespeare. É uma bela obra de se assistir, ainda que o ritmo criado através do jeito de se falar comprometa a cadência da narrativa.


Uma frase: – Bruxa: “Pela picada dos meus polegares, algo perverso vem por aqui…” 

Uma cena: A luta de Macbeth contra Macduff. 

Uma curiosidade: Os atores negros do filme são todos americanos, contrariando a prática comum nas produções de Shakespeare de preferir atores britânicos, principalmente se escolherem atores negros.


A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth)

Direção: Joel Coen
Roteiro: Joel Coen
Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand, Bertie Carvel, Alex Hassell, Corey Hawkins, Harry Melling e Brendan Gleeson
Gênero: Drama, Suspense, Guerra
Ano: 2021
Duração: 105 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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