Crítica | Longlegs – Vínculo Mortal

Crítica | Longlegs – Vínculo Mortal

Longlegs – Vínculo Mortal” apresenta uma atmosfera que parece familiar e já vista em outros filmes de terror. É clara também a influência de histórias de investigação de assassinos em série, como os clássicos “Seven” e “O Silêncio dos Inocentes”. No entanto, o diretor Osgood Perkins é talentoso o suficiente para explorar esses elementos de maneira eficiente e interessante. Além disso, se beneficia da presença de Nicolas Cage como o personagem do título.

A trama se passa no meio dos anos 1990 e mostra a agente especial Lee Harker (Maika Monroe) do FBI ser convocada pelo agente Carter (Blair Underwood) para ajudar na investigação de uma série de crimes. A moça tem uma ótima intuição, que pode ter influência de algo sobrenatural. Assim o roteiro do próprio Osgood Perkins explora a relação entre o racional e o sobrenatural.

Sem dúvidas a primeira coisa que chama a atenção em “Longlegs – Vínculo Mortal” é a parte técnica. A fotografia de Andrés Arochi Tinajero apresenta um universo com tons de cinza, onde as sombras predominam e sentimos um clima opressor. Assim temos uma metáfora visual de que a protagonista está em um lugar entre o céu e o inferno. Um belo momento é quando ela está falando em um telefone público e ao seu lado vemos uma janela com tons vermelhos, enquanto ao lado vemos uma escada para o andar de cima com uma luz forte, como se fosse celestial. Nos flashbacks vemos uma razão de aspecto reduzida, um quadrado que lembra algo filmado por uma câmera Super 8. Esse recurso ajuda a remeter a um tom de nostalgia.

A montagem de Greg Ng e Graham Fortin alterna entre momentos atuais e passados, sendo que os flashbacks surgem por acaso e mostram alguma conexão com o presente. Assim é construída a conexão entre a vida de Lee e o crime que ela investiga na atualidade. Ao mesmo tempo é como se essas memórias voltassem para atormentá-la, colocando em dúvida a sua racionalidade. A atuação de Maika Monroe contribui para isso funcionar, pois muitas vezes a vemos como se estivesse sonhando acordada. É interessante notar a postura sempre ereta da personagem, até mesmo em momentos em que estaria em repouso, como se nunca estivesse totalmente relaxada.

Já a trilha sonora de Zilgi é eficaz em evocar tons soturnos, que contribuem na criação do clima de tensão e mistério da narrativa. Curiosamente o filme começa com uma citação a uma música da banda T-Rex, então durante o filme ouvimos algumas canções de bandas de rock dos anos 1970. Elas servem tanto para remeter ao passado da protagonista, quanto para fazer referência ao fato de grupos do gênero serem citados como envolvidos com o Diabo.

Chegamos então à figura do próprio Longlegs, pois o filme é inteligente em demorar para apresentar o personagem por completo, gerando uma ansiedade e clima de mistério em torno dele. Nos trailers e materiais de divulgação do longa-metragem não é visto nenhuma imagem do ator. Isso é importante para gerar um impacto maior quando ele aparece na tela. Logo no início o vemos rapidamente, mas a cena é cortada e vemos o rosto de relance. Assim fica no nosso subconsciente que a vimos, mas não sabemos bem o que.

Dessa forma, Nicolas Cage faz um trabalho brilhante ao utilizar a voz com uma mudança de tom, especialmente no mais agudo, com certos maneirismos que resulta em um vilão estranho e assustador, enquanto também parece ser meio frágil. O ator é conhecido por não ter medo de explorar papeis diferentes e aqui ele tem a oportunidade de desenvolver um de seus personagens mais intrigantes e interessantes.

Apesar do roteiro de “Longlegs – Vínculo Mortal” ter alguns problemas, especialmente na transição de uma investigação tradicional para assumir de vez o lado sobrenatural, o filme de Osgood Perkins apresenta elementos muito bons que nos faz relevar essas questões. A parte técnica é o principal destaque, mas as atuações de Maika Monroe e especialmente de Nicolas Cage fazem com que o longa-metragem tenha um resultado acima da média.


Uma frase: – Ruby [para Lee]: “É assustador ser uma agente do FBI?”

Uma cena: Quando Lee interroga Longlegs.

Uma curiosidade: O filme teve um orçamento inferior a 10 milhões de dólares, valor que arrecadou no dia da estreia.


Longlegs – Vínculo Mortal (Longlegs)

Direção: Osgood Perkins
Roteiro: Osgood Perkins
Elenco: Maika Monroe, Blair Underwood, Alicia Witt e Nicolas Cage
Gênero: Terror psicológico, Thriller psicológico, Terror sobrenatural, Crime, Terror, Thriller, Serial killer
Ano: 2024
Duração: 101 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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