Crítica | Maestro (2023)

Crítica | Maestro (2023)

Leonard Bernstein é uma das figuras mais importantes da música moderna americana e se tornou um dos mais famosos maestros de todos os tempos. O filme “Maestro” de Bradley Cooper conta um pouco da história de Bernstein, focando principalmente no relacionamento dele com a atriz Felicia Montealegre. O próprio Cooper interpretou Leonard e escreveu o roteiro junto com Josh Singer.

A produção contou com o apoio da família de Bernstein, assim Cooper conseguiu utilizar as músicas dele na trilha. Por outro lado, faltou coragem ao ator e diretor na construção do personagem. “Maestro” é um filme correto, mas peca por não mostrar nada que “ofenda” os familiares, deixando o longa-metragem sem “alma”. Em contrapartida, Bradley foge de muitos clichês de cinebiografias musicais. No entanto, isso cria um problema ao não apresentar tão bem a carreira de Leonard para aqueles que não o conhecem. Fica um sentimento no final de não saber realmente quem foi Leonard Bernstein.

Na parte técnica o filme tem o ponto negativo em apresentar uma razão de aspecto 4:3 que não serve para nada dentro da narrativa, pois esse formato não era mais utilizado no cinema durante o período em que a história se passa. Contudo, Bradley Cooper utiliza bem a mudança das cenas em preto-e-branco para o colorido. É como se na parte em cores a história perdesse a vida, onde a tristeza de Felicia se desenvolve, criando um contraste visual interessante.

A história gira em torno do relacionamento entre Leonard e Felicia e nesse ponto “Maestro” funciona, principalmente graças ao talento dos atores. Em especial Carey Mulligan, ela tem os melhores momentos. É interessante notar como Cooper é generoso como diretor em algumas cenas ao focar no rosto dela, destacando sua atuação. A transformação da mulher feliz e empolgada com o início do relacionamento, para a tristeza em torno do casamento quase de fachada impressiona. A cena na qual ela observa ele segurando a mão de outro homem durante uma apresentação é extremamente poderosa.

Inicialmente vemos Bernstein com um companheiro homem. Ele era bissexual, mas durante toda a sua vida fez questão de esconder sua verdadeira sexualidade com medo de que isso influenciasse sua carreira. É curioso como o filme ignora isso em alguns momentos, mostrando o protagonista sendo afetuoso em público com outros homens, algo difícil de acontecer. A atuação de Cooper é correta, especialmente na semelhança com a figura real, utilizando uma ótima maquiagem, assim como no uso da voz. Entretanto, o diretor e ator exagera em uma determinada cena na qual recria uma performance de Leonard ao dirigir uma orquestra. O momento pouco acrescenta à narrativa, servindo apenas para Bradley mostrar que se esforçou ao máximo para conseguir ser igual ao próprio Leonard Bernstein como maestro.

Talvez se “Maestro” assumisse o protagonismo de Felicia Montealegre a história funcionasse melhor. A sensação que fica é que Bradley Cooper estava mais interessado em agradar a família e ganhar prêmios com o filme, do que realmente contar a história de Leonard Bernstein e mostrar quem ele era.


Uma frase: – Felicia [para Leonard]: “Você nem sabe o quanto precisa de mim, né?”

Uma cena: Quando Leonard conhece Felicia.

Uma curiosidade: Bradley Cooper dava instruções aos operadores de câmera enquanto atuava diante das câmeras, falando com eles quando ele estava de costas ou fazendo gestos quando suas mãos estavam fora de enquadramento.


Maestro

Direção: Bradley Cooper
Roteiro: Bradley Cooper e Josh Singer
Elenco: Carey Mulligan e Bradley Cooper
Gênero: Biografia, Drama, História
Ano: 2023
Duração: 129 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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