Crítica | Chama a Bebel

Crítica | Chama a Bebel

Chama a Bebel” escrito e dirigido por Paulo Nascimento essencialmente segue a fórmula básica de filme adolescente que chega em uma nova escola e lida com as dificuldades em torno disso. O diferencial é que a protagonista interpretada por Giulia Benite é cadeirante e ativista, inspirada pelas ações da jovem Greta Thunberg.

Bebel é uma jovem do interior que é obrigada a se mudar para a capital, pois em sua cidade natal não tem uma escola com a série que ela irá estudar. Antes ela vivia com a mãe e o avô, agora terá que viver com a tia. Felizmente o seu primo Beto (Antônio Zeni) frequenta a mesma instituição de ensino, inclusive na mesma sala. No primeiro dia a protagonista faz amizade com Zico (Gustavo Coelho) e uma inimiga, a jovem Rox (Sofia Cordeiro) que é filha do empresário Jorge (Marcos Breda).

O conflito entre Bebel e Rox gira em torno da atenção, pois a adversária é esnobe por ser filha do empresário que manda na economia da cidade. Além disso, ela não está satisfeita em perder o protagonismo da escola, pois a novata chama a atenção com suas ideias sobre sustentabilidade. Esse embate é prejudicado pelo roteiro, que não consegue desenvolver a personagem de Sofia Cordeiro, criando um clichê de vilã. O único momento de humanidade dela é quando lamenta a alegria de uma colega cujo pai veio buscá-la na escola, algo que o seu não costuma fazer. Infelizmente a trama não explora melhor essa relação entre pai e filha.

Por outro lado, a personalidade de Bebel é desenvolvida de forma satisfatória. Logo notamos que o amarelo é usado para representá-la, pois simboliza criatividade, otimismo, juventude e alegria. O fato dela ser cadeirante serve para criar uma empatia junto do professor da nova escola, que também usa cadeira de rodas. Ademais representa dificuldades no seu deslocamento pela instituição de ensino e pela cidade, ressaltando que a jovem não tem medo de enfrentar desafios.

O principal conflito de “Chama a Bebel” surge quando a protagonista, seu primo e seu amigo descobrem que existe a possibilidade da empresa gerida por Jorge ser responsável por realizar testes em animais. O problema é que por causa do poder dele, todos tem medo de confrontá-lo. O pai de Beto trabalha na empresa e pode estar envolvido. Assim os jovens iniciam uma investigação que pode afetar toda a cidade.

O tom do filme é leve e a construção dos personagens é um pouco estereotipada, exagerando em alguns como em Rox e na tia de Bebel. Existem alguns conflitos da família da protagonista que não são muito bem explicados, mas que tem impacto na narrativa. Há também momentos em que os atores exageram um pouco em suas atuações.

Felizmente são pequenos problemas que não prejudicam por completo as boas intenções da trama de “Chama a Bebel”. O diretor e roteirista Paulo Nascimento utiliza os clichês de filme de adolescente de forma satisfatória para desenvolver uma história com mensagens interessantes sobre sustentabilidade e ativismo. O resultado é um longa-metragem cativante e intrigante, que funciona principalmente graças ao carisma de Giulia Benite.


Uma frase: – Bebel: “A gente tem sempre que lembrar que a gente não tem um planeta B.”

Uma cena: Quando Bebel chega em sua nova escola.

Uma curiosidade: Os atores Antônio Zeni e Giulia Benite representaram o Brasil e o filme na 28ª edição do Schlingel Film Festival em Chemnitz, na Alemanha, que ocorreu entre os dias 23 a 30 de setembro de 2023.


Chama a Bebel

Direção: Paulo Nascimento
Roteiro: Paulo Nascimento
Elenco: Giulia Benite, Pedro Motta, Gustavo Coelho, José Rubens Chachá, Flávia Garrafa, Larissa Maciel, Sofia Cordeiro, Antônio Zeni e Marcos Breda
Gênero: Família
Ano: 2023
Duração: 90 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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