Crítica | O Convento (Consecration)
Quando me lembro de Jena Malone atuando em Lado a Lado e Orgulho e Preconceito, em pé de igualdade com atores conceituados e até premiados, me custa acreditar que ela foi parar em um filme como O Convento (Consecration). Elencado como gênero de terror/suspense, o filme não só não aproveita o talento de Malone como se atrapalha ao tentar entregar cenas assustadoras e um suspense que se preze.
Após a misteriosa morte do irmão em um convento, Grace (Jena Malone) viaja até a Escócia para descobrir o que de fato aconteceu. Desconfiando da versão oficial das freiras, a moça mergulha em uma trama confusa que envolve outras mortes e abre as cortinas do próprio passado.
Cética, Grace tem boas razões para desacreditar em dogmas cristãos, porém nem o roteiro e nem mesmo a atuação de Malone – que deixa bastante a desejar, diga-se de passagem – conseguem trazer credibilidade à personagem, transformando-a em monótona e apática.
Apesar de bem ambientado – afinal, é um convento assustador -, o roteiro peca na narrativa lenta e superficial. Além disso, as cenas de terror são pífias e o suspense não convence. A premissa de freiras aterrorizantes, além de batida, parece ser usada como hype para atrair espectadores, mas, ao fim e ao cabo, não é sobre isso. O filme tenta se aprofundar – sem sucesso – nos ideais controversos de uma igreja que sempre buscou e busca controlar a tudo e a todos usando uma persuasão maniqueísta.
A premissa final do filme, contudo, tem potencial, ao passo que se desprende das freiras assustadoras e de padres sexistas para trazer à luz cotidiana um personagem que não pode ser controlado. Porém, mesmo o final, de tão implícito, fica quase incompreensível, já que não foi possível explorar o passado de Grace como se deveria para compreender o ponto de virada em que o roteiro deixa a personagem.
Longe de ser assustador, O Convento não convence como filme de terror, mas deixa o espectador em alerta com o final, que subverte a versão “freira má” (afinal, o patriarcado adora ver uma mulher louca e assustadora) e a transforma em algo potente e até empoderado.
Uma frase: “Você é uma mulher da ciência. O que busca aqui?”
Uma Cena: Quando Grace vai visitar o pai.
Uma curiosidade: Além de dirigir o filme, Christopher Smith também assina o roteiro ao lado de Laurie Cook.
O Convento (Consecration)
Direção: Christopher Smith
Roteiro: Christopher Smith e Laurie Cook
Elenco: Jena Malone, Danny Huston e Janet Suzman
Gênero: Terror, Suspense
Ano: 2023
Duração: 90 minutos