Crítica | Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um

Crítica | Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um

Christopher McQuarrie é o diretor que encontrou a melhor fórmula para a franquia de Missão Impossível. Em “Efeito Fallout” o cineasta criou as melhores cenas de ação, equilibrando bem a trama com aventura sem perder o ritmo. A única coisa que ele não conseguiu solucionar foi a trama e o roteiro. Em “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um” a premissa é bem interessante, mas o desenrolar da narrativa continua confuso e mais problemático. Em compensação as peripécias de Ethan Hunt seguem impressionando.

Dessa vez o vilão é uma Inteligência Artificial, usando um tema atual e que tem atormentado a sociedade com seu avanço. Só que o programa de computador chamado de “Entidade” necessita de uma personificação. Isso fica à cargo de Gabriel, interpretado por Esai Morales. Entretanto, o roteiro escrito por Christopher McQuarrie e Erik Jendresen é incapaz de desenvolver o personagem de maneira eficaz à ponto de torná-lo uma figura ameaçadora.

A trama gira em torno de uma chave, dividida em duas partes, que é capaz de controlar a “Entidade”, mas fica o mistério do que ela é capaz de abrir. O surgimento da própria inteligência artificial e de Gabriel também é um pouco nebuloso, mas esse tipo de problema no roteiro nunca atrapalhou o funcionamento de Missão Impossível.

Para compensar a “confusão” da trama, o roteiro abusa de diálogos expositivos entre os personagens com objetivo de explicar o que pode ocorrer caso a “Entidade” caia nas mãos erradas. E ainda assim após o final do filme muita coisa fica sem esclarecimento. Como essa é apenas a parte 1, pode ser que na conclusão mais elementos sejam revelados.

A divisão em duas partes não se justifica em torno da trama, pois após 163 minutos muita coisa não é revelada e os próprios personagens não tem muito desenvolvimento. Por outro lado, o final do filme provoca uma sensação de término com uma deixa para uma continuação, e não de algo que acabou pela metade, algo similar à uma série de tv.

Contudo, apesar dos problemas de narrativa, “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um” apresenta mais uma vez cenas de ação eletrizantes, mantendo o alto padrão da série. A perseguição de carros nas ruas de Roma é muito boa, onde vemos o uso de efeitos práticos somados a computação gráfica que deixa o momento mais verossímil, especialmente quando vemos algum veículo batendo ou causando algum dano.

Essa cena, inclusive, apresenta um tom de comédia bem interessante e acima da média dentro do universo de Missão Impossível. Ela é realçada principalmente graças ao talento, carisma e química entre Tom Cruise e Hayley Atwell. Cruise é um grande ator e no papel de Ethan Hunt ele mostra uma fisicalidade impressionante, mas é interessante também como apresenta uma “fragilidade” que torna o personagem verossímil e não um herói de ação invencível. Atwell também tem um timing cômico muito bom e sua Grace dá um novo frescor para a trama.

O restante do elenco também é muito bom, mas talvez o filme não consiga dar conta de tantos personagens. Temos a volta da equipe de Hunt formada por Benji (Simon Pegg), Luther (Ving Rhames) e Ilsa (Rebecca Ferguson), mas entre eles temos apenas o ressalte da importância da amizade. Rhames é o único ator que junto com Cruise está presente em todos os filmes da série e isso é um grande feito. Já Benji tem seu lado cômico reduzido, dando mais espaço para Grace. É curiosa a volta de Eugene Kittridge (Henry Czerny), que era chefe da IMF e de Ethan no primeiro filme dirigido por Brian De Palma.

Já o retorno de Vanessa Kirby como a “Viúva Branca” é ótimo, pois ela tem a chance de desenvolver um pouco mais a personagem e por ajudar na conexão com o longa de 1996. Por outro lado, Paris de Pom Klementieff (a Mantis de “Guardiões da Galáxia”) quase não tem falas e tem espaço apenas para explorar a fisicalidade como ajudante do vilão.

Agora é impossível escrever sobre “Acerto de Contas” sem falar sobre a cena do pulo de moto realizado de verdade por Tom Cruise. O marketing do filme girou em torno da produção desse momento e durante o longa-metragem fica a expectativa de que horas ele acontecerá e em qual contexto. E ela funciona muito bem, causando um grande impacto, mesmo já tendo visto-a anteriormente. Isso é sem dúvidas um grande feito da dupla Cruise e McQuarrie.

Assim, mesmo com problemas de roteiro, “Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um” é um grande filme de aventura. Graças aos incríveis momentos de ação e do carisma do elenco, especialmente do protagonista Tom Cruise, o longa-metragem Christopher McQuarrie mantém o alto padrão de qualidade da série.


Uma frase: – Ethan Hunt: “A vida de vocês sempre importará mais para mim do que a minha.”

Uma cena: O pulo da moto de Ethan Hunt.

Uma curiosidade: Os frequentes atrasos causados ​​pelo COVID-19 aumentaram o orçamento para US$ 290 milhões, tornando-o o filme Missão: Impossível mais caro e o filme mais caro da carreira de Tom Cruise.


Missão: Impossível – Acerto de Contas – Parte Um (Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One)

Direção: Christopher McQuarrie
Roteiro: Christopher McQuarrie e Erik Jendresen
Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Esai Morales, Pom Klementieff, Mariela Garriga e Henry Czerny
Gênero: Ação, Aventura, Suspense
Ano: 2023
Duração: 163 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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