Crítica | Pânico 6 (Scream VI)

Crítica | Pânico 6 (Scream VI)

Em 2022 os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett ressuscitaram a franquia Pânico nos cinemas 11 anos após a estreia de “Pânico 4”. A dupla misturou o elenco antigo com novos atores e o resultado foi positivo, mostrando muito respeito e frescor ao trabalho construído pelo diretor Wes Craven e pelo roteirista Kevin Williamson. Após o sucesso de bilheteria logo surgiu uma continuação, assim em 2023 temos “Pânico 6”.

A principal diferença desse filme em relação aos anteriores é que agora Matt e Tyler exploram um pouco melhor as personagens criadas em “Pânico” e as consolida como as novas protagonistas da série, deixando o passado da série em segundo plano.

Assim as irmãs Sam (Melissa Barrera) e Tara Carpenter (Jenna Ortega) assumem o protagonismo em “Pânico 6”. As duas se mudaram para Nova York em busca de uma vida normal na cidade grande, mas é óbvio que o ocorrido Woodsboro ainda atormenta. A mais velha superprotege a mais nova e isso abala a relação entre elas, mas logo surge um novo Ghostface para ameaçá-las. Junto com elas temos os irmãos Mindy (Jasmin Savoy Brown) e Chad Meeks-Martin (Mason Gooding) e mais um novo grupo de personagens, sendo que qualquer um deles pode ser o novo assassino.

A conexão com o passado da franquia Pânico surge através da personagem clássica Gale Weathers, interpretada por Courteney Cox, e temos a volta de Kirby Reed (Hayden Panettiere), de “Pânico 4”, que agora virou uma policial do FBI. Cox funciona mais como fanservice, mas Panettiere faz uma diferença e tem um pequeno espaço para desenvolver melhor a conexão de Kirby com as irmãs Carpenter.

O roteiro de James Vanderbilt e Guy Busick é eficiente em criar o clima de mistério e suspense em torno do novo Ghostface utilizando os principais clichês do gênero e da série de forma satisfatória. E mantém também todos os absurdos, principalmente ao revelar a motivação do novo assassino(a) ou em como ele(a) nunca se machuca, se tornando quase uma “entidade” como outros personagens clássicos como Jason ou Michael Myers. Ou seja, esqueça a verossimilhança pois isso nunca foi o forte da série, talvez no máximo no primeiro filme de 1996 dirigido por Wes Craven.

É interessante como, por exemplo, os diretores conseguem criar um susto com coisas simples, como um telefone tocando (é curioso como muitos personagens utilizam telefone fixo). E para se diferenciar também em relação ao passado da franquia, Matt e Tyler exploram mais a violência ao mostrar mais sangue e detalhes das facadas. Por outro lado, as piadas de metalinguagem seguem fortes e é um dos pontos positivos do filme, especialmente quando se compara com outros longas-metragens do gênero. A responsável por isso é Mindy, que também explora referências ao universo pop como um todo, principalmente com outras franquias de Hollywood.

O único porém desse recurso é que eles fazem piada com o fato da franquia “Facada” (Stab, que é o filme ficcional dentro do universo de Pânico inspirado nos crimes ocorridos em Woodsboro) não explorar o lado psicológico dos personagens como outros longas-metragens tipo “Midsommar: O Mal não Espera a Noite”, ao mesmo tempo em que exploram de maneira irregular o lado psicopata de Sam. A vemos indo para terapia e mais uma vez conversando dentro da sua cabeça com uma visão do pai morto Billy Loomis (interpretado por Skeet Ulrich), que foi um dos Ghostface no filme de 1996. Ou seja, não adianta fazer piada dizendo que é diferente, sendo que na verdade o recurso de explorar a psicologia dos personagens é apenas mal utilizado.

Apesar dessa questão, “Pânico 6” é eficiente no que se propõe que é manter a franquia viva, agora com novos personagens e seguindo a cartilha do gênero com terror, suspense e mistério. O novo elenco é bastante carismático e assim o espectador cria empatia e torce para que eles sobrevivam até o final. Ainda mais que os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett deram a sorte de não matar Tara Carpenter no longa anterior, pois ela é interpretada por Jenna Ortega, que ficou mundialmente famosa por causa de “Wandinha”.


Uma frase: – Sam Carpenter: “Você quer a mim. Então vamos acabar com isto.”

Uma cena: Quando Ghostface persegue Gale Weathers.

Uma curiosidade: Embora Courteney Cox (Gale Weathers) e Roger Jackson (a voz telefônica de Ghostface) sejam os únicos atores que tiveram papéis em todos os seis filmes, este filme marca a primeira vez que eles interagiram diretamente por telefone.


Pânico 6 (Scream VI)

Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Roteiro: James Vanderbilt e Guy Busick
Elenco: Melissa Barrera, Jasmin Savoy Brown, Jack Champion, Henry Czerny, Mason Gooding, Liana Liberato, Dermot Mulroney, Devyn Nekoda, Jenna Ortega, Tony Revolori, Josh Segarra, Samara Weaving, Hayden Panettiere e Courteney Cox
Gênero: Terror, Mistério, Suspense
Ano: 2023
Duração: 122 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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