Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica | Guardiões da Galáxia Vol. 3

Em “Guardiões da Galáxia Vol. 3James Gunn apresenta o filme mais emocional da trilogia até agora em uma despedida agridoce, já que o diretor deixa a Marvel para comandar o universo da DC nos cinemas na Warner. Sem dúvidas ele vai fazer falta, pois essa terceira parte foca apenas nos personagens e deixa o MCU em 2º plano, sem necessidade de se conectar com outras histórias. O longa-metragem explora de maneira eficiente o que foi visto anteriormente nos predecessores (vol. 1 e vol. 2), mantendo o alto padrão de qualidade em todos os aspectos.

Na trama os Guardiões são atacados por Adam Warlock (Will Poulter) e durante a batalha Rocket se machuca gravemente, então resta ao grupo ir atrás dos responsáveis pela experiência da criação dele para encontrar uma forma de salvá-lo. Dessa forma a história alterna entre o flashback contando a origem do guaxinim, que funciona também para apresentar o vilão Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji), com a jornada da equipe em busca da resposta para a salvação do companheiro.

Outro ponto importante da trama são os conflitos dentro do próprio grupo dos Guardiões da Galáxia. Como eles já estão a um bom tempo juntos e passaram por muita coisa, surge o desgaste da relação, além do trauma em torno da perda de Gamora (Zoe Saldaña), cuja nova “versão” não lembra do tempo que passou com a equipe. Dessa forma vemos muitas demonstrações de emoções afloradas, gritos de raiva e sentimentos ditos de forma sincera e aberta, mas que machucam em alguns momentos.

O roteiro de James Gunn explora muito bem esses sentimentos e a relação dos espectadores com os personagens. É impressionante como ele consegue criar situações reais de perigo para os Guardiões da Galáxia, sempre com a sensação de que algo trágico irá acontecer. É difícil não se emocionar em algumas cenas. 

Apesar desse lado dramático mais forte, o humor ainda é a força motriz da narrativa. Essa alternância de tom funciona muito bem não só pelo excelente argumento de Gunn, como também por conta do seu talento na direção do elenco. Os atores já estão mais à vontade com seus respectivos papéis e agora conseguem ir mais além, mostrando novas nuances em suas atuações, além de um carisma incrível entre eles.

Já a trilha sonora ganha um leque maior de variações, pois agora Peter Quill (Chris Pratt) tem um mp3 player, que ele ganhou de Natal em “Guardiões da Galáxia: Especial de Festas”, com músicas de outras épocas. O forte agora são canções dos anos 1990, então temos nomes como Radiohead, Faith no More e Beastie Boys. Os temas originais dessa vez ficaram por conta de John Murphy, substituindo Tyler Bates, que trabalhou anteriormente com James Gunn em “O Esquadrão Suicida”. É difícil competir com músicas pop, mas Murphy faz um trabalho eficiente e cria belos temas que ajudam a ditar o tom da narrativa, principalmente os mais emocionais, sem soar piegas.

Outro elemento importante é o design de produção, que apresenta novos cenários muito bonitos, como a Orgocorp, que é uma instalação da corporação responsável pelas experiências com Rocket. Os Guardiões invadem o local que tem paredes orgânicas e usa cores fortes para distinguir cada ambiente diferente. Destaca-se também o figurino, uso de maquiagem e efeitos visuais também mantém o padrão de qualidade da franquia, apresentando novos personagens que são inventivos e bem-feitos.

James Gunn também se mostra mais uma vez um excelente diretor de cenas de ação e tem uma que se passa dentro do corredor de uma nave envolvendo todo o grupo dos Guardiões da Galáxia que impressiona na parte técnica. O cineasta usa câmera lenta de maneira brilhante, aumentando o tempo de duração da batalha e com isso a dramaticidade do momento, alternando com alguns aumentos da velocidade, criando uma ótima dinâmica. Essa cena ocorre em um só plano, com alguns cortes escondidos, utilizando em alguns momentos pontos de vista subjetivos de alguns personagens. Essa visão tem efeito cômico, mas também funciona para o espectador entender melhor o que está acontecendo no conflito. O plano único serve também para que o espectador entenda o que está acontecendo na tela, sem cortes rápidos para atrapalhar a mise-en-scène.

Em síntese, “Guardiões da Galáxia Vol. 3” fecha muito bem a trilogia de filmes desse grupo de personagens, mantendo o padrão de qualidade em todos os longas-metragens. James Gunn prova que é um diretor criativo e competente, mostrando que ainda é possível criar obras de qualidade e autorais dentro do MCU. Com certeza vai fazer falta na Marvel e vamos torcer para que seja bem sucedido na DC.


Uma frase: – Rocket: “Ele não queria aperfeiçoar as coisas. Ele só odiava as coisas como elas eram.”

Uma cena: A luta dos Guardiões da Galáxia em um corredor de uma nave.

Uma curiosidade: Este filme estabelece o recorde de mais aplicações de maquiagem usadas ​​em um único filme, com mais de 23.000 próteses usadas em mais de 1.000 atores.


Guardiões da Galáxia Vol. 3 (Guardians of the Galaxy Volume 3)

Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldaña, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff, Vin Diesel, Bradley Cooper, Will Poulter, Sean Gunn, Chukwudi Iwuji, Linda Cardellini, Nathan Fillion e Sylvester Stallone
Gênero: Ação, Aventura, Comédia
Ano: 2023
Duração: 150 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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