Séries Gêmeas: Soulmates x The One

Séries Gêmeas: Soulmates x The One

Alguns culpam o Zeitgeist, outros apenas utilizam expressões como “surfar na onda”, mas o que de fato concebe produções tão parecidas num curto espaço de tempo? Lançada pelo serviço de streaming Amazon Prime Video, a série “Soulmates” (2020) guarda algumas semelhanças (ou seria apenas inspiração?) com outro seriado lançado pela Netflix chamado: “The One” (2021). E sabe o mais curioso nisso tudo? Ambas produções deixam bastante a desejar.

No finalzinho de 2017, foi ao ar o episódio “Hang the DJ” de Black Mirror. Nele, duas pessoas participavam de um programa de relacionamento “controverso” e que prometia, ao final, definir o match perfeito de cada um. Quem seria afinal a sua alma gêmea? Não seria a primeira vez, mas acabou se tornando um marco importante na discussão da influência da tecnologia nos relacionamentos pessoais e amorosos. 

Almas Gêmeas

Da mesma forma, a série “Soulmates”, como o próprio nome entrega, traz uma premissa parecida com o famoso episódio de Black Mirror e também alguns roteiristas que trabalharam no seriado inglês. Trata-se também de uma antologia (igual a Black Mirror) – cada episódio é uma história ‘separada’, mas dentro do mesmo universo – que se passa num futuro próximo em que é possível determinar, através de um sistema, qual pessoa é a sua alma gêmea. Neste sentido, toda a forma da humanidade enxergar os relacionamentos amorosos se transforma. Tanto para os solteiros, quanto, principalmente, para os que são casados. 

Ao contrário da sua série gêmea da Netflix, “Soulmates” possui alguns episódios bem interessantes. Até por ser uma antologia, fica mais fácil apreciar algumas histórias e ideias. Só que quando pensamos no conjunto, infelizmente, deixa-se muito a desejar. O tema central, por mais interessante que seja, quando esticado e alongado em tantos episódios, se desgasta. 

A fé liberta? (Cena da série Soulmates)

O escolhido

Pouco tempo depois da Amazon disponibilizar ‘Soulmates’, a Netflix lançou “The One”. Mais uma série que tentava capturar os órfãos de Black Mirror e que prometia muito, mas que infelizmente não entregou. Trazendo alguns rostos conhecidos, mas não tão famosos, a aposta era por criar um novo sucesso de ficção científica distópica e o resultado foi o completo oposto disso. Esquecível talvez seja o melhor elogio que poderíamos usar.

Baseado em um livro homônimo escrito por John Mars, “The One” se passa também num futuro próximo e acompanhamos a história de Rebecca (Hannah Ware). Ela é CEO de uma companhia que faz o match perfeito da pessoa com base no seu DNA. Dessa forma é possível determinar quem seria a sua alma gêmea. Discutindo também a forma como essa descoberta afeta os relacionamentos pessoais ao redor do planeta, a série foca muito na história pessoal da CEO e numa investigação policial que é bem chata e pouco inspirada. Tem um ou dois momentos interessantes, mas num geral é um completo desperdício de tempo.

Dimitri Leonidas e Hannah Ware em cena de The One.

Soulmates x The One

Escolher entre “Soulmates” e “The One” para decidir qual das duas é a melhor, não é uma tarefa muito difícil. Na dúvida entre as duas eu diria para evitar ambas, ainda que “Soulmates” seja uma experiência menos incômoda. É menos desgastante e, de verdade, tem uns dois bons episódios. 

No final das contas, o que dá para se tirar em torno de produções gêmeas ou parecidas é que, nem sempre uma boa ideia garante um bom filme, série ou livro. Claro que depende muito de um conjunto grande de fatores para determinar o sucesso de uma produção, mas questões como “momento” e, especificamente falando em seriados, roteiro e narrativa acabam pesando mais do que apenas uma boa premissa. 


#VoltaBlackMirror

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

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