Crítica | Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019)

Crítica | Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019)

Judy: Muito Além do Arco-Íris narra o período da turnê em Londres, a adolescência durante a gravação de O Mágico de Oz e seus últimos dias de relevância, durante o qual Garland tomava pílulas e bebia em excesso. O filme é uma lição sobre esperança e a jornada que enfrentamos para alcançar o nosso lugar.

O filme, dirigido por Rupert Goold, é um romance biográfico sobre Judy Garland, uma das principais estrelas da Era de Ouro do cinema americano, estrelado por Renée Zellweger.

Uma das características mais importantes sobre esse filme é entender o quanto Judy se sacrificou para viver um sonho que a levou para o abismo. A atriz vivia uma rotina de apresentações desde os dois anos de idade, quando cantou em um palco pela primeira vez, e com o passar dos anos se tornou a queridinha da América. Um sonho que talvez nunca tivesse sido dela.

Em alguns momentos temos acesso às lembranças de sua adolescência e a interação com algumas pessoas no set de O Mágico de Oz, quando Judy vive uma rotina intensa durante as gravações para o filme. O uso de pílulas para dormir e se manter acordada, a dieta restrita à base de sopa de frango, tudo mais que envolvia a rotina era estritamente controlado. É chocante!

Judy: Muito Além do Arco-Íris impressiona tanto quanto emociona, parte o coração. Do mesmo modo, aborda a solidão de uma mulher que, antes de tudo, sempre quis ter um pouco da vida comum que todas as crianças tinham. É como mostrar o outro lado da moeda. Para alcançar o estrelato é necessário viver dessa maneira: rotinas, regras, condições, engolir a dor e sorrir por que a estrela precisa vender uma vida que todos os comuns querem ter.

Em uma das primeiras cenas Judy está com seus dois filhos mais novos e ouvimos uma súplica: “Mamãe por favor não durma”. Que é imediatamente respondido por ela “Essas (pílulas) são para outra coisa”. Mais para frente entendemos como a dependência por barbitúricos começou, e também súplicas são feitas para que possa conseguir dormir. O espectador não tem dificuldade para fazer conexões sobre o passado e suas consequências.

Nas atuações não há o que ser questionado desde que não haja curiosidade em ver Judy Garland cantando. E ai sim começam as comparações.

Sabe o que eu acho?

Na primeira música que assistimos a interpretação de Renée Zellweger é incrível. Não é fácil cantar daquela maneira, mas acho exagerado o uso de maneirismos ou tiques. Passou para mim a ideia de uma pessoa que estava com o sistema nervoso bem abalado. É sabido por mim sobre algumas reações fisiológicas que são desenvolvidas com o abuso de álcool e privação de sono. Mas quando podemos ter acesso à mesma apresentação… me parece ter sido uma escolha da atriz ou do diretor.

Pode ser um exagero da minha parte por ter criado uma afeição com a personagem? Pode! Mas acredito que o filme explora tão bem as vulnerabilidades e a solidão de Judy que talvez não fosse necessário o exagero dos tiques. Chega a ser irônico, já que ela não reduziu o uso de nenhuma droga até o fim do filme, onde ela se mostra esplêndida na apresentação final. Qual é o sentido?

Enfim, Judy Garland é uma personagem que tem muito mais conteúdo em uma vida de 47 anos e ainda poderá render outras biografias. Seus primeiros anos na MGM e a relação de assédio com Louis B. Mayer traria muito mais impacto ao filme, mas quem ficaria vulnerável seria Hollywood.

Uma mãe que luta pela afeição dos filhos, uma mulher que anseia por ser amada, uma trabalhadora que se esforça por reconhecimento. Uma mulher normal como tantas outras, tal qual a minha mãe também.


Uma frase: “A próxima, não é uma música sobre chegar a algum lugar. É sobre caminhar para um lugar que sempre sonhou. E talvez a caminhada seja todos os dias de sua vida. E a caminhada tem que ser suficiente. É sobre esperança. E todos nós precisamos disso”.

Uma cena: O jantar na casa do casal de fãs.

Uma curiosidade: Liza Minelli, filha mais velha, foi contra o desenvolvimento do filme.


Judy: Muito Além do Arco-Íris (Judy)

Direção: Rupert Goold
Roteiro:
Tom Edge, Peter Quilter
Elenco:  Renée Zellweger, Jessie Buckley, Finn Wittrock
Gênero: Drama, Biografia, Romance
Ano: 2019
Duração: 118 minutos

 

 


Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

2 comentários sobre “Crítica | Judy: Muito Além do Arco-Íris (2019)

  1. Renée Zellweger revive Judy Garland e a memória de Judy revive Renée para estrelato com essa cinebiografia. Uma interpretação incrível, de muita entrega e emoção. Gostei do filme e da sua crítica. Concordo que a produção teria muito mais camadas e seria muito mais interessante se tivesse sido mais contundente com relação à “responsabilidade” dos estúdios pelos traumas, pela decadência emocional e artística de Judy.

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