Crítica | Ford vs Ferrari
Ford vs Ferrari é baseado na história real de uma disputa mercadológica, entre duas grandes fabricantes de automóveis, que chegou às pistas do automobilismo. Com grandes atuações, ação equilibrada e um clímax emocionante, o filme ambiciona entrar no páreo das melhores produções do gênero deste ano. Para quem é fã de histórias de bastidores sobre o esporte, é um deleite, que lembra muito o drama Rush – No Limite da Emoção, de 2013, sobre a rivalidade entre os pilotos Niki Lauda e James Hunt.
Neste filme, o cenário são os anos 1960, quando a Ford queria apostar numa mudança de paradigma da marca, que até então havia focado seus negócios na venda em alta escala de automóveis sem muita personalidade para a classe média americana. Enquanto isso, a italiana Ferrari ganhava fama e liderança de mercado com a venda de modelos esportivos estilosos e de alto padrão, fabricados quase que artesanalmente.
Para ganhar essa guerra, os americanos entram de cabeça na “corrida” tecnológica que buscava dar mais velocidade e segurança ao desempenho de carros esportivos. A Ford queria provar que conseguia produzir modelos mais rápidos e tão elegantes quanto os da Ferrari. É nesse contexto que as histórias de Carroll Shelby (Matt Damon) e Ken Miles (Christian Bale) se cruzam com a da fabricante de veículos americana, mais precisamente, nas pistas dos principais circuitos de automobilismo daquela época.
Carroll Shelby (Matt Damon) é um ex-piloto americano e projetista de automóveis, único que havia vencido até então o difícil circuito das 24 Horas de Le Mans. Depois de largar as pistas, ele funda a Shelby American, fabricante de carros esportivos. A pedido de Lee Iacocca (Jon Bernthal), consultor de mercado da Ford, e do próprio dono da empresa, Henry Ford II (Tracy Letts), Carroll aceita o desafio de criar um modelo capaz de derrubar a hegemonia da Ferrari nas pistas de automobilismo.
Conhecido por sua personalidade agressiva e insubordinada, Ken Miles (Christian Bale) era um engenheiro e piloto inglês de corridas de carros esportivos daquela época, o mais preparado para realizar a empreitada da Ford. Ao lado de sua esposa Mollie (Caitriona Balfe) e do filho Peter (Noah Jupe), Ken – apesar de cético com o projeto – aceita a proposta para sanar suas dívidas e realizar o antigo sonho de construir uma carreira sólida no automobilismo.
Damon e Bale contracenam com elegância, naturalidade e muita segurança. O diretor James Mangold – indicado ao Oscar em 2018 pelo roteiro adaptado de Logan – explora com maestria a química entre os dois experientes atores. Outro acerto de Ford vs Ferrari é reproduzir com fidelidade cenários do automobilismo e todo o clima de tensão em torno do esporte, numa época marcada por grandes acidentes trágicos.
Há muitos efeitos especiais e enquadramentos de câmera que simulam a sensação dos pilotos nas pistas e proporcionam uma boa imersão do espectador no longa. O roteiro é coeso e bem amarrado. A trilha sonora complementa com eficiência a maioria das cenas de tensão e drama. Sem comprometer muito o conjunto da obra, o último ato parece atropelado pelo excesso de investimento do diretor no grande clímax do filme, que culmina numa brusca passagem de tempo. Não fosse uma “gordura” aqui e acolá, o Ford vs Ferrari ganharia mais dinamismo e poderia até mesmo figurar no pódio dos melhores de 2019.
Uma frase: “Somos mais leves, mais rápidos. Caso isso não baste, somos mais agressivos”.
Uma cena: A discussão entre Ken Miles e a esposa Mollie dentro de um carro.
Uma curiosidade: Para recriar o circuito de Le Mans, tal como existia na década de 1960, as cenas ocorridas na pista de corrida tiveram que ser filmadas em cinco locais diferentes. Isso provou ser um desafio em termos de continuidade, pois não apenas os carros precisavam ser colocados corretamente para cada tiro, mas o clima também precisava ser consistente. O VFX foi fundamental para corrigir uma variedade de erros de continuidade, alguns dos quais eram tão simples quanto ajustar os relógios para a hora certa.
Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari)
Direção: James Mangold
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth e Jason Keller
Elenco: Christian Bale, Matt Damon, Caitriona Balfe, Jon Bernthal, Noah Jupe, Tracy Letts e Josh Lucas
Gênero: Ação, Biografia, Drama
Ano: 2019
Duração: 152 minutos
Tava de bobeira, com tempo e próximo a um cinema e seu texto me convenceu a assistir este filme sabia?
É realmente um filme divertido e concordo totalmente com a questão das cenas de corrida, é impressionante. Parece que estamos dentro do carro. Da pra sentir a velocidade.
Gostei porque é um filme fechado nele mesmo, e tanto a direção quanto Bale e Damon fazem valer o seu tempo.