Crítica | O Pintassilgo (The Goldfinch)
O Pintassilgo é baseado no livro homônimo da escritora Donna Tartt, que figurou durante 30 semanas na lista de mais vendidos do New York Times e ganhou o Pulitzer em 2014. A história narra o doloroso e solitário amadurecimento de Theodore Decker (Oakes Fegley/Ansel Elgort), um garoto nova-iorquino que perde a mãe num atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Nessa tragédia, o menino pega o quadro a óleo do holandês Carel Fabritius pintado em 1654 que dá nome ao livro e ao filme. O longa segue os acontecimentos e os traumas de Theo, que busca superar a autoculpabilização.
Apesar de contar com um elenco de peso, o drama dirigido pelo cineasta irlandês John Crowley é mal articulado. Parece uma grande e extensa novela comprimida para caber em entediantes duas horas e meia de filme. O roteiro de Peter Straughan começa promissor e do longo segundo ato até o final se perde e confunde o espectador. A impressão é a de que há muitos elementos narrativos da jornada de Theo a serem explorados no filme, mas nenhum deles acaba sendo bem executado.
Das atuações mais brilhantes, destacam-se a do ator adolescente Finn Wolfhard, o Mike da série Stranger Things, que vive o jovem ucraniano Boris, melhor amigo de Theo na adolescência. Nicole Kidman interpreta Mrs. Barbour e, mais uma vez, está impecável em duas versões de si mesma, com idades diferentes. Jeffrey Wright, mesmo com pouco tempo de tela, entrega bastante sensibilidade e emoção ao dono da loja de antiguidades Hobie. Já o ator da versão mais velha de Theodore, Ansel Elgort – conhecido por seu personagem em Baby Driver – é ofuscado pelo talento do adolescente Oakes Fegley, intérprete do jovem Theo.
A arte é um dos principais temas desse drama. É bastante evidente a tentativa de prestar uma homenagem a pinturas reconhecidas, composições musicais clássicas e mobiliários antigos. Fotografia, trilha sonora, enquadramentos e planos buscam evidenciar e referenciar renomadas obras artísticas, incluindo-as sutilmente na jornada do protagonista de modo que façam sentido para o contexto do longa. Apesar da confusão de roteiro, o personagem principal é representado de forma sensível, com as devidas nuances de uma personalidade em amadurecimento e, ao mesmo tempo, atormentada. Pena que isso não seja suficiente para manter o espectador envolvido com o drama.
Uma frase: “Tudo é antes e depois. No meio está a pintura”.
Uma cena: O mergulho na piscina.
Uma curiosidade: A pintura apresentada no romance, O Pintassilgo, é obra de Carel Fabritius, de 1654. Pertence à coleção dos Mauritshuis em Haia, na Holanda. A autora do livro que deu origem ao filme, Donna Tartt, viu a pintura pela primeira vez 20 anos antes do lançamento.
O Pintassilgo (The Goldfinch)
Direção: John Crowley
Roteiro: Peter Straughan
Elenco: Oakes Fegley, Ansel Elgort, Nicole Kidman, Jeffrey Wright, Luke Wilson, Sarah Paulson, Willa Fitzgerald, Aneurin Barnard, Finn Wolfhard, Asleigh Cummings, Aimee Laurence e Halley Wist
Gênero: Drama
Ano: 2019
Duração: 149 minutos
A análise foi perfeita. Traduziu com fidelidade a percepção do espectador.