Crítica | John Wick 3 – Parabellum

Crítica | John Wick 3 – Parabellum

O terceiro capítulo da saga de John Wick – Parabellum (que pode ser entendido como “Ir a Guerra”) – é uma excelente forma de homenagear os bons filmes de ação do passado, mas vestindo uma roupagem moderna e elegante. Um filme simples, bem feito e que só precisa de um carro, cães e Keanu Reeves com algum objeto em mãos para fazer seu ingresso valer a pena.

Não preciso exagerar pra dizer que a franquia dirigida por Chad Stahelski (que é ex dublê e dirigiu os três filmes) é uma das maiores realizações entre os filmes de ação do cinema atual. A franquia está conseguindo expandir o universo ficcional de Wick, passeando por suas origens e indo além, se aprofundando no topo da organização.

Literalmente, John Wick está fazendo uma escalada para tentar sobreviver e a atitude mais inteligente no roteiro tem sido a de atiçar a curiosidade dos espectadores. A cada filme vamos descobrindo o que há por trás da organização que comanda o Hotel Continental.

Já sabemos que haviam russos e depois italianos (referências às organizações que encabeçam o submundo em algumas obras). Nesse filme há referências à guilda de assassinos do oriente médio, o que pode dar força a ideia de que isso é tão antigo a ponto de possuir uma economia paralela.

É interessante pensar que toda a história da franquia está acontecendo em torno de semanas: o filme começa exatamente onde terminou o anterior, com o nosso “assassino predileto” correndo contra o tempo de ser “excomunicado” pela organização, perdendo assim o acesso a qualquer ajuda ou recurso possível, além de ter a cabeça a prêmio. John precisa contactar antigos parceiros para permanecer vivo enquanto uma vasta rede criminosa está a sua caça.

A trama vai ganhando novos personagens cada vez mais interessantes. Dessa vez se juntam ao elenco Saïd Taghmaoui, Halle Berry, Angelica Huston, Mark Dacascos (saudosismo é pouco) e Asia Kate Dillon. A maior parte deles tem influência direta no presente e passado de John Wick e a história toma uma expansão digna do universo dos super heróis (talvez mais interessante).

As características mais potenciais são design de produção e fotografia, explorando o ambiente noturno de Nova Iorque cheia de luzes, cores, o caos do trânsito e noites vívidas nas cenas urbanas, mas ainda com um ar de sobriedade quando vista de cima. Os cenários são compostos por biblioteca, antiquário, bairros asiáticos e uma enorme sala minimalista onde tudo pode se tornar arma.

É atraente ver como as cenas de ação se desenvolvem tão bem em locais escuros, muitas vezes apoiados por luzes incandescentes, ou até mesmo, diálogos realizados nos cenários compostos por salas muito antigas, com paredes pretas e móveis de madeira, com iluminação amarelada no centro, dando um ar vintage ao ambiente. Existe uma mescla de tecnologias e mobílias mais antigas com espaços contemporâneos.

Por último e não menos importante: a ação! Parabellum é composto por mais embates que tempo de diálogo. Não tem câmera tremendo, não há flash atrapalhando a visão durante as lutas e os tiroteios não tem disparos a esmo. Além das armas de fogo, o uso de arma branca, e, há a novidade dos cães agindo em parceria com os atores. Não conseguia imaginar como cães treinados poderiam ser úteis em um tiroteio e até facilitam a ação. Não são apenas animais pulando na jugular de alguém, eles agem tanto na exposição dos inimigos quanto no abate.

Toda a ação é inteligente e elegante, a exposição é limpa, a sincronia com a câmera não deixa a desejar e passa um ar de realismo. A batalha filmada no antiquário é uma das mais impressionantes pela crueldade, enquanto a cena em que Keanu faz parceria com Halle Barry e seus cães, para mim, é a mais divertida. Não posso esquecer da briga contra o gigante Boban Marjanovic, jogador do 76ers, que é uma clara referência ao filme Jogo da Morte (1978), e ainda, os ninjas urbanos de Mark Dacascos.

John Wick: Parabellum é nitidamente uma experiência muito próxima ao que muitos já experimentaram em um vídeo game e possivelmente se perguntaram: por que não conseguem fazer isso no cinema? A violência continua absurda e o número de corpos espalhados só aumentam. Os que tiverem a sorte de assistir em salas com bom sistema de som irão se deleitar com os tiroteios (um absurdo essa frase, me perdoe, mas é verdade).

Talvez o universo “Wickiano” não seja interessante para a maioria das pessoas, mas o que importa? O filme é ótimo!


Uma frase: – Qual a probabilidade do sr. Wick sobreviver?
– Com 14 milhões de prêmio pela cabeça e a cidade atrás dele? 50%

Uma cena: Tiroteio com cães.

Uma curiosidade: “Si vis pacem, para bellum” (Se quer paz, prepare-se para a guerra).


John Wick 3 – Parabellum (John Wick: Chapter 3 – Parabellum)

Direção: Chad Stahelski
Roteiro:
Derek Kolstad, Shay Hatten, Chris Colllins e Marc Abrams
Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Mark Dacascos, Asia Kate Dillon, Lance Reddick, Anjelica Huston, Ian McShane e Halle Berry
Gênero: Ação, Crime, Thriller
Ano: 2019
Duração: 131 minutos

Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

2 comentários sobre “Crítica | John Wick 3 – Parabellum

  1. Uma crítica maravilhosa e mais que certeira para um filme que merece realmente todos estes elogios. Gostei muito mesmo da forma como usam cada cenário fazendo parecer mesmo como se fossem novas fases e onde cada objeto é uma arma, até mesmo um tapinha num cavalo.

  2. Que fotografia! Que cenários! Que cenas incríveis de ação! John Wick já entrou no meu top de franquias de ação. E, com certeza, este terceiro filme consolida e expande o universo da mitologia “wickiana”.

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