Crítica | Climax (2018)

Crítica | Climax (2018)

Sem dúvidas os filmes do diretor Gaspar Noé são provocadores, do tipo que é impossível para o espectador ficar indiferente ao que é apresentado na tela. O cineasta investe em trabalhos diferentes e com temáticas polêmicas e difíceis. Olhando dessa forma a proposta de Climax, seu trabalho mais recente, é bastante promissora. No entanto, o resultado final é um pouco decepcionante.

Climax começa com depoimentos de integrantes de um grupo de dança falando sobre suas expectativas e o que pensam da vida. O vídeo é mostrado em uma televisão “de tubo” e ao seu lado é possível ver algumas fitas VHS de filmes como Possessão de Andrzej Zulawski, Suspiria de Dario Argento e Eraserhead do David Lynch. Dessa forma, o diretor deixa clara as influências que estão presentes em sua obra cinematográfica.

A história se passa nos anos 1990 e mostra os dançarinos reunidos em um local para realizar ensaios para um espetáculo, que reflete a cultura de drogas e música eletrônica da época. As pessoas estão felizes e bem-humoradas, mas durante uma festa após a prática o clima muda radicalmente porque supostamente alguém colocou alguma droga na bebida.

O primeiro ato do filme é interessante e promissor mostrando o grupo de dançarinos realizando uma ótima coreografia que é filmada em um longo plano-sequência por Gaspar Noé. Em seguida as pessoas começam a interagir entre si e o resultado é entediante. Os diálogos parecem conversas captadas em um reality show tipo Big Brother. Nesse ritmo os ânimos começam a mudar, então de repente tudo se transforma em uma enorme histeria coletiva, que pode ser definida como uma longa “bad vibe” de drogas sem fim. Mesmo com apenas 96 minutos Climax parece interminável.

Entregar experiências incômodas faz parte da filmografia de Gaspar Noé, mas elas costumam vir juntas com algum tipo de reflexão sobre o tema ou sobre a sociedade como um todo. No entanto, as mensagens de Climax tem um teor meio “lição de moral” que não condizem com o estilo do cineasta.

A ideia de Climax é fazer uma mistura de dança com filme de terror, onde no lugar de monstros ou um assassino em série, temos pessoas em “transe” por efeitos colaterais de drogas. A forma como Gaspar Noé filma é interessante, usando longos plano-sequência, como se a câmera estivesse captando as imagens de forma documental do que está ocorrendo. No entanto, ao não desenvolver personagens razoavelmente atraentes fica difícil para o espectador criar empatia com algum deles e se importar com o “drama” no qual estão passando.

No final das contas a melhor forma de definir Climax é mesmo como uma longa e entediante “bad vibe” que não parece ter fim.


Uma frase: – “O que a dança significa para você?”

Uma cena: A cena de dança do grupo no começo do filme.

Uma curiosidade: Climax foi filmado em 15 dias com um roteiro de 5 páginas.

 


Climax

Direção: Gaspar Noé
Roteiro:
Gaspar Noé
Elenco: Sofia Boutella, Kiddy Smile, Roman Guillermic, Souheila Yacoub, Claude Gajan Maull, Giselle Palmer, Taylor Kastle e Thea Carla Schott
Gênero: Drama, Horror, Música
Ano: 2018
Duração: 96 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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