Crítica | Homem-Aranha no Aranhaverso

Crítica | Homem-Aranha no Aranhaverso

Em meio à grafites, adesivos e aulas em uma escola de elite em Nova Iorque, Miles Morales é picado por uma aranha exótica que lhe dá super poderes. Enquanto isso, um industrial com intenções malignas constrói uma máquina capaz de fundir mundos paralelos para trazer de volta sua esposa e filho, enquanto destrói a cidade. Morales – na roupa do Aranha – descobre-se como herói e se junta às Aranhas dos outros universos.

O filme tem uma pegada contemporânea da cultura Hip Hop em todos os detalhes, desde o traço estilizado em grafites espetacularmente coloridos até a trilha sonora, Aranhaverso consegue ambientar o clima urbano cultural do Brooklyn, e a vida agitada da megalópole através do olhar de Miles.

A nova franquia da Marvel acerta em praticamente tudo: As interações entre os personagens são boas até quando não são engraçadas, a personalidade de cada membro através das vozes e expressões bem detalhadas nos rostos (principalmente os olhos), a introdução e estilo de desenho de cada personagem quando estão adaptados ao universo que Miles Morales vive. Cores, sons, paisagens e ação. É um prazer ver algo tão bem feito e com conteúdo bem aproveitado.

Bat Caverna

Pontos Fracos:

  1. Apesar da quantidade de elogios em relação às cores e gráficos, no início do filme é um pouco confuso como isso se comporta na tela. Tive a sensação que o framerate tornava a movimentação dos personagens um pouco mais robótica, como se você estivesse assistindo um desenho e de repente percebesse os bonecos travando em alguns momentos, perdendo movimentação. 
  2. Infelizmente, o segundo ponto que estou prestes a comentar é outra queixa pessoal e que não interfere realmente no desenvolvimento do filme: Tudo é muito bonito, mas é muito rápido! Não existe espaço para apreciação (o que é compreensível por ser filme de ação). Honestamente, eu gostaria que lançassem um livro dos desenhos conceituais, por que tem muita coisa para ver e apreciar.

Pontos Fortes:

  1. Para mim em especial, o momento em que Miles se torna verdadeiramente um Homem-Aranha, com sua roupa própria, e realiza um Salto de Fé ao som de “Home”. Nesse momento podemos ver o garoto mergulhando entre prédios, mas eles também estão de cabeça para baixo. Chega a ser poético perceber em poucos segundos daquele momento através da composição de cena. É como se conectar a uma obra de arte. 
  2. Não posso deixar de mencionar as relações familiares entre Miles, seu pai e também seu tio. Para mim, como homem negro e que perdeu o contato com as relações paternais na mesma idade que o garoto, foi emocionante poder assistir como isso foi bem desenvolvido. É importante, sim, que homens negros possam ser apresentados como pessoas afetuosas, mesmo que em lados opostos da sociedade e em posições que comumente nos deixam vulneráveis. Mostrar homens negros presentes, preocupados com a educação de sua prole, ansiosos e tentando fazer com que eles não precisem assistir seus filhos passando por problemas parecidos aos da juventude e por conhecer os problemas que o “sistema” pode causar aos jovens, é tocante e necessário.

Sabe o que eu acho?

O filme é uma das melhores produções de 2018 e até o melhor filme de heróis do ano passado, sem dúvida. Acredito que o Globo de Ouro é merecido, mas ainda que não vencesse, não reduziria o valor que possui.


Uma frase: – Quando vou saber que estou pronto?

– É um Salto de Fé. Um salto de fé.

Uma cena: O Salto de Fé.

Uma curiosidade: O Homem-Aranha desse universo tem uma Bat Caverna.


Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider Man: Into the Spider Verse)

Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
Roteiro:
Phil Lord e Rodney Rothman; história de Phil Lord
Elenco: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Brian Tyree Henry, Lily Tomlin, Luna Lauren Velez, Zoë Kravitz, John Mulaney, Kimiko Glenn, Nicolas Cage, Kathryn Hahn, Liev Schreiber, Chris Pine e Natalie Morales (vozes em inglês)
Gênero: Animação, Aventura, Ação
Ano: 2018
Duração: 117 minutos


Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

5 comentários sobre “Crítica | Homem-Aranha no Aranhaverso

  1. Ainda não assisti, mas quero muito conferir. Acho interessante o sucesso que “Homem-Aranha no Aranhaverso” tem obtido na atual temporada de premiações, especialmente para quebrar o monopólio da Disney-Pixar nesta categoria.

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