Review | She-Ra e as Princesas do Poder

Review | She-Ra e as Princesas do Poder

A Netflix acertou em cheio com o reboot de She-Ra, agora chamado de She-Ra e as Princesas do Poder. A verdade é que a animação dos anos 1980 vivia na sombra de sua “versão masculina” He-Man e basicamente servia para vender bonecos e lições de moral para o público infantil. A versão criada por Noelle Stevenson abandona também o visual sexista, apresentando traços sem exageros nos corpos dos personagens, principalmente os femininos, apresentando um estilo que lembra vagamente animes.

A história é basicamente a mesma, mas a forma como ela é apresentada e desenvolvida é muito mais interessante e inteligente. Estamos novamente no planeta de Etheria e a protagonista da história continua sendo Adora, uma adolescente que foi levada ainda bebê pela Horda e treinada para lutar contra as princesas. A garota acredita estar fazendo a coisa certa, mesmo morando em um lugar chamado de Zona do Medo.

No entanto a situação muda de figura quando Adora sai em sua primeira missão liderando um grupo da Horda para lutar contra a rebelião as princesas, que ela acredita serem malvadas. A garota conhece a princesa Cintilante e Arqueiro, amigos que fazem parte da rebelião. Os três se cruzam e a dupla mostra a “realidade” para Adora.

Basicamente temos uma luta do bem contra o mal, mas a narrativa não torna esse conflito em algo simplista. O grande trunfo é a relação entre os personagens. A mais importante é o relacionamento entre Adora e Felina. As duas estavam juntas no treinamento da Horda e cresceram praticamente como irmãs. Contudo Adora era a “queridinha” de Sombria, responsável por elas e uma espécie de figura materna das garotas. Então existe um sentimento de ciúmes e de ser o “2º lugar” muito forte por parte de Felina. Dessa forma, quando a protagonista muda para o lado as princesas rebeldes, Felina aproveita para assumir seu protagonismo como “vilã” e mostrar todo o seu potencial. Esse conflito entre Adora e Felina é que transforma a trama em algo mais complexo e interessante.

A jornada de heroína de Adora também não é fácil. Quando ela encontra a espada e se transforma em She-Ra, uma “entidade” milenar entre as princesas que é responsável por manter o equilíbrio de Etheria, terá que lidar com a responsabilidade ser a “escolhida”. E isso não vai ser uma tarefa fácil, já que a adolescente passou toda a sua vida treinando para fazer parte da Horda, então agora terá que lidar com um novo objetivo de vida.

Durante essa jornada Adora tem a companhia de Cintilante e Arqueiro, e esses 3 personagens tem os melhores momentos da animação. No início a protagonista é vista como uma vilã, mas aos poucos eles se tornam grandes amigos, e a forma como essa amizade é construída é um dos grandes atrativos da série.

Em seus 13 episódios, She-Ra e as Princesas do Poder apresenta o universo de Etheria e todos os seus personagens de maneira satisfatória. Além de Adora, Cintilante e Arqueiro, os 3 encontram outros personagens muitos interessantes e divertidos, principalmente as princesas, e claro, Sea Hawk – um pirata que rouba a cena sempre que aparece.

Uma decisão inteligente também é apresentar um certo mistério em torno de Hordak, o líder da Horda. Dessa forma ele representa algo mais ameaçador, que com certeza será explorado na próxima temporada da animação.

She-Ra e as Princesas do Poder funciona muito bem tanto para quem acompanhou a animação dos anos 1980, mas principalmente para a nova geração que recebe uma série divertida e inteligente, capaz de apresentar personagens interessantes e levar o espectador em uma jornada emocional criando uma conexão com todos os envolvidos na narrativa.



She-Ra e as Princesas do Poder – 1ª Temporada

Criado por: Noelle Stevenson
Emissora: Netflix
Elenco: Aimee Carrero, Karen Fukuhara, AJ Michalka, Marcus Scribner, Reshma Shetty, Lorraine Toussaint e Keston John
Ano: 2018

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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