Crítica | Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

Crítica | Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

Podres de Ricos segue os passos da nova-iorquina Rachel Chu (Wu) em sua viagem a Singapura para acompanhar o namorado Nick Young (Golding), com quem tem um relacionamento de longa data, à festa de casamento do melhor amigo dele. Animada com sua primeira visita à Ásia, mas também um pouco nervosa por conhecer a família de Nick, Rachel está totalmente despreparada para lidar com alguns detalhes importantes que Nick “esqueceu” de contar sobre a vida dele.

O filme é algo inexplicável.

Eu sei que existem pessoas que vivem daquela maneira, numa mistura fantasiosa de ostentação e futilidade, mas é algo tão fora da realidade que chega a ser estranho e fantástico ao mesmo tempo. Podres de Ricos não é apenas uma comédia romântica sobre uma Cinderela que encontra o príncipe encantado, mas uma porta aberta para uma vida a qual não estamos habituados a assistir.

Abraçando personagens caricatos e muito carismáticos, com trilha sonora toda cantada em cantonês (eles adaptaram várias músicas “boomer” americanas), Podres de Ricos está fazendo jus ao sucesso nas bilheterias americanas e se tornou a sensação do último verão. Um filme divertido e com muitas cenas exóticas. Além do mais, produzir esse filme é uma vitória histórica.

Vale a pena conferir!

Sabe o que eu acho?

Podres de Ricos traz um contexto em que podemos ver asiáticos vivendo como brancos, usando o vernáculo e agindo como afro-americanos, e, explorando traços multiculturais de um povo que também é parte de uma minoria de imigrantes, mas está presente na história americana há muito tempo. Ao mesmo tempo em que isso é bom também se torna um ponto ruim, já que o diretor poderia ter abraçado esse público de cultura muito rica e assim representar bem a necessidade de diversificar.

Logo, explorar a hipervisibilidade negra para fazer sucesso soa até como apropriação cultural e acredito que é desnecessária. Soa como um menestrel.

Isso é um grande problema em Hollywood, e, particularmente nesse filme da Warner, que tenta vender uma ideia de que está se afastando de uma hegemonia branca, mas explora um conceito de negritude para vender um filme que abraça o sucesso do cinema sobre minorias. Além do mais, o filme explora um conceito centralizado nas minorias, mas trabalha com a ideia de que o que vende mesmo é riqueza, sensualidade e uma classe dominante que não representa o verdadeiro público, tudo isso em um momento em que a desigualdade, a desconstrução das diferenças sociais e de classe estão em negação.


Uma frase: “Deixe-me ver se entendi. Vocês dois foram para a mesma escola. No entanto, alguém voltou com um grau que é útil, e o outro voltou como Ellen Degeneres Asiática?”

Uma cena: A entrada da noiva no casamento

Uma curiosidade:  O filme é baseado em um livro. O diretor garante que conhece pessoas que vivem daquela maneira.


Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Kevin KwanAdele LimPeter Chiarelli
Elenco:  Constance WuHenry GoldingMichelle Yeoh, Gemma Chan, Lisa Lu, Awkwafina e Ken Jeong 
Gênero: Comédia, Romance
Ano: 2018
Duração: 120 minutos

 


Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

3 comentários sobre “Crítica | Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

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