Criando meu Primeiro Game – Parte 2: Tutoriais Mágicos e a Síndrome dos Objetos Brilhantes
Depois do comprometimento online que fiz nesse glorioso sítio, de que sim, vou criar meu primeiro game e vai ser muito legal (spoilers: não vai!) é hora de apresentar o resultado dos meus estudos iniciais. Escolhas que foram feitas (ou não) e, claro, trazer um pouco de acolhimento aos corações que esperam, mais uma vez no local errado, por motivação para seguirem com o seu sonho de se tornar um Game Designer.
Existe um lugar ~bonito e tranquilo pra gente se amar~ onde tudo caminha de forma rápida, fácil e certa e é lá que a gente quer chegar. E ele fica logo ali, na sessão “aprenda” ou “crie seu primeiro jogo” dos sites das diversas engines. O problema é que esses tutoriais são mágicos e a única coisa que eles fazem com sucesso é iludir pois, amigos, a opção para animar o seu sprite fica sempre mais embaixo.
De fato, para ter alguma noção de onde se está pisando (só depois de um tempo você irá descobrir que, na verdade, é um campo minado de decepções), é preciso atravessar essa barreira dos tutoriais das engines para conhecer um pouco de como ela funciona e como fazer o seu boneco dar um salto duplo ou coletar itens.
Tutoriais Mágicos ou Cursos online?
Após ter metido as caras em muitos tutoriais iniciais de algumas engines e linguagens, me senti ainda sem condições de começar de verdade um novo game. De pegar alguma das minhas ideias GENIAIS e fazer aquele jogo que, com toda certeza, vai ser muito legal. Resolvi então arriscar algum curso para a engine Unity que julguei, depois de muito vai e vem, ser a mais completa para os meus anseios.
Para cada um funciona de uma forma diferente, mas para mim especificamente, o ato de ter que seguir um cronograma, ter uma sequência de vídeos com metas bem definidas, possíveis e reais de aprendizado, onde você vai metendo mão enquanto acompanha, ajuda bastante a chegar lá. Tem vários gratuitos na internet? Tem sim, mas cair no mundão do YouTube me dispersa. Acredito que futuramente quando tiver alguma dúvida mais específica e que se resolva em um fórum ou um vídeo apenas, aí sim, será hora de abraçar a comunidade e o livre (e grátis!) conhecimento.
Após terminar a fase 3 de 8 do curso que comprei, já aprendi alguns conceitos básicos e começo a ter o desenho inicial de como as coisas devem seguir. É importante ter noção de como tudo se conecta, ou pode se conectar. A cada “fase” do curso se completa um game. Bom, por enquanto não são games como imaginamos ou gostaríamos, com saltos mortais e bolas de fogos flamejantes, mas o conceito de JOGO é bem amplo e até mesmo uma aventura em texto é um jogo, não é?
O brilho Godot
Existe um conceito chamado “Síndrome dos Objetos Brilhantes” e eu (e aposto que muita gente também) sofre bastante com isso. De forma resumida, é a mania de se sentir atraído por novidades. Comecei a ler sobre Unity anos atrás e vi que tinham engines todas baseadas em javascript (uma linguagem de programação). O que eu fiz? Fui lá conferir. Não uma ou duas, logo umas três de vez. Isso complica demais para quem quer manter o foco em um objetivo e o meu, por mais claro que seja, estava sempre ficando de lado porque sempre existia alguma coisa brilhando logo ali que parecia ser mais interessante e mais legal do que a atual que estava estudando.
O último objeto que brilhou (e brilhou forte) foi a engine Godot. Ela tem um conceito muito interessante (e lá vamos nós…) em que a construção dos objetos e cenas seguem um conceito de nós que formam árvores e por aí vai. Teoricamente o 2D dele é um TRUE 2D e não armengado (a.k.a. gambiarra) como é (era?) na Unity.
Apesar de ter me balançado bastante com as maravilhas do Godot, vai ser algo que vou deixar mais pra frente já que voltei o foco com força total no curso que, em mais duas “etapas”, já me deixará pronto para fazer algum game mais simples por completo. Vai ser simples e feio, mais vai ser muito legal (¯\(ツ)/¯).
Eu sou um Game Designer (?!)
Paralelo a todas essas andanças, cursos e tutoriais, googlando por aí cheguei até um livro que explica os conceitos (essenciais?) básicos para que você se torne um Game Designer. O nome do livro é “Art of Game Design” e tem ajudado bastante a pensar nos alicerces de um bom jogo.
Aprendi alguns conceitos bem interessantes como o da figura abaixo e, o melhor, o autor nos convida a fazer o seguinte exercício em determinada parte do livro: repetir para si mesmo e para qualquer um que me perguntar que sim, eu sou um game designer. É tipo um Inception, aquela semente que vamos plantar no subconsciente para que a ideia se torne “real”, apesar de mais parecer aquela onda de que quando se repete uma mentira várias vezes, até você mesmo começa a acreditar nela.
É um livro que vai ser mais útil (acredito eu) quando, finalmente, resolver apertar “novo projeto” à vera, sem essa de colocar um “Hello, Word!” ou o nome daquele jogo de tutorial que só vamos seguir os passos e fazer o game (sem graça) que outros fizeram para nos ensinar conceitos e afins. E isso vai acontecer na Unity se o Godot ou sei lá mais o que deixar…
Próximos passos!
Para acelerar a corrida rumo ao meu primeiro game, de verdade, que vai ser muito legal (¯\(ツ)/¯), estou considerando fortemente entrar numa Game Jam – uma espécie de maratona/gincana em que você precisa produzir um game em um determinado tempo (geralmente poucos dias) seguindo um tema escolhido – , sozinho mesmo, fazer um projeto e entregar algo. Ainda que não seja polido, divertido ou minimamente aceitável para os piores padrões que possam existir, vai ajudar a concretizar mais e sonhar menos.
No próxima parte trarei aqui a minha experiência numa Game Jam. Dando certo ou dando errado, e logo adianto, tudo indica que vai dar errado e da pior maneira possível, vai ser bom para conseguir visualizar no que preciso melhorar e focar. Aliás, foco é algo que todos nós precisamos em tempos em que, a cada aba que se abre no navegador, surgem objetos brilhantes clamando por nosso tempo e atenção.
Continue! Quero jogar 😀
Pobre alma, pelo menos você vai poder rir de mim hehehe