Crítica | O Presente

Crítica | O Presente

Alguns filmes tem a intenção de dar sustos e outros de manter a atmosfera de terror a todo o instante. Você pode ser surpreendida com um vulto, uma trilha sonora que aumenta de repente ou sangue jorrando em cada cena do filme ou quem sabe se surpreender com um medo que não é bem medo, é um suspense sutil com as informações jogadas pouco a pouco. Em O Presente encontramos ótimas doses de suspense embora tenha passado pelos nossos cinemas sem alardes e acabou subestimado.

O filme é protagonizado pelo casal Simon e Robyn finalizando a mudança para uma nova cidade por conta de um salto profissional dele. Eles vão para uma linda e moderna casa, toda de vidro e que apesar de parecer aconchegante inicialmente vai se revelando um lugar frio e sem vida. Como aquelas casas montadas para revistas mas que dificilmente imaginamos alguém morando no local. Durante uma tarde de compras em uma loja local, o casal é surpreendido por um antigo colega de escola de Simon, conhecido como Gordo, e acaba convidado para jantar com eles. A partir daí, a trama se desenrola e os papéis de herói e vilão vão se alternando a todo momento.

A presença de Gordo na vida do casal é constrangedora. Uma pessoa que parece ser muito carente e aborda o casal, especialmente Robyn,  é inconveniente e deixa o expectador irritado em determinados momentos. Mas com tanta insistência e presentes descabidos, será que Gordo é uma ameaça real ou apenas um medo equivocado de Simon? Como frear essa aproximação? Um dos pontos mais fortes de O Presente é exatamente esse desconforto causado pelas ações de Gordo e nossa mudança de perspectiva por mais de uma vez. Quem realmente é o vilão? Será que Simon não é um narcisista capaz de achar que todas as atenções são voltadas pra ele, a inveja pelo que tem ou vai conseguir? Será que Gordo é um psicopata que está prestes a cometer um ato hediondo?

Quanto mais conhecemos Simon menos gostamos dele e Gordo parece um mentiroso full time. A dinâmica de ambos funciona muito bem enquanto Robyn, uma personagem tão cheia possibilidades, acaba sendo deixada de lado. Seria muito bom se abordassem melhor o problema dela com os remédios, a depressão e a co-dependência do marido bem sucedido. Não vou me aprofundar muito nos outros questionamentos levantados pelo filme para não estragar a experiência. O final é aberto e ficamos com uma dúvida muito forte no ar mas que pode ser facilmente resolvida pelos protagonistas. Mas a que custo? A vida nunca mais será a mesma… pra nenhum deles.


Título original: The GiftThe_Gift_2015
Título nacional: O Presente
Gênero: Suspense
Ano: 2015
Duração: 1h48min
Diretor:  Joel Edgerton
Roteiro: Joel Edgerton
Elenco:  Jason Bateman, Rebecca Hall, Joel Edgerton



 

Dani Vidal

Uma criatura meio doida que lembra a irmã do Ferris Bueller, finge que é nerd, adora filmes de terror mas tem medo de comédias românticas.

3 comentários sobre “Crítica | O Presente

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *