Crítica | Assassin´s Creed

Crítica | Assassin´s Creed

É preciso de um grande salto de fé para conferir Assassin’s Creed nos cinemas. Principalmente, depois de toda a enxurrada de críticas negativas que não param de pipocar. Com um elenco de ponta encabeçado por nomes como Fassbender e Cotillard e boas cenas de ação e efeitos visuais competentes, é muito frustrante ver tanto potencial desperdiçado em uma trama tão boba, sem o mínimo de apelo emocional ou inteligência.

O problema principal do filme está mesmo no roteiro. As situações propostas são bastante frágeis. Elas tentam se segurar numa luta secular entre um “Credo” de assassinos e os Templários que querem descobrir onde está a pokebola Maçã do Éden que tem um código secreto que pode decretar o fim da “liberdade dos homens”. É isso mesmo.

Fassbender se esforça para tornar o seu personagem crível (fez quase todas as cenas de ação sem dublês) e tentar trazer alguma empatia no seu anti-herói Cal Lynch, que descobre através de uma organização poderosa – que possui uma tecnologia capaz de fazer “reviver” o passado dos seus ancestrais através de seu código genético – ser de uma linhagem antiga de assassinos. Cotillard atua no automático e Jeremy Irons faz o que sempre faz em filmes fracos: se abraça a ruindade do roteiro e recebe seu cheque. O restante do elenco ou tem pouco tempo de tela, ou lhe falta espaço para entregar melhores atuações.

Não tenho muito o que comentar sobre as comparações com a história apresentada nos games da Ubisoft, uma vez que devo ter mais tempo de filme do que de gameplay em Assassin’s Creed. Independente deste comparativo, é mais um grande exemplo de como potencial não necessariamente se converte em qualidade. Poderia ser escalado um time de atores quaisquer que o resultado seria o mesmo. Tudo é “amarrado” em uma narrativa tão megalomaniacamente boboca que merecia ganhar o troféu Dan Brown de qualidade.

Os obstáculos na jornada dos protagonistas são fáceis demais e algumas situações são inacreditavelmente ruins, o que deixa o clímax do filme praticamente irrelevante para o espectador. Não há mesmo o que se fora “temer” quando fugir e viver nas sombras é correr em um campo totalmente aberto e ser pego anos depois condenado por homicídio ou quando se é revelado o principal “mistério” da trama e você se sente tal qual quando descobre que a caneta que ‘sumiu’ estava, o tempo todo, na sua mão. É com essa cara que você fica quando Cotillard faz uma ‘jogada’ igual a sua última cena no Cavaleiro das Trevas Ressurge no desfecho do filme que, por sinal, é uma das coisas mais pavorosas já realizadas.

O pior de tudo é ver, mais uma vez, um grande potencial daquele que tinha tudo para ser uma grande adaptação dos games para as telonas desperdiçado em um roteiro que merecia mais dedicação e soluções mais inteligentes e menos “o destino da humanidade nas mãos de um sujeito que não tem cara que pode salvar o mundo e que, apesar de recomendarem ele escolher frango pede bife, mas no final a gente sabe que, provavelmente, vai salvar”.

O encerramento de Assassin’s Creed deixa portas abertas para uma continuação que, se acontecer, aí sim teremos um dos maiores saltos de fé da indústria do cinema. 


Uma frase: “Agora eu me torno a Morte, a destruidora de mundos.”

 

 

Uma curiosidade: Michael Fassbender nunca tinha ouvido falar nos jogos do Assassin´s Creed até o dia que foi contratado para fazer o filme


Assassin’s Creed

Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper
Elenco: Michael Fassbender, Martion Cotillard, Jeremy Irons
Gênero: Ação/Aventura/Fantasia
Ano: 2016
Duração: 115 minutos.
Info: IMDb

 

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

4 comentários sobre “Crítica | Assassin´s Creed

  1. Essa frase “Os obstáculos na jornada dos protagonistas são fáceis demais e algumas situações são inacreditavelmente ruins, o que deixa o clímax do filme praticamente irrelevante para o espectador. ” é o que foi o filme pra mim. Achei meio sem climax mesmo. Eu fui com muito pé atrás, achei que ia ser horrível (como achei Esquadrão), mas acho que por ISSO eu não achei tão horrível. Eu não tenho muitas horas de jogo também, mas algumas coisas como a água para passar o tempo por exemplo achei interessante, mas usada em excesso kkkkk

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