Crítica | Capitão Fantástico

Crítica | Capitão Fantástico

 

Não é todo dia que temos a chance de conferir um filme tão acima da média como Capitão Fantástico. Mesmo com algumas falhas, ele nos oferece uma experiência diferente e enriquecedora. Ele apresenta e debate ideias e nos faz refletir sobre elas. E sem esquecer do humor e da emoção.

Ben é um pai que decidiu criar os filhos de uma maneira corajosa e inusitada. Morando em um floresta afastada da cidade, Ben educa a mente e o corpo dos seus filhos do jeito que ele considera correto: oferecendo clássicos da literatura e livros técnicos aprofundados, estimulando conversas inteligentes, desconsiderando qualquer assunto como tabu, fazendo exercícios físicos rigorosos e evitando o modo de vida capitalista sempre que possível.

Ele quer criar filhos capazes de pensar por eles mesmos.

A rotina seguia como de costume até que um fato que prefiro não revelar os faz tomar o rumo da cidade grande.

Durante um jantar em família percebemos que a educação imposta por Ben trouxe um conhecimento de mundo invejável para os seus filhos, mas temos dúvidas de que eles conseguiriam viver em sociedade.

Algumas sequências investem no humor do “peixe fora d’água” e garantem risadas, mas o roteiro também é capaz de puxar para o lado do drama sem soar tão forçado.

Não dá para dizer que existe um vilão em Capitão Fantástico. O sogro de Ben nada mais é do que um avô receoso pelo futuro dos netos. Quem poderia condená-lo?

Talvez o que mais me agrada em Capitão Fantástico é que ele consegue expor suas ideias mostrando o lado positivo e o negativo da educação proposta por Ben. Cabe a nós concluirmos que o meio-termo é sempre a melhor opção, inclusive na paternidade.

E para completar, temos aqui a provável mais bela versão já feita da clássica Sweet Child O’ Mine.


Uma frase: – O que é coca cola? – Água envenenada. 

Uma cena: O pedido de casamento mais absurdo dos últimos tempos. E engraçado. 

Uma curiosidade: A graphic novel que um dos filhos está lendo em um dado momento é MAUS, de de Art Spiegelman.

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Capitão Fantástico (Captain Fantastic)

Direção: Matt Ross
Roteiro: Matt Ross
Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler
Gênero: Comédia/Drama
Ano: 2016
Duração: 118 minutos.
Info: IMDb

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

12 comentários sobre “Crítica | Capitão Fantástico

  1. Eu assisti o filme e também achei sensacional.
    Acho que os filhos conseguiriam viver em sociedade sem problemas.
    O problema é se a sociedade iria aceitá-los, já que eles são “diferentes”. E isso sempre assusta.

        1. Tive a impressão que isso era mais resultado de personalidade do personagem. Bo é claramente o romântico ali. Não por acaso é o marxista (bem, maoísta, na verdade). Mas no caso do Rell, por exemplo, acho difícil que ele tivesse uma atitude similar. Enfim, já tive amigos, criados no “mundo normal” que fariam – alguns até fizeram – coisa similar.

  2. Eu só acho que o Avô deles, apesar de ter a razão, não escolheu a melhor forma e a mais humana para poder “cuidar dos netos”. O estilo de vida não foi exclusivo do genro dele, a filha dele também incentivou e implantou. Não condeno a ideia de que os filhos “no mato” estava correndo muitos riscos etc, porém, eu condeno a forma como o avô agia com o genro.

    Mas o que gosto do filme é que ele é muito mais uma história de família e que, no final, se encontra um equilíbrio interessante das coisas, do que alguma doutrinação sociológica ou qualquer coisa assim.

    Sem dúvidas, um dos melhores do ano.

    1. Eu tive a impressão também que a principal bronca do personagem de Langella (que ator!) foi mais pela merda do personagem de Viggo Mortensen (que ator também! Nem a voz de funhem estrega o trabalho dele) de achar que poderia resolver um problema psiquiátrico sem um tratamento farmacológico pelo menos associado. Ele mesmo reconhece isso no final. E esse reconhecimento é recompensado pela reconciliação com Rell – que de certa forma é a bússola moral dá história – no final. É isso que leva a família a se reunir, e, provavelmente o que leva à “mudança” dele no final. Não que ele aceite aquele paradigma, mas ele passa a reconhecer que é preciso ouvir também àqueles com quem ele divide suas vidas. Os seus filhos, pelo menos os mais velhos, capazes de fazer algumas escolhas conscientes.

      O verdadeiro do tema é esse: família, perda, reconciliação, mudança e escolhas.

  3. me surpreendi, pelo simples fato de não ser o tipo de filme que assistiria, acabei gostando muito do resultado final em que a história nos levou, me divertir muito ao longo do filme, pra mim o melhor filme que vi em 2016 sensacionalmente Excelente….

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